MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Entre a Terra e o Céu
André Luiz
(Parte
36)
Continuamos a apresentar
o estudo da obra
Entre a Terra e o Céu,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1954 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Como explicar a
súbita mudança na vida
do enfermeiro Mário
Silva?
A explicação desse fato
foi dada pelo Ministro Clarêncio. "Graças a
Jesus, vemos nosso
enfermeiro efetivamente
modificado", comentou o
Ministro. "Dir-se-ia que
uma revolução explodiu
dentro dele", observou
André. "O amor é assim –
acentuou o instrutor,
imperturbável –, uma
força que transforma o
destino." Ele se referia
à influência benéfica de
Antonina sobre todos
eles – Mário, Amaro e
Zulmira.
(Entre a Terra e o Céu,
cap. XXXVIII, págs. 248
e 249.)
B. A amizade é
importante para a
garantia da felicidade
conjugal?
Evidentemente. A
felicidade é quase
impraticável nas
afeições impulsivas que
estouram do sentimento
à maneira de champanha
ilusória. Tais palavras
foram ditas por Amaro ao
enfermeiro Mário. "O
amor dos namorados, com
noventa graus à sombra,
por vezes é simples fogo
de palha, deixando
apenas cinza”, disse-lhe
Amaro. “À medida que se
me alonga a experiência
no tempo, reconheço que
o matrimônio, acima de
tudo, é união de alma
com alma. Falo com o
discernimento do homem
que se consorciou por
duas vezes. A paixão,
meu caro, é responsável
por todas as casas de
boneca que oferecem por
aí espetáculos dos mais
tristes. A amizade pura
é a verdadeira garantia
da ventura conjugal." E
Amaro concluiu: "Sem os
alicerces da comunhão
fraterna e do respeito
mútuo, o casamento cedo
se transforma em pesada
algema de forçados do
cárcere social".
(Obra citada, cap.
XXXVIII, págs. 250 e
251.)
C. Mário Silva e
Antonina acabaram se
casando?
Sim. A cerimônia ocorreu
na casa de Amaro e
Zulmira, que gentilmente
ofereceram seu lar para
a festividade, a que
muitos Espíritos
acorreram. A casa estava
repleta de pessoas
amigas. À noite, na
casinha singela de
Antonina, reuniram-se
quase todos os
convidados, novamente.
Os recém-casados queriam
orar, em companhia dos
laços afetivos,
agradecendo ao Senhor a
ventura daquele dia
inolvidável. O lar
humilde jazia tomado de
entidades afetuosas e
iluminadas, inspirando
entusiasmo e esperança,
júbilo e paz, para os
noivos. Na sala estreita
e lotada, um velho tio
da noiva levantou-se e
dispôs-se à oração. O
Ministro abeirou-se dele
e afagou-lhe a cabeça,
e, no abençoado calor da
inspiração com que
Clarêncio lhe envolvia a
alma, o familiar de
Antonina pronunciou
comovente rogativa a
Jesus, suplicando-lhe
auxiliasse a todos na
obediência aos seus
divinos desígnios.
(Obra citada, cap.
XXXVIII, págs. 252 a
254.)
Texto para leitura
118. O amor
transforma o destino
- A tempestade de
sentimentos, no grupo a
que Clarêncio dava sua
assistência, amainou,
pouco a pouco... Júlio
aguardava sem sofrimento
o retorno à vida física.
Zulmira, sob a
influência benéfica de
Antonina, renovara-se
para a vida. Mário
Silva, transformado pela
convivência com a jovem
viúva, afeiçoara-se a
ela profundamente.
Sólida amizade fizera-se
entre as personagens
desta história.
Semanalmente eles se
visitavam, com
intraduzível
contentamento para
Evelina, que se
convertera em pupila de
Antonina, tão grande a
sua afinidade. O lar de
Amaro transfigurara-se.
