GERSON SIMÕES
MONTEIRO
gerson@radioriodejaneiro.am.br
Rio de Janeiro,
RJ (Brasil)
Contanto que
você não erre...
O bondoso médico
e espírita
Adolfo Bezerra
de Menezes
almoçava na casa
de Quintino
Bocaiúva, o
grande
jornalista e
senador
republicano, e o
assunto era o
Espiritismo,
pelo qual
Bocaiúva passara
a interessar-se.
No meio da
conversa, um
empregado da
família
comunica-lhe:
“Doutor, o rapaz
do acidente está
aí com um
policial”.
Quintino, que
fora
surpreendido no
seu escritório
com um tiro de
raspão, que por
pouco não lhe
atingiu a
cabeça, estava
indignado com o
servidor que
inadvertidamente
fizera o
disparo.
O rapaz, ao
entrar na sala
preso por um
policial, roga a
Quintino, em
lágrimas, que
perdoasse o seu
erro, dizendo
que era pai de
dois filhos e
que ele não
tivera nenhuma
intenção de
atingi-lo. E
exclama: “Se o
senhor me
processar, que
será de mim? Sua
desculpa me
livrará! Prometo
não mais brincar
com armas de
fogo! Mudarei de
bairro, não
incomodarei o
senhor…”.
Diante disso,
Quintino
Bocaiúva,
inflexível,
respondeu-lhe:
“De modo algum.
Mesmo que o seu
ato tenha sido
de mera
imprudência, não
ficará sem
punição”.
Quintino, muito
encolerizado,
percebendo que
Bezerra de
Menezes se
sentia mal com o
seu mal
proceder,
faz-lhe uma
pergunta, mas no
fundo querendo
uma resposta a
seu favor para
punir o rapaz:
“Bezerra, eu não
perdoo erro. E
você acha que
estou fora do
meu direito?”
Nesse momento,
Bezerra de
Menezes cruzou
os braços com
humildade e
respondeu: “Meu
amigo, você tem
plenamente o
direito de não
perdoar,
contanto que
você não erre…”.
Quintino, após
refletir por um
momento na
resposta
recebida, diz ao
policial: “Solte
o homem. O caso
está liquidado”.
E fala para o
moço já liberto,
que mostrava
profundo
agradecimento:
“Volte ao
serviço hoje
mesmo, e ajude
na copa”.
Em seguida,
lançou
inteligente
olhar para
Bezerra, o
Médico dos
Pobres, e
continuou a
conversar. Esse
caso nós
extraímos do
livro “Almas em
Desfile”,
editado pela
FEB: Av. Passos,
30, Centro –
Tel.: 3970-2066.
Inspirado em
Jesus, considero
que devemos
sempre, quando
nos sentirmos
ofendidos por
alguém, lembrar
que podemos
também errar
setenta vezes
sete.