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Crônicas e Artigos
Ano 4 - N° 163 - 20 de Junho de 2010

PAULO HAYASHI JR.
paulo.hayashi@hotmail.com
Porto Alegre, Rio Grande do Sul (Brasil)
 

A caridade é o pão dos anjos


É indiscutível a diferença existente entre os níveis e estilos de vida dos Homens. Há pessoas cujos padrões, mesmo em país tupiniquim, são elevadíssimos, vivendo do bom e do melhor que o dinheiro e o cartão de crédito podem comprar. E há também aqueles cuja miséria é sentida, não apenas pela falta de água potável, saneamento básico e educação, mas nas dificuldades em viver o tempo atual. Há analfabetos tecnológicos, bem como pessoas excluídas de eventos públicos, shopping centers, hipermercados. Tudo isso pela falta de preparo, seja em termos de roupas e vestuários, seja em termos psicológicos. Seria como colocar um peixe fora do ambiente que está acostumado. Todavia, qual é a causa deste disparate? Por que há tanto desnível entre os seres humanos?  

Primeiramente não culpo o sistema capitalista, pois acredito que ele seja o modo de produção mais permeável à subida e à descida hierárquica do que outros modos (produção asiática, escravocrata, feudalismo, socialismo). Além de ele ser o que mais defende a democracia até agora. Todavia, ele (o capitalismo) não é perfeito, pois o ser humano não é perfeito.

Se sonhamos com uma sociedade próxima da perfeição, precisamos estudar e refletir, orar e trabalhar para o aprimoramento de nós mesmos por meio da substituição de velhos vícios arraigados por novos hábitos saudáveis e altruísticos. É a educação de nossos hábitos e rotinas que formará um modo de produção cada vez mais perfeito e justo. Não é por meio do egoísmo que se melhora uma sociedade, nem por meio da hipocrisia. É necessário partir para a prática. Daí a importância da caridade. Não vejo como ensinar a caridade sem a prática, uma vez que ela não permite ficar apenas no discurso. A caridade vivenciada é forma segura de aprimoramento do ser humano e, consequentemente, da sociedade.

Não é pelo poder e pela sua luta que iremos mudar a sociedade para melhor, muito menos o ser humano. Tal questão já foi carimbada na história da humanidade, seja pela morte de Sócrates, seja pela crucificação de Jesus e de tantos outros inocentes. É necessário buscar primeiro a perfeição interior da pessoa, pois, senão, “como atirar a primeira pedra”?!  É o que diz Amit Goswamy sobre a revolução quântica que é a revolução ou reforma íntima do ser. Todos nós temos defeitos e imperfeições, mas somos plenamente e perfeitamente perfectíveis. Cabe a cada um de nós consertar o seu próprio telhado. Desta forma, como bem disse Paulo de Tarso, “o que uma pessoa plantar, é isso mesmo que colherá”. (Gálatas 6,7.)  

A caridade é uma virtude chave, a chave mestra, pois ela possibilita iluminar outras virtudes e hábitos que podem mudar o caráter e a moral, o destino e a felicidade do ser humano.

Se há diferenças entre os homens não é por acaso, pois é o ser humano quem se faz, recebendo no presente a carga de consequências do uso do livre-arbítrio no passado, bem como as lições e oportunidades de melhora.  

Sejamos como bons semeadores, cujas sementes de caridade e altruísmo, esclarecimento e consolo sirvam como meios que possibilitam a melhora da vida de muitos e também, de nossa própria situação futura. A caridade é o pão dos anjos, o Panis Angelicus. Assim, nada mais justo, nada mais lógico do que matarmos a nossa fome de perfeição com a caridade.


 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita