A leitora Jaqueline Bampi,
de Caxias do Sul (RS),
enviou-nos a seguinte
pergunta: “Em
Os Mensageiros há a
seguinte frase de Aniceto:
‘Se o homem
conseguisse fixar dez
gramas, aproximadamente, dos
mil litros de nitrogênio que
respira diariamente, a
Crosta estaria transformada
no paraíso verdadeiramente
espiritual’.
O que isso quer dizer? Como
proceder para aproveitar
mais o nitrogênio na
respiração? Qual a relação
entre a respiração e o
nitrogênio e um planeta mais
espiritualizado?”
É importante esclarecer que
Aniceto, no mesmo livro
(Os Mensageiros, cap.
42, pág. 222), informou
que mesmo na colônia
"Nosso Lar" os que ali
habitam estavam distantes da
grande conquista do alimento
espontâneo pelas forças
atmosféricas, em caráter
absoluto, o que somente
ocorreria mais tarde, com o
progresso moral do homem.
Quando isso acontecer, o
matadouro será convertido em
local de cooperação, onde o
homem atenderá aos seres
inferiores e estes atenderão
às necessidades do homem. O
Senhor permitir-nos-á,
então, pelo menos em parte,
a solução do problema
técnico de fixação do
nitrogênio da atmosfera.
Dada a complexidade do
assunto, ouvimos a opinião
de vários colaboradores de
nossa revista e aqui
publicamos as informações
prestadas pelo confrade
Leonardo Marmo Moreira, as
quais, além de confirmar o
que outros confrades nos
disseram, parecem-nos
atender de modo mais
completo ao que a leitora
indagou.
Leonardo Marmo Moreira
possui graduação em
Farmácia-Bioquímica pela
Universidade Federal de
Alfenas (1998), mestrado em
Química Analítica (Grupo de
Química Inorgânica e
Analítica) pelo Instituto de
Química de São Carlos
/Universidade de São Paulo
(USP) (2001), doutorado em
Química Analítica (Grupo de
Biofísica Molecular) pelo
IQSC-USP (2005) e
pós-doutorado (Grupo de
Biofísica Molecular) pelo
IQSC-USP (2005-2007). Tem
experiência na área de
Química, com ênfase em
Química Inorgânica,
Biofísica Molecular, Química
Analítica e Engenharia
Biomédica atuando
principalmente nos seguintes
temas: Estudos
espectroscópicos envolvendo
sistemas hemoproteicos,
especialmente hemoglobinas
extracelulares gigantes e
complexos tetraazamacrocíclicos
de ferro porfirínicos e não
porfirínicos. É revisor dos
periódicos "Australian
Journal of Chemistry" e "Journal
of Electromagnetic Waves and
Applications", além de
pesquisador credenciado pelo
CNPq.
Eis o que Leonardo Marmo
escreveu-nos, em resposta à
questão acima transcrita:
“Muito provavelmente, o
mentor espiritual Aniceto,
ao mencionar a fixação de
nitrogênio pelo nosso corpo,
está mencionando
indiretamente nossa
necessidade nutricional de
proteínas e aminoácidos, os
quais constituem a unidade
fundamental das cadeias
proteicas. Isso ocorre, pois
as proteínas obtidas através
da alimentação são a
principal fonte de
nitrogênio do nosso
organismo, que, por sua vez,
é um elemento fundamental à
síntese endógena de vários
compostos orgânicos muito
importantes
fisiologicamente, tais como
as próprias proteínas.
Apesar da aparente
redundância, em verdade, tal
afirmação é pertinente, pois
o organismo hidrolisa
(quebra) as cadeias
polipeptídicas das proteínas
ingeridas na alimentação
para, posteriormente,
sintetizar outras proteínas
e peptídeos, que são
próprios do nosso organismo.
Portanto,
o organismo humano não
aproveita diretamente as
proteínas ingeridas através
da alimentação, mas quebra
suas ligações para
aproveitar suas unidades
formadoras como
matéria-prima para outras
reações químicas que
sintetizam moléculas e
macromoléculas importantes
para a nossa vida.
