MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Entre a Terra e o Céu
André Luiz
(Parte
35)
Continuamos a apresentar
o
estudo da obra
Entre a Terra e o Céu,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1954 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Odila contou à
Zulmira a verdade sobre
a identidade do menino
Júlio?
Sim. Ela explicou à
Zulmira que pesados
compromissos com o
pretérito obrigaram-no a
aceitar as dificuldades
do momento, tendo a
existência frustrada por
duas vezes, a fim de
valorizar, com
segurança, a bênção da
escola terrestre. "O
corpo de carne é uma
veste que o nosso Júlio
usou de dois modos
diferentes, por nosso
intermédio”, aduziu
Odila, que depois
acrescentou: "Como
vemos, somos duas mães,
partilhando o mesmo
amor".
(Entre a Terra e o Céu,
cap. XXXVII, págs. 242 a
244.)
B. Qual foi a reação de
Zulmira ante a revelação
recebida?
Ela se calou, pois
percebia agora que a
Bondade Divina reúne as
almas nos mesmos laços
de trabalho e esperança
do caminho redentor.
Recordou, então, a
animosidade que
experimentara por Júlio,
logo após seu casamento,
e seu ciúme diante das
atenções que Amaro lhe
dispensava, e reconheceu
que a Providência
Divina, ligando-o ao
coração de mãe, lhe
sublimara os
sentimentos. Agora
sentia por ele
inexpressável carinho e
iluminado amor. De
espírito assim
transformado, via em
Odila não mais a rival,
mas a benfeitora que lhe
seguira de perto a
transfiguração.
Enlaçou-se então a ela,
em pranto silencioso,
qual se lhe fora filha a
ocultar-se nos braços
maternais, e Odila,
imensamente comovida,
correspondia-lhe às
manifestações afetivas,
afagando-lhe os cabelos.
(Obra citada, cap.
XXXVII, págs. 244 e
245.)
C. No dia seguinte, ao
acordar, Zulmira
lembrou-se de ter visto
o filho?
Sim. Ela estava convicta
de que vira Júlio e
abraçara-o. Onde e como?
não sabia dizer.
Antonina afirmou-lhe,
então, ter certeza de
que ela reencontrara o
filhinho no plano
espiritual. "A senhora
julga então possível?",
indagou a dona da casa,
de olhos faiscantes.
"Como não? – aduziu
Antonina, confortada – a
morte não existe como a
entendemos. Do Além,
nossos amados que
partiram estendem-nos os
braços."
(Obra citada, cap.
XXXVII, págs. 245 a
247.)
Texto para leitura
115. Odila conta a
verdade sobre Júlio
- Ante a observação do
Ministro, Zulmira
respondeu,
semidesvairada: "É meu
filho!" O instrutor
disse-lhe, então: "Não
ignoramos que Júlio se
asilou na Terra em teu
regaço e, por isso,
fomos teus companheiros
na presente viagem para
que amenizes a tua dor.
Entretanto, não admitas
que o egoísmo te
ensombre a alma!...
Certamente, o carinho
materno é um tesouro
inapreciável, contudo
não devemos olvidar que
todos somos filhos de
Deus, nosso Eterno Pai!
Acalma-te! Pede ao
Senhor os recursos
necessários para que o
teu devotamento seja um
auxílio positivo ao
pequenino
necessitado!..." Tocada
por essas palavras,
Zulmira desfez-se em
pranto. Enlaçada
afetuosamente por Odila,
reconheceu a primeira
esposa de Amaro e
recordou a luta que
haviam atravessado,
quando do afogamento de
Júlio. O remorso voltou
a refletir-se-lhe na
mente e, atribulada,
exclamou: "Odila!
perdoa-me, perdoa-me!...
agora vejo o inferno que
te impus,
despreocupando-me de
teu filhinho... Hoje
pago com lágrimas minha
deplorável displicência!
Ajuda-me, querida
irmã!... Sê para o meu
Júlio a guardiã que não
fui para o teu!" Odila
acariciou-a,
compadecidamente,
dizendo-lhe: "Tem
paciência! a aflição é
um incêndio que nos
consome... Paguemos à
vida o tributo da
conformação na dor, para
que sejamos
efetivamente dignas do
socorro celestial..." E,
beijando-a nos olhos,
aduziu: "Enxuga as
lágrimas que te fustigam
inutilmente. A
serenidade é o nosso
caminho de
reestruturação
espiritual. Não te
reportes ao passado...
Vivamos o presente,
fazendo o melhor ao
nosso alcance".
Respondendo-lhe, Zulmira
acentuou, em tom amargo:
"Agora, porém, que sofro
as agruras de minha
prova, penso em teu
anjinho..." Odila,
conchegando-a de
encontro ao peito,
conduziu-a para mais
perto do menino
adormecido e,
apontando-o, aclarou,
satisfeita: "Ouve! meu
filhinho é também o teu.
