A Revue Spirite
de 1865
Allan Kardec
(Parte
20 e final)
Concluímos nesta edição
o
estudo da Revue
Spirite
correspondente ao ano de
1865. O texto condensado
do volume citado foi
aqui apresentado em 20
partes, com base na
tradução de Júlio Abreu
Filho publicada pela EDICEL.
Questões preliminares
A. O repouso eterno após
a morte é um fato ou uma
quimera?
Dissertando sobre a vida
dos Espíritos, o
Espírito de Sonnez
afirma que o repouso
eterno que os homens
esperam encontrar após a
morte é uma quimera. O
repouso eterno não
existe; aliás, nada no
mundo goza de repouso,
nem as montanhas, que
parecem estar numa
imobilidade eterna. Como
a perfeição é o objetivo
da criação, para
atingi-la, todos –
átomos, moléculas,
minerais, animais,
planetas e Espíritos –
se empenham num
movimento incessante. A
vida espiritual é,
assim, uma atividade
incessante.
(Revue Spirite de 1865,
pp. 342 e 343.)
B. Pode-se dizer que o
Espiritismo é uma
crença?
Sim; pelo menos é isso
que Kardec dizia. O
Codificador escreveu que
o Espiritismo é uma
crença, e quem quer que
creia na existência e na
sobrevivência das almas,
e na possibilidade de
relações entre os homens
e o mundo espiritual, é
espírita. Muitos o são
intuitivamente, sem
jamais terem ouvido
falar de Espiritismo ou
de médiuns. É-se
espírita por convicção;
assim, não é necessário
fazer parte de uma
sociedade para sê-lo, e
a prova disso é que nem
a milésima parte dos
adeptos frequenta
reuniões.
(Obra citada, pp. 353 a
356.)
C. Os incrédulos quando
desencarnam mudam de
opinião?
Segundo Kardec, quando
os incrédulos
desencarnam são
evidentemente forçados a
reconhecer que ainda
vivem, que a vida
continua e que, como
Espíritos que são, podem
comunicar-se com os
homens. Mas sua
apreciação do mundo
espiritual varia, em
razão de seu
desenvolvimento moral,
de seu saber e da
elevação de sua alma.
(Obra citada, pp. 366 a
372.)
Texto para leitura
234. O Espírito de São
Bento, reportando-se ao
assunto, confirmou o que
acima foi dito, isto é,
que a punição de
Nabucodonosor não é uma
fábula. Sob o domínio de
um perseguidor
invisível, ele ficava
privado por algum tempo
do livre exercício de
suas faculdades
intelectuais e agia como
um animal, o que
transformou o poderoso
déspota em objeto de
piedade para todos,
porquanto a Providência
o tinha ferido no seu
orgulho. (Págs. 337 e
338.)
235. Um assinante de
Paris, referindo-se à
mediunidade do vidente
de Zimmerwald, lembra em
carta dirigida à
Revue a semelhança
entre as faculdades do
vidente e as de José, o
chanceler do Egito. “O
gênero de mediunidade
que assinalais – conclui
o leitor – existia,
pois, entre os egípcios
e os judeus.” Kardec
concorda com a
observação e reitera sua
afirmação de que o
Espiritismo não
descobriu, nem inventou
os médiuns, mas
tão-somente as leis da
mediunidade. Eis por que
é ele a verdadeira chave
para a compreensão do
Antigo e do Novo
Testamento, onde abundam
fatos desse gênero.
(Págs. 339 a 341.)
236. O Espírito de
Sonnez, falando sobre a
vida dos Espíritos, diz
que o repouso eterno que
os homens esperam
encontrar após a morte é
uma quimera. O repouso
eterno não existe;
aliás, nada no mundo
goza de repouso, nem as
montanhas, que parecem
estar numa imobilidade
eterna. Como a perfeição
é o objetivo da criação,
para atingi-la, todos –
átomos, moléculas,
minerais, animais,
planetas e Espíritos –
se empenham num
movimento incessante. A
vida espiritual é,
assim, uma atividade
incessante. (Págs.
342 e 343.)
237. Na seção de livros,
a Revue informa
que estava no prelo,
para sair em poucos
dias, a 3a
edição de O Evangelho
segundo o Espiritismo,
revista, corrigida e
modificada. (Pág.
343.)
238. O número de
dezembro de 1865 começa
com um apelo de Cárita,
a eloquente e graciosa
pedinte, em favor dos
pobres de Lyon. Depois
de transcrever a
mensagem assinada por
esse Espírito, Kardec
acrescentou: “É com
felicidade que nos
fazemos intérpretes da
boa Cárita e esperamos
que ela não tenha dito
em vão: abri-me! Se ela
bate à porta com tanta
insistência, é que o
inverno aí bate por seu
lado”. (Págs. 345 a
347.)