O enfermeiro parecia
ter voltado à juventude;
a camaradagem social
modificara-lhe a
feição; perdera a
taciturnidade em que a
maioria dos solteirões
mergulha. Amigo dos
filhos de Antonina,
estes fizeram dele o
confidente de suas
realizações. Por várias
vezes Amaro e a esposa
participaram do culto
evangélico em casa de
Antonina, retirando-se
depois edificados e
felizes. Aquela mulher,
viúva e digna, cada vez
mais crescia na
admiração de todos e,
dentro de suas
possibilidades
limitadas, o
ferroviário passou a
fazer pela educação
inicial dos meninos
quanto lhe era possível,
associando o enfermeiro
em todos os seus
empreendimentos dessa
ordem. Certa manhã de
domingo, Mário foi à
casa de Amaro, para
aguardar a chegada de
Antonina com as
crianças. Todo o grupo
familiar iria almoçar,
ao ar livre, em parque
próximo. Clarêncio,
vendo aquela cena,
estava feliz. "Graças a
Jesus, vemos nosso
enfermeiro efetivamente
modificado", comentou o
Ministro. "Dir-se-ia que
uma revolução explodiu
dentro dele", observou
André. "O amor é assim –
acentuou o instrutor,
imperturbável –, uma
força que transforma o
destino." Depois,
informou haver
consultado o programa
traçado para a
reencarnação de
Antonina, que se havia
comprometido a
colaborar,
maternalmente, para que
Leonardo Pires obtivesse
novo corpo na Terra.
Como, na condição de
Lola Ibarruri, fora a
causa do crime cometido
por Leonardo, ela agora,
como mãe, cuidaria de
sua educação. (Cap.
XXXVIII, págs. 248 e
249)
119. Casamento requer
a amizade pura -
Hilário entendeu que
Antonina iria casar-se
com Mário Silva, mas
antes que o dissesse
Clarêncio elucidou:
"Silva e Leonardo
enlaçaram-se em
complicadas dívidas um
para com o outro. Desde
muito tempo, cultivam o
espinheiro da aversão
recíproca. Induzidos
agora às teias da
consanguinidade,
esperamos se reeduquem.
Da Lei ninguém foge..."
Enquanto o Ministro
assim falava, Amaro
disse ao enfermeiro: "Escuta,
Mário. Não me assiste o
direito de qualquer
interferência em tua
vida, entretanto,
sentindo-te por meu
irmão, venho refletindo
acerca do futuro... Não
te parece que Antonina
seja a mulher digna do
teu ideal de homem de
bem?" Como Mário ficasse
corado e nada
respondesse, Amaro
prosseguiu: "Desde o teu
regresso à nossa amizade,
observo com respeito
crescente a distinção
dessa mulher, cuja
aproximação tem sido uma
bênção em nossa casa.
Moça ainda, pode fazer a
felicidade de um lar que
seria um santuário para
as tuas experiências.
Comove-me anotar-lhe os
sacrifícios de mãe jovem,
quando, com a tua
aliança, preservaria a
própria saúde,
indiscutivelmente tão
preciosa a tanta gente.
Já me inteirei da
posição dela na fábrica
em que trabalha. É
querida de todos. Para
muitas colegas, tem
sido a enfermeira e a
irmã abnegada de sempre.
Seus chefes veneram-lhe
a conduta irrepreensível.
Isso é admirável numa
viúva de apenas trinta e
dois anos. Além disso,
reparo-lhe os filhinhos
unidos ao teu coração,
como se te pertencessem.
Não te dói vê-la
enfrentar sozinha a
batalha em que se
consome?" Mário, algo
refeito da surpresa,
replicou, humilde: "Compreendo...
