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Brasil
Ano 4 - N° 159 - 23 de Maio de 2010

GABRIELA ABREU 
gabrielagabreu@gmail.com
Brasília, DF (Brasil)
 

 
3º Congresso Espírita Brasileiro

Um momento especial do evento foi a entrevista coletiva concedida por Nestor Masotti, Raul e Divaldo
 
 

Divaldo Franco, Raul Teixeira e Nestor Masotti

Um momento importante do 3º Congresso Espírita Brasileiro realizado no mês passado na Capital brasileira foi a entrevista coletiva que Divaldo Franco, Raul Teixeira e Nestor Masotti, presidente da Federação Espírita Brasileira, concederam aos jornalistas reunidos no Centro de Convenções de Brasília.

Em pouco mais de uma hora, o três confra-

des discorreram sobre diversos assuntos, como arte espírita, a popularização do Espiritismo, o trabalho com os jovens, a responsabilidade perante o sexo e a visão espírita sobre as catástrofes naturais.

Veja os principais trechos da entrevista:

Você já passou por várias fases do movimento espírita. Agora, nós estamos passando por esse momento maravilhoso para a doutrina. Gostaria de perguntar quais são as suas palavras para o jovem, para o futuro dele na doutrina espírita?

Divaldo Franco (foto): A doutrina espírita foi direcionada principalmente aos jovens. Basta que nos recordemos que os fenômenos de Hydesville tiveram lugar graças a duas adolescentes de 14 e 16 anos segundo uns, segundo outros de 13 e 15 anos. Que os notáveis fenômenos estudados por Allan Kardec na residência do  Sr.  Baudin,  suas  duas  filhas  eram

também adolescentes. Posteriormente outros médiuns, como a Srta. Carlotti, eram todas adolescentes de 15 anos. Mas já ao tempo de Jesus, João, que seria o evangelista, começa a sua trajetória com menos de 16 anos. O apóstolo Paulo dirige cartas inesquecíveis a jovens que faziam parte de seu ministério. A doutrina espírita, examinando as possibilidades de crescimento no futuro, investe na infância e na juventude todo o cabedal de sabedoria, porque serão eles, as crianças e o jovens, que irão promover o Espiritismo em todo o mundo. Desta forma, o Espiritismo marcha nos pés infantis, corre através das pernas juvenis, para chegar à idade adulta dos homens com a doutrina libertadora na próxima época da grande transição.

A primeira obra psicografada por Chico foi Parnaso de Além Túmulo, que é uma obra inspirada pelos grandes artistas, pelos poetas. A nossa pergunta é: devido ao grande número de espíritas artistas, no campo do teatro, da poesia, da música, como podemos linkar essa questão da arte com a divulgação da doutrina espírita, tomando por base a postura de Chico com os artistas do mundo espiritual?

Raul Teixeira (foto): O Espiritismo é uma doutrina eminentemente educacional. Suas bases educativas dizem que nós podemos e devemos lançar mão dos mais variados recursos didático-pedagógicos que facilitem a sua penetração nos diversos estamentos da sociedade. Sendo a arte uma dessas portas pelas quais pode penetrar a doutrina espírita nas almas, nos

será importantíssimo que os espiritistas, sem abrir mão desse recurso, tenham a cautela de nunca permitir que a arte segundo o Espiritismo passeie pelos caminhos apelativos, negligentes, ou admitindo que qualquer coisa possa ser apresentada ou deva ser apresentada em nome do Espiritismo. Sendo a doutrina grandiosa como é, merece de nós todos os espíritas, artistas ou não, o respeito suficiente para apresentá-la sempre em grande estilo. Qualquer poesia, qualquer música, qualquer arte cênica, qualquer arte que seja apresentada em nome do Espiritismo deverá ter a grandeza que o Espiritismo merece. Salvo isto, salve a arte espírita.

Nós podemos dizer que o movimento espírita não será o mesmo depois desse momento?

Nestor Masotti (foto): Nós podemos realmente concluir dessa maneira olhando o aspecto do crescimento e naturalmente da promoção que a mídia está fazendo em torno das ideias espíritas através de filmes, novelas, filmes e outros caminhos de comunicação. Espera-se naturalmente que as próprias casas espíritas serão cada vez mais visitadas por pessoas interessadas em

conhecer a doutrina espírita e verificar o que a doutrina espírita pode fazer em seu próprio favor, seja quanto à orientação seja quanto à assistência. Nós talvez não disséssemos que ele não seria mais o mesmo, diríamos que ele seria muito mais  ativo,  um  movimento  muito  mais  exigido  nas  suas  realizações. Nós, espíritas, naturalmente precisaremos estar bem preparados para atender a essa demanda pela qual estamos passando.

