ASTOLFO O. DE OLIVEIRA
FILHO
aoofilho@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
A Revue Spirite
de 1866
Allan Kardec
(Parte
1)
Damos início nesta edição
ao
estudo da Revue
Spirite
correspondente ao ano de
1866. O texto condensado
do volume citado será
aqui apresentado em 16
partes, com base na
tradução de Júlio Abreu
Filho publicada pela EDICEL.
Questões preliminares
A. São as mesmas as
almas que animam os
corpos do homem e da
mulher?
Sim. O Espiritismo nos
ensina que as almas
podem animar corpos de
homens e mulheres. As
almas ou Espíritos não
têm sexo; os sexos só
existem no organismo e
são necessários à
reprodução dos seres
materiais. Mas os
Espíritos não se
reproduzem uns pelos
outros, razão por que os
sexos seriam inúteis no
mundo espiritual.
(Revue Spirite de 1866,
pp. 2 e 3.)
B. Pode acontecer que o
Espírito percorra uma
série de existências num
mesmo sexo?
Sim. O fato é possível e
geralmente é o que
ocorre, o que faz que
durante muito tempo
possa o Espírito
conservar, na
erraticidade, o caráter
de homem ou de mulher,
cuja marca nele ficou
impressa. Se essa
influência se repercute
da vida corporal à vida
espiritual, o fato se dá
também quando o Espírito
passa da vida espiritual
para a corporal. Numa
nova encarnação trará o
caráter e as inclinações
que tinha como Espírito.
Mudando de sexo, poderá
então conservar os
gostos, as inclinações e
o caráter inerente ao
sexo que acabou de
deixar. Assim se
explicam certas
anomalias aparentes,
notadas no caráter de
certos homens e de
certas mulheres.
(Obra citada, pág. 4.)
C. O efeito da prece é
apenas de natureza
moral?
Não. A observação
permitiu comprovar a sua
eficácia e o seu modo de
ação. Além da ação
puramente moral, a prece
produz um efeito de
certo modo material,
resultante da
transmissão fluídica, e
sua eficácia em certas
moléstias é constatada
pela experiência, como
demonstrada pela teoria.
Rejeitar a prece é,
portanto, privar o homem
de seu mais poderoso
suporte moral na
adversidade, visto que
pela prece ele eleva sua
alma, entra em comunhão
com Deus, identifica-se
com o mundo espiritual e
desmaterializa-se,
condição essencial de
sua felicidade futura.
(Obra citada, pp. 5 e
6.)
Texto para leitura
1. As mulheres têm alma?
Esse é o tema do artigo
que abre o número de
janeiro de 1866, no qual
Kardec diz que, além de
ter sido posta em
deliberação num
concílio, tal questão
nem sempre foi resolvida
pacificamente,
constituindo sua negação
um princípio de fé em
certos povos. No artigo,
ele informa também que
pouco tempo atrás ainda
se discutia na França se
o grau de bacharel podia
ser conferido a uma
mulher. (Págs. 1 e
2.)
2. O Espiritismo ensina
que as almas podem
animar corpos de homens
e mulheres. As almas ou
Espíritos não têm sexo;
as afeições que os unem
nada têm de carnal;
fundam-se numa simpatia
real e, por isso, são
mais duráveis. (Págs.
2 e 3.)
3. Os sexos só existem
no organismo; são
necessários à reprodução
dos seres materiais; mas
os Espíritos não se
reproduzem uns pelos
outros, razão por que os
sexos seriam inúteis no
mundo espiritual.
(Págs. 2 e 3.)
4. A natureza fez o
indivíduo do sexo
feminino mais fraco que
o outro, porque os
deveres que lhe incumbem
não exigem uma igual
força muscular e seriam
até incompatíveis com a
rudeza masculina. Aos
homens e às mulheres
são, assim, assinados
pela Providência deveres
especiais, igualmente
importantes na ordem das
coisas, pois eles se
completam um pelo outro.
