ASTOLFO O. DE OLIVEIRA
FILHO
aoofilho@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
A Revue Spirite
de 1866
Allan Kardec
(Parte
9)
Continuamos a apresentar
o
estudo da Revue
Spirite
correspondente ao ano de
1866. O texto condensado
do volume citado será
aqui apresentado em 16
partes, com base na
tradução de Júlio Abreu
Filho publicada pela
EDICEL.
Questões preliminares
A. Que é que Kardec
disse acerca da
necessidade de
propagação da doutrina
espírita?
Ele entendia que se
deviam investir recursos
na propagação da
doutrina espírita,
porque onde as ideias
espíritas penetram os
abusos caem e o
progresso se realiza. “É
necessário – disse ele –
empenhar-se, pois, em as
espalhar: aí está a
coisa possível e
prática, a verdadeira
alavanca, alavanca
irresistível quando se
tiver adquirido a força
suficiente pelo
desenvolvimento completo
dos princípios e pelo
número dos aderentes
sérios.” “Mil adeptos
ganhos para a causa e
espalhados em mil
lugares diversos
apressarão mais a marcha
do progresso do que um
edifício.”
(Revue Spirite de 1866,
pp. 201 e 202.)
B. Kardec era favorável
à fundação de obras de
beneficência coletiva?
Sim. Ele as encorajava,
afirmando que elas têm
vantagens
incontestáveis. “Nós as
conhecemos em Paris, nas
Províncias e no
Estrangeiro”, revelou
Kardec. “Lá, membros
dedicados vão a
domicílio inquirir dos
sofrimentos e levar o
que às vezes vale mais
do que os socorros
materiais: as
consolações e o
encorajamento. Honra a
eles, porque bem merecem
do Espiritismo! Que cada
grupo assim haja em sua
esfera de atividade e
todos juntos realizarão
maior soma de bens do
que uma caixa central
quatro vezes mais rica.”
(Obra citada, pp. 203 e
204.)
C. A que conclusão
chegou o governo francês
a respeito das causas da
loucura?
Segundo relatório
dirigido ao Imperador
pelo ministro da
Agricultura, Comércio e
Trabalhos Públicos,
sobre o estado de
alienação mental na
França, publicado no
Moniteur de
16/4/1866, ficaram
desmentidas formalmente
as acusações lançadas
pelos adversários do
Espiritismo, que eles
acusavam de ser causa
preponderante da
loucura. A Revue
transcreveu os números,
que indicam que 60% dos
casos eram atribuídos a
causas físicas e que,
entre os 40% atribuídos
a causas morais, os
pesares domésticos
constituíam cerca de um
quarto das ocorrências.
Ao comentar a notícia,
Kardec lembrou que,
entre as causas morais
minuciosamente relatadas
pelo ministro, o
Espiritismo não figurava
nominalmente nem por
alusão, o que constituía
a mais peremptória
resposta que se podia
dar aos que acusavam o
Espiritismo de ser a
causa preponderante da
loucura.
(Obra citada, pp. 204 a
211.)
Texto para leitura
104. Vêm a seguir os que
aceitam a ideia como
filosofia, porque isso
lhes satisfaz à visão,
mas cuja fibra moral não
é suficientemente tocada
para compreender as
obrigações que a
doutrina impõe aos que a
assimilam. O homem velho
ainda ali está presente,
e a reforma de si mesmo
lhes parece tarefa muito
pesada, embora entre
eles possam encontrar-se
propagadores e zelosos
defensores. (Pág.
198.)
105. Depois há as
pessoas levianas, para
quem o Espiritismo está
todo nas manifestações.
Extasiam-se ante o
fenômeno, mas ficam
frias ante uma
consequência moral.
(Págs. 198 e 199.)
106. Há, enfim, o número
muito grande de
espíritas mais ou menos
sérios, que não puderam
colocar-se acima dos
preconceitos e do que
dirão, retidos pelo medo
do ridículo; aqueles que
considerações pessoais
ou de família, e
interesses por vezes
respeitáveis, de certo
modo forçam a manter-se
afastados. Não se pode
querer muito deles,
porque é preciso uma
força de caráter, que
não é dada a todos, para
enfrentar a opinião em
certos casos. (Pág.
199.)
107. O Espiritismo,
advertiu Kardec, não tem
o privilégio de
transformar subitamente
a Humanidade e, se a
gente pode admirar-se de
uma coisa, é do número
de reformas que ele já
operou em tão pouco
tempo. Por que isso se
dá? É que enquanto há
indivíduos onde ele
encontra o terreno
preparado, noutros ele
só penetra gota a gota,
conforme a resistência
que encontra no caráter
e nos hábitos
arraigados. (Pág.
199.)
108. Uma observação
interessante é a da
proporção dos adeptos
segundo as categorias
mencionadas. Diz o
codificador do
Espiritismo que naquele
momento (meados de 1866)
havia apenas 10% de
espíritas completos, de
coração e devotamento,
25% de espíritas
incompletos, que
buscavam mais o lado
científico que o lado
moral e 30% de espíritas
levianos, somente
interessados nos fatos
materiais. Os demais
seriam espíritas não
confessos ou que se
ocultam. (Pág. 200.)
109. Relativamente à
posição social,
dividindo-se as
categorias em duas
classes – ricos e
trabalhadores –, o
quadro seria este: em
100 espíritas da
primeira categoria,
haveria 5 ricos e 95
trabalhadores; na 2a
categoria, 70 ricos para
30 trabalhadores; na 3a
categoria, 80 ricos para
20 trabalhadores; na 4a,
99 ricos para 1
trabalhador. Sem dizer
como esses números foram
obtidos, Kardec explica
que a diferença na
proporção entre os que
são ricos e os que não o
são decorre do fato de
que os aflitos acham no
Espiritismo uma imensa
consolação, que os ajuda
a suportar o fardo das
misérias da vida.
“Assim”, diz Kardec,
“não é surpreendente
que, gozando mais
benefício, o apreciem
mais e o tomem mais a
sério do que os felizes
do mundo.” (Pág.
200.)
110. O que disse sobre a
criação de uma caixa
geral e de socorro,
Kardec estendeu à ideia
de se fundarem
estabelecimentos
hospitalares e outros,
cuja manutenção exigiria
pessoal capaz e
suficiente e recursos
financeiros vultosos,
muito acima das
possibilidades dos
espíritas de seu tempo.
Sua ideia muito clara
era que se deviam
investir recursos na
propagação da doutrina
espírita, porque onde as
ideias espíritas
penetram os abusos caem
e o progresso se
realiza. “É necessário”,
diz ele, “empenhar-se,
pois, em as espalhar: aí
está a coisa possível e
prática, a verdadeira
alavanca, alavanca
irresistível quando se
tiver adquirido a força
suficiente pelo
desenvolvimento completo
dos princípios e pelo
número dos aderentes
sérios.” (Pág. 201.)
111. Kardec indaga,
então: “Por que, então,
gastar energias em
esforços supérfluos, em
vez de as concentrar num
ponto acessível e que
seguramente deve
conduzir ao objetivo?”
“Mil adeptos ganhos para
a causa e espalhados em
mil lugares diversos
apressarão mais a marcha
do progresso do que um
edifício.” (Págs. 201
e 202.)
112. Considerando que um
projeto de formação de
uma caixa de socorro
entre os espíritas de
uma mesma localidade
seria coisa viável – ou
menos quimérica –,
Kardec adverte que o
Espiritismo não forma
nem deve formar classe
distinta, pois se dirige
a todos, e por seu
princípio deve estender
a caridade
indistintamente, sem
inquirir da crença,
porque todos os homens
são irmãos. (Págs.
202 e 203.)
113. O codificador,
encorajando as obras de
beneficência coletiva,
afirma que essas têm
vantagens incontestáveis
e, longe de as censurar,
as incentivava. “Nós as
conhecemos em Paris, nas
Províncias e no
Estrangeiro”, revelou
Kardec. “Lá, membros
dedicados vão a
domicílio inquirir dos
sofrimentos e levar o
que às vezes vale mais
do que os socorros
materiais: as
consolações e o
encorajamento. Honra a
eles, porque bem merecem
do Espiritismo! Que cada
grupo assim haja em sua
esfera de atividade e
todos juntos realizarão
maior soma de bens do
que uma caixa central
quatro vezes mais rica.”
(Págs. 203 e 204.)
114. Relatório dirigido
ao Imperador pelo
ministro da Agricultura,
Comércio e Trabalhos
Públicos, sobre o estado
de alienação mental na
França, publicado no
Moniteur de
16/4/1866, desmentiu
formalmente as acusações
lançadas pelos
adversários do
Espiritismo, que eles
acusavam de ser causa
preponderante da
loucura. A Revue
transcreve os números,
que indicam que 60% dos
casos eram atribuídos a
causas físicas. Entre os
40% atribuídos a causas
morais, os pesares
domésticos constituíam
cerca de um quarto das
ocorrências. (Págs.
204 a 210.)
115. Comentando a
notícia, Kardec lembra
que, entre as causas
morais minuciosamente
relatadas pelo ministro,
o Espiritismo não
figurava nominalmente,
nem por alusão, o que
constituía a mais
peremptória resposta que
se podia dar aos que
acusam o Espiritismo de
ser a causa
preponderante da
loucura. (Págs. 210 e
211.)
116. A Revue
noticia o falecimento do
literato e poeta Joseph
Méry, morto em Paris aos
67 anos e meio de idade,
em junho último. O Sr.
Méry não era adepto do
Espiritismo, mas
espírita por intuição,
porque, além de
acreditar nos princípios
da doutrina, afirmava
com toda a convicção ter
vivido em Roma ao tempo
de Augusto, na Alemanha
e nas Índias.(Págs.
211 a 214.)
(Continua no próximo
número.)