Júlio de hoje é o nosso
Júlio de ontem. Pesados
compromissos com o
pretérito obrigaram-no a
aceitar as dificuldades
do momento... Em nosso
aprendizado de agora,
teve a existência
frustrada por duas
vezes, a fim de
valorizar, com
segurança, a bênção da
escola terrestre". "O
corpo de carne é uma
veste que o nosso Júlio
usou de dois modos
diferentes, por nosso
intermédio." E
sorrindo, ante a
companheira perplexa,
Odila acrescentou: "Como
vemos, somos duas mães,
partilhando o mesmo
amor". (Cap. XXXVII,
págs. 242 a 244)
116. Zulmira tenta
compreender os fatos
- A revelação feita por
Odila imobilizou a
garganta de Zulmira, que
nada pôde falar. No imo
d'alma, algo lhe alterou
o campo emotivo;
secaram-se-lhe as
lágrimas; seu olhar se
fez mais brilhante.
Zulmira parecia uma
estátua viva que, sem
resistência, deixou-se
conduzir por Odila até
um leito próximo, para
ajustar-se ao repouso
preciso. Ela agora
começava a compreender:
Júlio, prematuramente
expulso da experiência
material pelo
afogamento, tornara ao
mundo em nova tentativa
que redundara em
fracasso... Por quê? por
quê? O pensamento
dolorido tentava
penetrar os segredos do
tempo, arrastando-a ao
passado remoto, mas o
cérebro doía-lhe,
dilacerado... Não lhe
era possível naquelas
circunstâncias o domínio
das reminiscências, mas
percebia que a Bondade
Divina reúne as almas
nos mesmos laços de
trabalho e esperança do
caminho redentor...
Recordou a animosidade
que experimentara por
Júlio, logo após seu
casamento, e seu ciúme
diante das atenções que
Amaro lhe dispensava, e
reconheceu que a
Providência Divina,
ligando-o ao coração de
mãe, lhe sublimara os
sentimentos... Agora
sentia por ele
inexpressável carinho e
iluminado amor... De
espírito assim
transformado, via em
Odila não mais a rival,
mas a benfeitora que lhe
seguira de perto a
transfiguração.
Enlaçou-se então a ela,
em pranto silencioso,
qual se lhe fora filha a
ocultar-se nos braços
maternais, e Odila,
imensamente comovida,
correspondia-lhe às
manifestações afetivas,
afagando-lhe os cabelos.
Clarêncio sugeriu-lhe
repouso e, assim,
Zulmira ficou só, no
descanso justo, para que
o corpo denso fosse mais
amplamente beneficiado
pelo sono reparador.
Horas mais tarde, quando
o relógio da Terra
marcava nove da manhã,
Zulmira – cujo Espírito
foi reconduzido pelos
amigos à sua casa –
despertou no corpo
físico. (Cap. XXXVII,
págs. 244 e 245)
117. Fome de fé -
Retomando o equipamento
cerebral mais denso,
Zulmira não conseguiu
lembrar-se com detalhes
da excursão ao Lar da
Bênção. Guardava a
impressão nítida de que
revira o filho em
"alguma parte" e
semelhante certeza lhe
restaurara a calma e a
confiança. Sentia-se
mais leve, quase feliz,
e Evelina, quando a viu
pela manhã,
identificou-lhe as
melhoras, rendendo
graças a Deus. A jovem
levou Antonina e Lisbela
ao quarto. Zulmira as
saudou, satisfeita,
relatando à visitante
as impressões
renovadoras de que se
via dominada e
agradecendo o cuidado de
que era objeto. Estava
convicta de que vira
Júlio e abraçara-o...
Onde e como? não sabia
dizer. Antonina
afirmou-lhe ter certeza
de que ela reencontrara
o filhinho no plano
espiritual. "A senhora
julga então possível?",
indagou a dona da casa,
de olhos faiscantes.
"Como não? – aduziu
Antonina, confortada – a
morte não existe como a
entendemos. Do Além,
nossos amados que
partiram estendem-nos
os braços." E ajuntou:
"Tenho igualmente um
filho na Vida Maior que
vem sendo para mim
precioso sustentáculo".
Zulmira demonstrou
invulgar interesse na
conversa. Há momentos em
que somos castigados
pela fome de fé, e
Antonina era uma fonte
irradiante de otimismo e
firmeza moral. Enquanto
Evelina e Lisbela foram
atender à limpeza do
lar, as duas novas
amigas passaram a mais
íntimo entendimento, e
isso foi realmente
providencial, porque,
quando o grupo
socorrista saiu da casa
de Amaro, notou que
Zulmira, de alma
restaurada, ao toque de
novas esperanças,
mostrava no rosto a
tranquilidade segura de
abençoada
convalescença. (Cap.
XXXVII, págs. 245 a 247)
(Continua no próximo
número.)