(Págs. 3 e 4.)
5. A influência que o
Espírito encarnado sofre
do organismo não se
apaga imediatamente após
a destruição do
invólucro material,
assim como não perdemos
instantaneamente os
gostos e hábitos
terrenos. Pode acontecer
ainda que o Espírito
percorra uma série de
existências no mesmo
sexo, o que faz que
durante muito tempo
possa conservar, na
erraticidade, o caráter
de homem ou de mulher,
cuja marca nele ficou
impressa. (Pág. 4.)
6. Se essa influência se
repercute da vida
corporal à vida
espiritual, o fato se dá
também quando o Espírito
passa da vida espiritual
para a corporal. Numa
nova encarnação trará o
caráter e as inclinações
que tinha como Espírito.
Mudando de sexo, poderá
então conservar os
gostos, as inclinações e
o caráter inerente ao
sexo que acaba de
deixar. Assim se
explicam certas
anomalias aparentes,
notadas no caráter de
certos homens e de
certas mulheres.
(Pág. 4.)
7. Referindo-se à prece,
diz Kardec que o
Espiritismo proclama a
sua utilidade, não por
espírito de sistema, mas
porque a observação
permitiu comprovar a sua
eficácia e o seu modo de
ação. Além da ação
puramente moral, a prece
produz um efeito de
certo modo material,
resultante da
transmissão fluídica, e
sua eficácia em certas
moléstias é constatada
pela experiência, como
demonstrada pela teoria.
(Págs. 5 e 6.)
8. Rejeitar a prece é,
portanto, privar o homem
de seu mais poderoso
suporte moral na
adversidade, visto que
pela prece ele eleva sua
alma, entra em comunhão
com Deus, identifica-se
com o mundo espiritual e
desmaterializa-se,
condição essencial de
sua felicidade futura.
(Pág. 6.)
9. Concluindo o artigo
sobre a prece, o
Codificador lembra que o
que faz a principal
autoridade da doutrina é
que não há um só de seus
princípios que seja
produto de uma ideia
preconcebida ou de uma
opinião pessoal: todos,
sem exceção, são o
resultado da observação
dos fatos. (Págs. 8 e
9.)
10. A Revue
noticia o falecimento
em 2 de dezembro de 1865
do Sr. Didier,
membro-fundador da
Sociedade Espírita de
Paris e editor das obras
de Kardec. No momento do
falecimento, a editora
do Sr. Didier imprimia a
14a edição d’O
Livro dos Espíritos.
(Págs. 9 e 10.)
11. No dia 8 de
dezembro, na Sociedade
de Paris, Kardec
pronunciou uma alocução
em que teceu palavras de
reconhecimento pelo
trabalho realizado pelo
amigo
recém-desencarnado, cujo
desprendimento foi
devidamente destacado
pelo Codificador.
(Págs. 11 e 12.)
12. Em seu discurso,
Kardec explicou por que
não usara a palavra no
enterro do amigo,
ocasião em que se
reuniram muitas pessoas
pouco simpáticas e mesmo
hostis à causa espírita.
Considerando o momento
inadequado, ele se
absteve e, ao esclarecer
o fato, aproveitou para
fazer importante
advertência, quando
afirmou que o
Espiritismo ganhará
sempre mais com a
estrita observação das
conveniências. (Pág.
12.)
13. Não devemos esquecer
– disse Kardec – que o
Espiritismo visa o
coração e seus meios de
sedução são a doçura, a
consolação e a
esperança. Sua moderação
e seu espírito
conciliador nos põem em
relevo. “Não percamos
sua preciosa vantagem”,
aditou o Codificador.
“Procuremos os corações
aflitos, as almas
atormentadas pela
dúvida: seu número é
grande; lá estarão os
nossos mais úteis
auxiliares; com eles
faremos mais prosélitos
do que com reclames e
exibição.” (Pág. 12.)
(Continua no próximo
número.)