Você lembrou muito bem que o Espiritismo nasceu voltado para os jovens, com os fenômenos de Hydesville e com as meninas adolescentes da família Baudin, mas hoje quem trabalha com juventude enfrenta um problema muito sério que é a evasão dos jovens das casas espíritas. Nesse momento, em que o Espiritismo está na vitrine, com filmes, livros e novelas, como fazer para que o jovem de hoje volte para a casa espírita, sem ser tentado pelas questões da rua, como muitas vezes acontece?

Divaldo Franco: Infelizmente o problema não é dos jovens, mas sim de alguns métodos e de alguns encarregados de retê-los na atividade. Também todo jovem passa por um certo período de afirmação da personalidade, onde há um conflito entre a adolescência e os valores que antecedem a idade adulta. Nesse período, é comum haver uma grande revolução filosófica ao lado da revolução biológica do jovem. Mas se perseverarmos em manter os postulados da doutrina, conforme elaborados pelo grande codificador, as primeiras sementes, no momento adequado, de acordo com os fatores fisiológicos, irão desenvolver-se e farão com que ele retorne às suas origens. Observamos, por exemplo, que muitos jovens, que em determinado momento debandaram, porque se adentraram pelas universidades, encontraram as licenças morais, deixaram por algum período aquelas atividades que pareciam castradoras, nada obstante, constatando a excelência do Espiritismo e superando as injunções do período de conflitos, retornam, tornando-se verdadeiros espíritas.

Gostaria de saber o seguinte: quando a coisa dá Ibope, todo mundo quer tirar um pouco de proveito. Hoje, o que dá Ibope no Brasil é o Espiritismo. Diga uma palavra aos nossos telespectadores a respeito disso.

Raul Teixeira: Nós, que somos espíritas, vestindo a sua camisa, não nos deixamos impressionar pelo modismo daqueles que afirmam que “viraram” espíritas. “Fulano virou espírita”. Sejam artistas, políticos, pessoas da sociedade, porque toda pessoa que “vira” espírita, a tendência é “desvirar” logo mais. E a gente vai continuar com aqueles que se converteram ao Espiritismo. A conversão é um processo que não tem volta, a conversão é sempre um caminho para frente e para o alto, de modo que é impossível eliminarmos essa via da empolgação. As pessoas ficam vegetarianas, ficam futebolistas na época da Copa do Mundo, todo mundo fica tudo dependendo da época. A gente fica roqueiro quando os conjuntos internacionais vêm ao Brasil, e então por que não ficar todo mundo espírita quando o Chico faz cem anos? O bom é que as pessoas estão ouvindo falar de Chico, estão ouvindo falar do Espiritismo... De uma forma ou de outra é o Espiritismo chovendo sobre esta terra árida de tantas almas. Não tenhamos nenhuma preocupação com isto. Nos animemos com essa possibilidade de que, ainda que seja en passant, essas terras humanas, terras dos corações, estejam sendo umidificadas por essa ninfa do Espiritismo, porque chegará o dia em que essa semente, de tanto que essas criaturas já foram espíritas de ocasião, conseguirá germinar e frutescer quando, de tanto ouvir falar, a criatura decide tomar conhecimento mais profundamente e isso, tristemente ou felizmente, costuma ocorrer nos momentos de dor, de desafio da vida, para tantos de nós. É muito natural esse fenômeno social que ocorre com todos os tipos de movimento, não apenas com o movimento espírita. Agradeçamos a Deus porque chegamos nesse ponto, de o Espiritismo ser ouvido e visto de tal modo que tenhamos os espíritas de ocasião, que no futuro estarão formando nossas fileiras, como nós estamos depois de tanto tempo passado em que apenas fomos assistentes dos espíritas pelas televisões, pelos rádios ou por outro sistema de comunicação das devidas épocas.

Qual a importância para a juventude saber quem é Chico Xavier dentro de suas mocidades espíritas?

Divaldo Franco: É de alta relevância, porque hoje nos recordamos do Chico, desde a infância aos 92 anos. E no seu período infanto-juvenil ele vestiu a camisa da doutrina espírita a partir do momento em que a conheceu. O Espírito nobre, desde os primórdios, revelou sempre o caráter elevado de um verdadeiro cristão, enquanto esteve vinculado à tradicional Igreja Católica Apostólica Romana. Divulgarmos ao máximo essa vida, mas também a do egrégio codificador do Espiritismo, que na sua condição de discípulo de Pestalozzi foi um verdadeiro exemplo juvenil quando substituiu o mestre Yverdon aos 15 anos de idade, para que os jovens se deem conta de que a vida do nobre médium de alguma forma estava respaldada no exemplo grandiloquente do codificador do Espiritismo.



Nota da autora:

Colaborou nesta reportagem Paulo de Tarso Lyra. O autor das fotos é Eiji Iwamoto. Ambos integram a equipe do Jornal Brasília Espírita.


 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita