CLAUDIA SCHMIDT
claudia2704@gmail.com
Santo Ângelo,
Rio Grande do
Sul (Brasil)
Agradecer a Deus
“Por que Deus
a uns concedeu
as riquezas e o
poder, e a
outros, a
miséria? Para
experimentá-los
de modos
diferentes. Além
disso, como
sabeis, essas
provas foram
escolhidas pelos
próprios
Espíritos, que
nelas,
entretanto,
sucumbem com frequência.”
(O Livro dos
Espíritos,
questão 814.)
– Mas é meu
aniversário! –
gritou Renan,
diante da
vitrine que
mostrava o
brinquedo que
ele queria.
– Sim, eu sei –
respondeu a mãe.
– Você já ganhou
seus presentes e
não pode querer
tudo que
enxerga, meu
filho.
– Só mais este!
– implorou o
menino.
Diante da
negativa e do
olhar sério e
firme da mãe, o
garoto se calou.
– Você não está
sabendo
valorizar o que
tem, Renan. E
nem agradecer
tudo o que
possui.
Era verdade. O
menino reclamava
muito e sempre
queria os
brinquedos da
moda, sem se
importar se os
pais podiam
comprar; e assim
que os ganhava,
perdia o
interesse.
Enquanto seguiam
de volta para
casa, Dona Ana
perguntou:
– Você já
percebeu quantas
coisas tem para
agradecer?
– Como assim?
– Agradecer a
Deus tudo o que
você tem: uma
casa
confortável, a
escola onde você
aprende muitas
coisas.
Ela fez uma
pausa e
prosseguiu: –
Pai, mãe, dois
irmãos...
Dona Ana sorriu
e a conversa
continuou.
Renan, com a
ajuda da mãe,
sentiu-se grato
pela comida,
roupas, móveis,
pelo cachorro e
por sua
bicicleta.
Em um feriado,
quando eles
voltavam de um
passeio, o carro
estragou perto
da entrada da
cidade. Enquanto
aguardavam o
conserto do
automóvel, Renan
observou as
casas e as
crianças que
brincavam ali
perto. Eram
casas muito
simples, algumas
pareciam feitas
de papelão e
tábuas velhas.
As crianças
brincavam com
uma bola feita
de pedaços de
pano, toda
remendada.
Havia pessoas
idosas, sentadas
à sombra, e a
mãe de Renan foi
conversar com
elas. Logo
percebeu que
faltava comida,
remédios e
esperança
naqueles lares.
Renan a tudo
observava,
enquanto
lembrava das
vezes que não
quis comer
porque a comida
não era aquela
que ele tinha
pedido para o
almoço.
Alguns dias
depois, mãe e
filho voltaram
àquele local,
trazendo comida,
remédios,
cobertores e
roupas que
arrecadaram em
uma campanha
organizada em
seu bairro.
Através de
muitas conversas
com a mãe, Renan
compreendeu que
cada Espírito
vivencia
diferentes
situações para o
próprio
aprendizado.
Assim, as
privações
materiais são
provas pelas
quais os
Espíritos
passam, mas que
podem ser
amenizadas por
corações
caridosos. Com o
tempo, ele
compreendeu,
inclusive, que a
riqueza também é
uma prova, pois
todos vão
prestar contas
da utilização
que fizeram dos
bens que foram
emprestados por
Deus.
Durante outros
passeios, Renan
e Dona Ana
fizeram novas
listas de
agradecimento,
inclusive uma em
ordem
alfabética,
incluindo as
árvores, os
brinquedos, o
céu... Em outras
oportunidades,
mãe e filho
agradeceram
pelos rios,
mares, flores,
pelas aulas de
evangelização
espírita, pelas
coisas que já
sabiam, pelo
passado e também
pelo futuro.
Aos poucos,
Renan deixou de
reclamar, pois
foi percebendo
que, embora não
tivesse tudo
aquilo de que
gostaria, devia
agradecer a Deus
por tudo que faz
parte da vida,
percebendo e
valorizando as
oportunidades de
aprendizado
nesta
encarnação.