Dentro do contexto da
afirmação de Aniceto, o
mentor espiritual quer dizer
que, se a Providência Divina
desejasse, nós poderíamos
fixar o nitrogênio
diretamente através da
respiração, uma vez que 70%
aproximadamente do ar que
respiramos (ar atmosférico)
é constituído por gás
nitrogênio, ou seja,
nitrogênio molecular (N2).
Se isso ocorresse, grande
parte da nossa necessidade
de alimentação seria
atenuada. Vale registrar que
determinados seres vivos, em
nível mais primário de
evolução do que os
mamíferos, realizam a
fixação de nitrogênio e que
esse fato é fundamental para
a manutenção da vida no
planeta Terra, pois outros
seres aproveitem de suas
proteínas, formadas a partir
dessa fixação de nitrogênio,
através da cadeia alimentar.
O próprio mentor espiritual
Aniceto afirma que
deveríamos agradecer muito a
Deus por obtermos o oxigênio
molecular (O2)
‘gratuitamente’, através da
respiração, uma vez que a
molécula de oxigênio é
imprescindível à vida
física, conforme nós a
conhecemos aqui na Terra.
Entretanto, a Providência
Divina não permite ainda tal
facilidade porque somos, em
grande maioria, Espíritos
muito preguiçosos, ou seja,
sem amor ao trabalho, ainda
sem virtudes consolidadas e
esforço sistemático no bem.
Desta forma, o fato de nos
virmos ‘forçados’ a
trabalhar para ‘comer’, isto
é, trabalhar para conseguir
o próprio sustento físico, é
de fundamental importância
para que nossos Espíritos
não fiquem estacionados e
possam aproveitar
minimamente a experiência
carnal para evoluir
significativamente a cada
oportunidade terrena.
Em relação a uma das
questões levantadas pela
nossa amiga Jaqueline (‘Como
proceder para aproveitar
mais o nitrogênio na
respiração?’) é importante
dizer que isso é
impraticável na atualidade,
pois tal possibilidade não é
permitida pelas
características fisiológicas
de nosso organismo humano,
em seu atual estágio de
evolução através da seleção
natural. Portanto, no atual
momento, enquanto seres
humanos encarnados, não tem
como aproveitarmos o
nitrogênio através da
respiração, em função das
características fisiológicas
de nosso organismo, as quais
foram ratificadas pela
seleção natural, que não
deixa, obviamente, de
representar a vontade de
Deus, como tudo em a
Natureza. Neste contexto, um
mundo habitado por Espíritos
mais evoluídos moralmente
necessitaria bem menos de
imposições deste tipo para
que os indivíduos se
inspirassem para o trabalho.
Assim sendo, quando
chegarmos a esse nível,
provavelmente muitas
necessidades deste tipo
estarão atenuadas. Podemos
lembrar-nos dos próprios
Espíritos desencarnados
evoluídos que sentem menos
necessidade de nutrição para
os seus perispíritos
enquanto que os Espíritos
desencarnados mais atrasados
sentem muito mais
necessidades nesse sentido.
Talvez haja alguma relação,
pois André Luiz afirma em
Evolução em Dois Mundos
que o nosso Perispírito é
quase idêntico
fisiologicamente ao nosso
corpo físico, exceto por
pequenas mudanças
relacionadas à nutrição e ao
sexo. Emmanuel chegou a
dizer que os Espíritos
Superiores permitiram o
advento dos anestésicos no
fim do século XIX porque a
Providência Divina
identificou que, em função
de avanços espirituais
desenvolvidos, a humanidade
terrena já não necessitava
das dores mais acerbas para
despertar em si mesma
valores espirituais
positivos. A questão da
alimentação poderia ser algo
semelhante. Quando já
amarmos o trabalho e a
solidariedade,
necessitaremos menos das
imposições dessa natureza
para que nos decidamos por
realizar algo de útil com o
nosso tempo.”
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