Desculpa
Irene Ferreira de Souza
Pinto
Escuta serenamente
Quem te repele ou
censura.
Há muito fel de
amargura,
Em forma de maldição.
Às vezes quem te
maltrata
Arrasta apenas consigo
Sede, fome e desabrigo
Por brasas no coração.
Quem te injuria e
escarnece,
Na frase agressiva,
azeda,
Em si sofre a labareda
Que verte do próprio
mal.
Toda cólera é doença.
Aquele que se enraivece
Solicita o pão e a prece
Do socorro fraternal.
Muita gente cai nas
trevas,
Por não achar, no
caminho,
Brandura, silêncio e
ninho,
No peito amigo de
alguém.
Inda que ofensas te
cubram
E lâminas te retalhem,
Que as tuas forças não
falhem
Na força que espalha o
bem.
Desculpa,
constantemente,
O golpe, a pedrada, o
insulto,
Apesar do pranto oculto,
Amargo, desolador!
– Quem tolera e quem
perdoa,
Embora de alma ferida,
Encontra, na própria
vida,
O reino do Eterno Amor.
Irene Ferreira de Souza
Pinto nasceu em Amparo
(SP) em 8 de abril de
1887 e faleceu no Rio de
Janeiro em 21 de maio de
1944. Poetisa de fino
talento e bela
inspiração, começou seus
estudos no Colégio
Florense, de Jundiaí
(SP) e os terminou no
Sion, de São Paulo.
Colaborou na Revista
Feminina; foi a criadora
das crônicas sociais do
Correio Paulistano. O
poema acima integra o
livro
Antologia dos Imortais,
obra psicografada pelos
médiuns Francisco
Cândido Xavier e Waldo
Vieira