MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Entre a Terra e o Céu
André Luiz
(Parte
38 e final)
Concluímos a
apresentação do
estudo da obra
Entre a Terra e o Céu,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1954 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Os fatos na vida de
Zulmira e Antonina
ocorreram como fora
previsto?
Sim. Um ano depois do
casamento de Antonina,
André e seus amigos
dirigiram-se à
residência de Amaro.
Júlio e Leonardo haviam
renascido em paz, quase
que ao mesmo tempo,
trazendo ao mundo
elevados programas de
serviço, tal como fora
programado. Seus pais
prosseguiam juntos,
entrelaçados na mesma
compreensão fraternal, e
celebrava-se naquela
oportunidade o
matrimônio de Lucas e
Evelina.
(Entre a Terra e o Céu,
cap. XL, págs. 261 a
263.)
B. A história de Júlio
terminaria assim, com um
casamento risonho, à
moda de um filme bem
acabado?
A esta pergunta,
formulada por André
Luiz, Clarêncio
respondeu: "Não, André.
A história não acabou. O
que passou foi a crise
que nos ofereceu motivo
a tantas lições. Nossos
amigos, pelo esforço
admirável com que se
dedicaram ao reajuste,
dispõem agora de alguns
anos de paz relativa,
nos quais poderão
replantar o campo do
destino. Entretanto,
mais tarde, voltarão por
aqui a dor e a prova, a
enfermidade e a morte,
conferindo o
aproveitamento de cada
um. É a luta
aperfeiçoando a vida,
até que a nossa vida se
harmonize, sem luta, com
os Desígnios do Senhor".
(Obra citada, cap. XL,
págs. 263 e 264.)
C. Qual era o paraíso
sonhado por Odila?
Clarêncio perguntou a
Odila que céu ela, a
partir de agora, ela
procurava. Odila
respondeu com humildade:
"Devotado benfeitor, meu
lar terrestre é o meu
paraíso..." O instrutor
replicou: "Mas não
ignoras que o domicílio
do mundo não te pertence
mais". "Sim – concordou
Odila, respeitosa –, sei
disso, entretanto,
desejo servir a ele, sem
que ele seja meu... Amo
meu esposo por
inesquecível companheiro
da vida eterna,
abençoando a admirável
mulher a quem ele agora
pertence e que passei a
querer por filha de
minha ternura... Amo
meus filhos, apesar de
saber que não podem
presentemente sentir o
calor de meu coração...
Deus sabe que hoje amo
sem o propósito de ser
amada, que me proponho
oferecer-me sem
retribuição, a fim de
aprender com Jesus a dar
sem receber..." A emoção
embargou-lhe a voz. Os
demais tinham também os
olhos marejados de
pranto. Visivelmente
comovido, Clarêncio
levantou-lhe a fronte
submissa, afagou-lhe os
cabelos e, colocando-lhe
uma flor de luz sobre o
peito, exclamou: "Onde
permanece o nosso amor,
aí fulgura o céu que
sonhamos. Mereces o
paraíso que procuras.
Retorna, Odila, ao teu
lar quando quiseres. Sê
para o teu esposo e para
as almas que o seguem o
astro de cada noite e a
bênção de cada dia! O
amor puro outorga-te
esse direito. Volta e
ama... E, quando te
ergueres do vale
humano, teu coração será
como faixa de sol,
trazendo ao Cristo os
corações que pastorearás
no campo imenso da
vida!"
(Obra citada, cap. XL,
págs. 265 e 266.)
Texto para leitura
124. Evelina
se casa - Um ano
depois do casamento de
Antonina, André e seus
amigos dirigiram-se à
residência de Amaro.
Júlio e Leonardo haviam
renascido em paz, quase
que ao mesmo tempo,
trazendo ao mundo
elevados programas de
serviço. Recém-chegados
à Terra, sorriam
ingenuamente para nós,
conchegados ao colo
materno. Seus pais
prosseguiam juntos,
entrelaçados na mesma
compreensão fraternal.