239. Em seguida, a
Revue noticia a
abertura de uma
subscrição pública no
escritório da Revue
Spirite em benefício dos
pobres de Lyon e das
vítimas do cólera. O
montante das somas
recebidas e sua
distribuição seriam
submetidos ao controle
da Sociedade Espírita de
Paris. (Pág. 347.)
240. Em um artigo sobre
romances espíritas,
Kardec destaca dois
deles: Espírita
(traduzido no Brasil
como O Ignorado Amor),
escrito por Théophile
Gautier, e A Dupla
Vista, de Élie
Berthet, no qual critica
apenas o fato de haver
apresentado a faculdade
da dupla vista como uma
doença. “Podem fazer-se
romances sobre o
Espiritismo, como sobre
todas as coisas”,
assevera Kardec. Quando
o Espiritismo for
conhecido e compreendido
em sua essência,
fornecerá às letras e às
artes fontes
inesgotáveis de
deslumbrante poesia.
(Págs. 347 a 353.)
241. A Revue
transcreve duas cartas
dirigidas por um de seus
assinantes, o Sr. Blanc
de Lalésie, aos jornais
Le Temps e
Univers Illustré. Em
ambas o missivista
protesta contra as
críticas injustas que
vinham sendo neles
publicadas
reiteradamente contra o
Espiritismo. A propósito
dessas cartas, Kardec
tece algumas
considerações inéditas
que importa enfatizar: I
– O Espiritismo é uma
crença. II - Quem quer
que creia na existência
e na sobrevivência das
almas e na possibilidade
de relações entre os
homens e o mundo
espiritual, é espírita,
e muitos o são
intuitivamente, sem
jamais terem ouvido
falar de Espiritismo ou
de médiuns. III – É-se
espírita por convicção.
Por isso, não é
necessário fazer parte
de uma sociedade para
sê-lo, e a prova é que
nem a milésima parte dos
adeptos frequenta
reuniões. (Págs. 353
a 356.)
242. O relato de como a
mediunidade da
psicografia eclodiu numa
jovem camponesa, quase
iletrada, da pequena
aldeia de E...,
departamento de Aube,
levou Kardec a revelar
uma informação até então
inédita. “Não conhecemos
– disse o Codificador –
um único gênero de
mediunidade que não se
tenha revelado
espontaneamente, mesmo o
da escrita.” (Págs.
357 a 359.)
243. Sob o título “Um
camponês filósofo”, a
Revue publica o
relato que o Sr. Delanne
fez a respeito de duas
brochuras escritas e
publicadas por um
vinhateiro do interior
da França, as quais têm
por objeto: Deus, os
anjos, as almas dos
homens, a alma animal,
as forças físicas, os
elementos, a organização
e o movimento. O autor
era um humilde artesão
que vivia da venda de
legumes e outros
produtos agrícolas.
Examinando trechos das
duas obras, reproduzidos
pela Revue,
Delanne chama a atenção
para as ideias de alto
alcance filosófico nelas
contidas, o que
demonstra que seu autor
era alguém possuidor de
bagagem cultural formada
em existências
anteriores, visto que
nesta ele mal cursara a
escola de sua aldeia.
(Págs. 359 a 365.)
244. Tendo esses fatos
sido discutidos na
Sociedade Espírita de
Paris, um Espírito que
se intitulou Luís de
França confirmou o
pensamento de Delanne e,
reportando-se a uma
conhecida frase de
Jesus, revelou que, como
ao tempo do Cristo, que
quis honrar e erguer o
trabalhador escolhendo
nascer entre os
artífices, os anjos do
Senhor recrutavam agora
seus auxiliares entre os
corações simples e
honestos e os homens de
boa vontade que exercem
as mais humildes
profissões. (Págs.
365 e 366.)
245. Quando os mais
incrédulos e obstinados
desencarnam, são
evidentemente forçados a
reconhecer que ainda
vivem, que a vida
continua e que, como
Espíritos que são, podem
comunicar-se com os
homens. Sua apreciação
do mundo espiritual
varia, porém, em razão
de seu desenvolvimento
moral, de seu saber, da
elevação de sua alma.
Após essas
considerações, Kardec
transcreve na Revue
quatro comunicações
de pessoas bastante
esclarecidas, embora
incrédulas quando
encarnadas, e que,
situadas agora no mundo
espiritual, reconhecem o
erro em que incidiram na
existência recém-finda.
(Págs. 366 a 372.)
246. Duas comunicações
do Espírito de Baluze
sobre o estado social da
mulher e a influência
que o Espiritismo exerce
e exercerá sobre a
família encerram a
Revue de 1865. “As
mães – diz Baluze –
serão realmente mães;
penetradas do espírito
espírita, serão a
salvaguarda das filhas
amadas. Ensinando-lhes o
papel magnífico que
estão chamadas a
desempenhar, dar-lhe-ão
a consciência de seu
valor.” (Págs. 373 a
377.)