ÉDO MARIANI
edo@edomariani.com.br
Matão, São Paulo
(Brasil)
Conquistas do
passado em nosso
presente
Conceitos
doutrinários nos
ensinam que no
nascedouro do
Espírito, quando era
ainda simples e
ignorante, mas já de
posse de certo
livre-arbítrio,
tomou este certas
atitudes necessárias
à sua sobrevivência,
cujas atitudes
formaram hábitos e
tendências as quais
foram se somando às
já antes adquiridas
e passaram a fazer
parte dele.
Somaram-se assim
qualidades boas,
umas, e ruins,
outras.
Poderíamos
materializar esse
conceito comparando
o Espírito com
aquele trabalhador
do transporte que
percorre vários
pontos da cidade
coletando carga para
ser levada a
determinado local
onde é depositada
para depois ser
transportada pela
empresa encarregada
de efetuar a remessa
para outras
localidades. Durante
o processo de coleta
o trabalhador vai
carregando cargas de
boa qualidade umas,
pouca qualidade,
outras, e também de
qualidade negativa.
Reunidas todas, se
transformam na
qualidade da carga a
ser transportada.
Assim também
acontece com o
Espírito. Durante
várias e infindáveis
existências, através
de suas atitudes,
vai somando hábitos,
impulsos, desejos,
intenções,
pensamentos,
tendências e muitas
outras virtudes e
mazelas à sua
bagagem espiritual.
Formou-se, dessa
forma, a sua
personalidade.
Para a solução de
prementes
necessidades da vida
material, aos poucos
desenvolveu a
inteligência. Com
ela, embora ainda
rudimentar, o homem
aprendeu a
defender-se e a
arquitetar planos de
sobrevivência. Mais
tarde, após lutas
acérrimas, foi
desabrochando o
sentimento e com ele
a sua afetividade,
ou seja, a
inteligência
emocional.
Nessa altura as suas
conquistas já fazem
parte da consciência
e, por isso, os
pensamentos precisam
ser mais bem
vigiados, pois com
facilidade vêm à
tona as tendências
instintivas que se
resguardam nos
arquivos da alma.
Foi isso que levou
Paulo de Tarso na
epistola 7, aos
Romanos, afirmar:
“... Porque nem
mesmo compreendo o
meu próprio modo de
agir, pois não faço
o que prefiro, e,
sim, o que detesto”.
É necessário atentar
para Kardec quando
nos adverte de que o
interesse pessoal é
o grande entrave ao
nosso progresso
espiritual.
Atentemos ainda para
o que nos ensina
Ermance Dufaux em
seu livro REFORMA
ÍNTIMA SEM MARTÍRIO,
capitulo 10:...
“Devido a esse
arcabouço
psicológico do
personalismo,
vivemos,
preponderantemente,
em torno daquilo que
imaginamos que
somos, sustentados
por convicções e
hábitos que irrigam
o ‘cosmo pensante’
do ser com ideias e
sentimentos irreais
ou deturpados sobre
nós mesmos. São
ilusões. Sua
manifestação mais
saliente é a criação
de uma autoimagem
superdimensionada em
valores conquistados
que supomos possuir.
Lutamos há milênios
com a força
descomunal desse
reflexo-matriz que
dirige por
automatismo, até
mesmo, a maioria de
nossas escolhas.
Em razão disso,
quando temos o
interesse pessoal
contrariado, nos
magoamos; quando
feridos, penetramos
no melindre; quando
ameaçados, tombamos
na insegurança;
quando traídos,
caímos na revolta;
quando lesados,
inclinamos para o
revide.
Entretanto, podemos
mudar esse quadro,
pois Freud, um dos
mais célebres
cientistas das
ciências psíquicas,
dizia que, em
matéria de impulsos,
depositava
esperanças no futuro
por considerar os
seres humanos
educáveis.
O desenvolvimento de
novos hábitos
constitui a
terapêutica para
nossos impulsos
egoístas. A
caridade, entendida
como criação de
relações educativas,
será medida
libertadora dessa
escravidão dolorosa
nos costumes
humanos.
O treino da empatia,
o aprendizado de
saber ouvir, o
cultivo do respeito
à vida alheia, a
cautela no uso das
palavras dirigidas
ao próximo, a
sensibilidade para
com os dramas
humanos, as atitudes
de solidariedade
efetiva e renovadora
são autênticos
ensaios das
qualidades
superiores que vão,
pouco a pouco,
desenvolvendo o novo
reflexo do
“interesse
universal”,
desenovelando as
blandícias do
altruísmo e do amor
– reflexos celestes
do Pai, nos quais
todos fomos criados,
distantes do mal e
da dor.
Quando alcançamos
esse patamar,
podemos afirmar com
Kardec: ‘Em resumo,
naquele que nem
sequer concebe a
ideia do mal, já há
progresso
realizado’”.
Em complemento de
tudo o que consta
deste artigo,
lembramos Kardec, no
Capítulo XVII, item
4 de O Evangelho
segundo o
Espiritismo, quando
ele afirma com
sabedoria e
categoricamente:
“Reconhece-se o
verdadeiro espírita
pela sua
transformação moral,
e pelos esforços que
faz para dominar as
suas más
inclinações.
Enquanto se satisfaz
no seu horizonte
limitado, o outro,
que compreende
alguma coisa de
melhor, se esforça
para libertar-se
dele, e sempre o
consegue quando tem
boa vontade firme”.
Segundo estamos
entendendo, nos
ensinamentos
constantes nas
transcrições aqui
feitas, tanto Allan
Kardec como Ermance
Dufaux, pelo amor
dedicado à
humanidade, se
preocuparam em nos
fornecer, para
facilitar nossa
compreensão de
assunto tão árido,
regras para serem
empregadas na
solução desses
problemas bastante
intrincados que
trazemos nos
arquivos do nosso
subconsciente
espiritual, que
devem ser
transformados em
“grandezas
espirituais” que
pouco a pouco nos
iluminarão e
servirão de cicerone
na busca da
felicidade dos puros
Espíritos.
Com certeza valerá a
pena todo esforço e
até sacrifícios de
amor e renúncia
despendidos para a
conquista da tão
sonhada felicidade,
na companhia de
todos os queridos
amigos que nos
antecederam na
jornada terrena.