O bom
senso de Kardec em
relação ao divórcio
Acredito que a separação
conjugal é um dos
processos mais dolorosos
a que estamos sujeitos
na Terra. Quando o casal
tem filhos, então, a dor
toma proporções
gigantescas.
Sentimento de fracasso,
vazio e culpa são
algumas das sensações
que transitam pelo
coração daqueles que se
propõem a separar as
“escovas de dentes”.
Sofrem todos: filhos e
cônjuges, familiares e
amigos.
A família é, pois,
reestruturada
completamente a partir
da ausência de um dos
cônjuges. Dúvidas que
surgem, temores,
receios...
Como educar os filhos de
agora em diante? Mudará
nossa relação? E os
amigos em comum, será
que ainda teremos
contato?
Enfim, é uma nova vida,
um recomeço...
Diria que um recomeço
mais complicado também
sob o aspecto
financeiro, porquanto as
despesas multiplicam-se
em velocidade
vertiginosa.
No entanto, prosseguir é
preciso.
Por isso mesmo o ideal é
o entendimento de marido
e esposa, a compreensão,
o apoio mútuo.
A união de homem e
mulher visa,
naturalmente, a evolução
daqueles Espíritos
ligados pelos laços do
matrimônio.
Portanto, sou a favor da
reconciliação sempre que
possível, sou partidário
de que a separação deva
se dar apenas em casos
extremos.
Todavia, pela falta de
entendimento dos
objetivos da existência
humana e,
principalmente, a dureza
de nossos corações,
conforme acentua Jesus,
os casos de casamentos
que chegam ao nível do
insustentável, gerando
agressões físicas e
verbais, ainda existem.
Nessas circunstâncias a
separação do casal é
inevitável.
Melhor a separação do
que cultivar as feridas
abertas constantemente
pela imaturidade humana
que transforma o lar em
ringue.
Fui casado por 10 anos e
dessa união
tive dois filhos.
Separamo-nos e posso
afirmar a dificuldade
que enfrentei. Todavia,
depois dos obstáculos,
hoje me sinto melhor e
em paz.
Reitero que sou a favor
do entendimento.
Separação só mesmo em casos
extremos.
Muita gente, ao saber de
minha separação, fez o
seguinte alerta:
Você está desertando de
seu compromisso!
Apenas lamentei:
Uma pena, mas na atual
conjuntura a separação
foi inevitável. Em
realidade já estávamos
separados há tempos.
Próximos
geograficamente,
distantes
emocionalmente.
Como fez com diversos
temas que inquietam as
pessoas, Allan Kardec
também analisou o
divórcio. Em O Evangelho
segundo o Espiritismo,
diz o codificador:
O divórcio é lei humana
que tem por objeto
separar legalmente o que
já, de fato, está
separado. Não é
contrário à lei de Deus,
pois que apenas reforma
o que os homens hão
feito e só é aplicável
nos casos em que não se
levou em conta a lei
divina.
O bom senso de Kardec é
notável. Óbvio: o
divórcio apenas legaliza
a distância imposta pela
falta de entendimento.
Embora não seja o ideal,
o divórcio pode, não
raro, salvar vidas.
Quando o respeito perde
seu espaço para as
agressões, a relação
torna-se insustentável,
até por uma questão de
segurança à integridade
física dos cônjuges, a
separação configura-se
como medida prudente.
Amigo leitor, melhor
adiar um compromisso do
que se comprometer ainda
mais perante as leis
divinas.
Muita gente afirma que
suportará seu
companheiro pelo resto
da vida para ver-se
livre dele em posterior
existência. Ledo engano,
porquanto suportar o
outro não é o que Jesus
espera de nós.
O mestre quer que nos
amemos uns aos outros,
pois apenas o amor
liberta. Quem aspira
liberdade cultiva o
amor.
Se alguma experiência
trago em face da
separação conjugal é a
de que devemos utilizar
o tempo de namoro como
abençoada oportunidade
de conhecer as pessoas a
que pretendemos nos unir
em matrimônio. Quais
suas aspirações e
objetivos? Temos
afinidades além da
paixão carnal? Gostamos
de conversar, bater
papo? Temos sonhos em
comum? O ciúme
ultrapassa os limites do
razoável?
Na época do namoro são
diversos questionamentos
interiores que podemos
fazer para que as
chances de sucesso
conjugal aumentem,
possibilitando-nos,
assim, construir uma
família alicerçada na
harmonia.
Eis a importância de
planejar os passos
capitais da existência.
O casamento é um deles,
por isso deve ser
planejado com zelo e
carinho, calma e
prudência. Assim, o
passar dos anos e o
arrefecimento da paixão
não serão passaportes
para o triste “suportar
o cônjuge”, pois
amá-lo verdadeiramente é
o objetivo principal, na
certeza de que
conquistamos um amigo
para a eternidade.
Contei o fato
relacionado à minha vida
porque considero
importante compartilhar
as experiências para que
mais pessoas tomem nota
e, se possível,
beneficiem-se do que já
vivemos.
Separar é muito
complicado, por isso,
amigo leitor, pense bem,
analise e reflita com
muito cuidado antes de
dar o importante passo
do casamento em sua
vida.