Tenho examinado essa
possibilidade, no
entanto, não sou mais
uma criança..." "Por
isso mesmo – replicou o
amigo, encorajado –, a
hora presente exige
método, reconforto,
proteção... Um pouso
doméstico é investimento
dos mais preciosos para
o futuro." O enfermeiro,
relutante, respondeu
informando que seu
coração assemelhava-se
"a um pássaro
entorpecido": "Sinto-me
francamente incapaz de
uma paixão..." "Que
tolice! – asseverou
Amaro, bem humorado – a
felicidade é quase
impraticável nas
afeições impulsivas que
estouram do sentimento
à maneira de champanha
ilusória..." E acentuou:
"O amor dos namorados,
com noventa graus à
sombra, por vezes é
simples fogo de palha,
deixando apenas cinza. À
medida que se me alonga
a experiência no tempo,
reconheço que o
matrimônio, acima de
tudo, é união de alma
com alma. Falo com o
discernimento do homem
que se consorciou por
duas vezes. A paixão,
meu caro, é responsável
por todas as casas de
boneca que oferecem por
aí espetáculos dos mais
tristes. A amizade pura
é a verdadeira garantia
da ventura conjugal". "Sem
os alicerces da
comunhão fraterna e do
respeito mútuo, o
casamento cedo se
transforma em pesada
algema de forçados do
cárcere social." O
enfermeiro ouviu tais
reflexões, enlevado e
surpreso. Ele pensava,
sim, que Antonina era a
mulher ideal, capaz de
entender-lhe o coração,
e devotara-se a ela e
aos três pequenos com
imenso carinho e
confiança que, se fosse
compelido um dia à
separação, se sentiria
lesado em suas mais
caras alegrias... (Cap.
XXXVIII, págs. 250 e
251)
120. Um casamento
feliz - Enquanto
Amaro falava, Mário ia
rememorando a conduta e
os gestos da jovem viúva.
O valor e a humildade
com que ela afrontava os
mais difíceis problemas
da vida tocavam-lhe as
fibras recônditas do
ser. O sacrifício pelos
filhos, o desprendimento
das futilidades, a
solidariedade humana com
que pautava suas
relações com o próximo
e, sobretudo, seu
caráter cristalino, de
que dava provas em todos
os lances da vida comum,
apareciam, naquele
momento, em sua
imaginação, de modo
diferente... Longos
momentos passou, assim,
revivendo e meditando o
passado. Depois, como se
despertasse de longa
fuga mental, encarou o
amigo e lhe disse: "Amaro,
tens razão. Não posso
desobedecer ao comando
da vida". Nesse ponto
Antonina e os filhos
chegaram, e tal fato
monopolizou as atenções
de todos, que estavam
muito felizes. Passados
alguns dias, amigos
espirituais de Antonina
levaram a André e
Clarêncio as notícias do
contrato promissor.
Mário e a jovem viúva
esperavam casar-se em
breves dias, o que de
fato aconteceu, em casa
de Amaro e Zulmira, que
gentilmente ofereceram
seu lar para a
cerimônia civil,
realizada na mais
absoluta simplicidade.
Muitos Espíritos
acorreram à residência
de Amaro, inclusive as
freiras que consagravam
ao enfermeiro particular
estima. A casa estava
repleta de pessoas
amigas. À noite, na
casinha singela de
Antonina, reuniram-se
quase todos os
convidados, novamente.
Os recém-casados queriam
orar, em companhia dos
laços afetivos,
agradecendo ao Senhor a
ventura daquele dia
inolvidável. O lar
humilde jazia tomado de
entidades afetuosas e
iluminadas, inspirando
entusiasmo e esperança,
júbilo e paz, para os
noivos. Na sala estreita
e lotada, um velho tio
da noiva levantou-se e
dispôs-se à oração. O
Ministro abeirou-se dele
e afagou-lhe a cabeça,
e, no abençoado calor da
inspiração com que
Clarêncio lhe envolvia a
alma, o familiar de
Antonina pronunciou
comovente rogativa a
Jesus, suplicando-lhe
auxiliasse a todos na
obediência aos seus
divinos desígnios.
Terminada a prece,
Haroldo, Henrique e
Lisbela, vestidos de
branco, distribuíram
licores e guloseimas.
Nesse instante, viu-se
que Evelina, no fulgor
de sua primavera juvenil,
aceitava a proteção
carinhosa de um rapaz
que a fitava, enamorado.
Era Lucas, irmão de
Antonina, que morava na
capital paulista e em
breve se casaria com a
primogênita de Amaro.
(Cap. XXXVIII, págs. 252
a 254)
(Continua no próximo
número.)