Redenção
Antero Costa Carvalho
Acusado sem culpa ante a
calúnia infrene,
Explico-me a chorar, no
entanto é assim que eu
morro...
“Deus! Ampare-me, ó
Deus!” – exoro por
socorro,
Sem que a força do Céu
me responda ou me acene.
N’alma, remorso algum...
Nada que me condene...
Nas raias da agonia, em
pranto jorro a jorro,
A bênção da oração é o
teto a que recorro,
A render-me, sem mágoa,
ao minuto solene.
Mas quando o corpo tomba
exânime, cansado,
Vejo-me, austero algoz,
a rugir no passado,
Em vômitos de lama, a
cólera assassina...
O lobo então que eu
fora, o suplício
desterra!
Glória à reencarnação!
Glória às dores da
Terra,
Em que se cumpre a Lei
da Justiça Divina!...