Celebrava-se naquela
oportunidade o
matrimônio de Lucas e
Evelina, e nos dois
planos, entre encarnados
e desencarnados, tudo
era esperança e alegria,
paz e amor. Odila, na
função de sacerdotisa do
lar, ia e vinha, pondo e
dispondo na direção do
acontecimento. No
instante em que os
noivos trocaram as
alianças e se beijaram
com inexcedível afeto,
Odila, em muda oração,
se transfigurou,
coroando-se de luz, e
contemplou a filha,
embevecida. Obedecendo,
porém, a secreto
impulso, ao invés de
caminhar na direção de
Evelina, dirigiu-se para
Zulmira, enlaçando-a em
lágrimas. Havia naquele
gesto tanto carinho e
tanto reconhecimento,
que intensa emotividade
tomou de assalto André e
seus amigos.
Transfundiam-se ali dois
corações maternos, na
mesma vibração de paz,
haurida na vitória
interior pelo dever bem
cumprido. Envolta na
faixa de ternura em que
se via mergulhada, a
segunda esposa de Amaro
começou a chorar,
possuída de inexprimível
contentamento, como se
articulada melodia do
Céu lhe invadisse, por
inteiro, o coração. Foi
então que Antonina, a
pedido do pai de
Evelina, pronunciou uma
prece de agradecimento a
Jesus. Cerrando as
pálpebras, ela
concentrou-se,
semelhando-se a antena
vibrátil atraindo a onda
sonora. Clarêncio
abeirou-se dela e,
tocando-lhe a fonte com
a destra, entrou em
meditação. Ela então
orou, com sentida
inflexão de voz: "Amado
Jesus, abençoa a nossa
hora festiva que te
oferecemos em sinal de
carinho e gratidão.
Ajuda aos nossos
companheiros que hoje se
consorciam,
convertendo-lhes a
esperança em doce
realidade. Ensina-nos,
Senhor, a receber no
lar a cartilha de luz
que nos deste no mundo –
generosa escola de
nossos corações para a
vida imortal. Faze-nos
compreender, no campo em
que lutamos, a rica
sementeira de renovação
e fraternidade em que a
todos nos cabe aprender
e servir. Que possamos,
enfim, ser mais irmãos
uns dos outros, no
cultivo da paz, pelo
esforço no bem”. Depois,
recordando o episódio
das bodas de Caná, em
que Jesus transformou
água em vinho, rogou ao
Mestre que transformasse
a água viva de nossos
sentimentos em dons
inefáveis de trabalho e
alegria e aduziu:
“Reflete o teu amor na
simplicidade de nossa
existência, como o Sol
se retrata no fio d’água
humilde. Guia-nos,
Mestre, para o teu
coração que anelamos
eterno e soberano sobre
os nossos destinos, e
que a tua bondade
comande a nossa vida é o
nosso voto ardente,
agora e para sempre.
Assim seja". (Cap. XL,
págs. 261 a 263)
125. O
trabalho é a nossa lição
- Após a prece, doce
exaltação emotiva
pairava em todos os
semblantes. Odila,
sensibilizada, reunia
Amaro e Zulmira nos
braços, quais se lhe
fossem filhos do
coração. Fitando, nesse
momento, Antonina, André
lembrou-se da primeira
vez que estivera em sua
casa, para levá-la ao
Lar da Bênção. Ele não
podia imaginar, na
época, a importância que
aquela mulher teria no
drama que todos iriam
viver. Clarêncio, porém,
sabia: "Sim, sim... –
informou, gentil –, mas
não lhes dei a conhecer
antecipadamente a
significação dela no
romance vivo que
estamos acompanhando,
porque todos nós, meu
amigo, precisamos
reconhecer que o
trabalho é a nossa
lição. Movamos a mente
no serviço que nos
compete e adquiriremos a
chave de todos os
enigmas". Finda a festa,
Irmã Clara, então
abraçada a Odila,
convidou o grupo a
regressar à colônia. A
história terminaria,
assim, com um casamento
risonho, à moda de um
filme bem acabado? A
essa pergunta de André,
Clarêncio respondeu:
"Não, André. A história
não acabou. O que passou
foi a crise que nos
ofereceu motivo a tantas
lições. Nossos amigos,
pelo esforço admirável
com que se dedicaram ao
reajuste, dispõem agora
de alguns anos de paz
relativa, nos quais
poderão replantar o
campo do destino.
Entretanto, mais tarde,
voltarão por aqui a dor
e a prova, a enfermidade
e a morte, conferindo o
aproveitamento de cada
um. É a luta
aperfeiçoando a vida,
até que a nossa vida se
harmonize, sem luta, com
os Desígnios do Senhor".
A caravana espiritual,
constituída por dezenas
de companheiros,
iniciou a volta. A
viagem, diante do
firmamento que acendia
flamejantes lumes, não
podia ser mais bela...
Chegados, porém, ao Lar
da Bênção, viu-se que
Odila chorava
copiosamente. Aquela
alma varonil de mulher
vencera a batalha
consigo mesma, mas não
parecia satisfeita com o
próprio triunfo. Irmã
Clara conseguira-lhe
brilhante posição de
trabalho nas esferas
mais altas, todavia
Odila revelava-se em
penosa consternação.
(Cap. XL, págs. 263 e
264)
126. O céu fulgura
onde está o nosso amor
- Penetrando o santuário
de Blandina, o Ministro
abraçou a primeira
esposa de Amaro,
indagando: "Odila,
enquanto celebramos tua
vitória, dize que céu
procuras!" Ela caminhou
para Irmã Clara e
beijou-lhe a destra;
depois, voltando-se para
Clarêncio, respondeu com
humildade: "Devotado
benfeitor, meu lar
terrestre é o meu
paraíso..." O instrutor
replicou: "Mas não
ignoras que o domicílio
do mundo não te pertence
mais". "Sim – concordou
Odila, respeitosa –, sei
disso, entretanto,
desejo servir a ele, sem
que ele seja meu... Amo
meu esposo por
inesquecível companheiro
da vida eterna,
abençoando a admirável
mulher a quem ele agora
pertence e que passei a
querer por filha de
minha ternura... Amo
meus filhos, apesar de
saber que não podem
presentemente sentir o
calor de meu coração...
Deus sabe que hoje amo
sem o propósito de ser
amada, que me proponho
oferecer-me sem
retribuição, a fim de
aprender com Jesus a dar
sem receber..." A emoção
embargou-lhe a voz. Os
demais tinham também os
olhos marejados de
pranto. Visivelmente
comovido, Clarêncio
levantou-lhe a fronte
submissa, afagou-lhe os
cabelos e, colocando-lhe
uma flor de luz sobre o
peito, exclamou: "Onde
permanece o nosso amor,
aí fulgura o céu que
sonhamos. Mereces o
paraíso que procuras.
Retorna, Odila, ao teu
lar quando quiseres. Sê
para o teu esposo e para
as almas que o seguem o
astro de cada noite e a
bênção de cada dia! O
amor puro outorga-te
esse direito. Volta e
ama... E, quando te
ergueres do vale
humano, teu coração será
como faixa de sol,
trazendo ao Cristo os
corações que pastorearás
no campo imenso da
vida!" Odila ajoelhou-se
e beijou-lhe as mãos
veneráveis. Nesse
instante, André
experimentou funda
saudade. Experimentou
então a sensação do pai
que busca inutilmente os
filhos arrebatados ao
seu carinho. Lágrimas
quentes derramaram-se
de seus olhos e ele
buscou um jardim
próximo, onde o vento
que soprava parecia
dizer-lhe: "Confia!",
enquanto o perfume das
flores apelava, em
silêncio: "Não te
detenhas!", e as
constelações faiscantes
o concitavam, sem
palavras: "Luta e
aperfeiçoa-te! A
plenitude do teu amor
brilhará também um dia!"
(Cap. XL, págs. 265 e
266)