ASTOLFO O. DE OLIVEIRA
FILHO
aoofilho@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
A Revue Spirite
de 1866
Allan Kardec
(Parte
12)
Continuamos a apresentar
o
estudo da Revue
Spirite
correspondente ao ano de
1866. O texto condensado
do volume citado será
aqui apresentado em 16
partes, com base na
tradução de Júlio Abreu
Filho publicada pela
EDICEL.
Questões preliminares
A. Os Espíritos, ainda
que alcancem o grau
máximo de perfeição,
poderão igualar-se um
dia ao Criador?
Não. Segundo o Espírito
de Moki, isso não é
possível e dois são os
motivos: 1.) Até as
ciências reconhecem que
a parte jamais poderá
igualar o todo; 2.) A
natureza de Deus é um
obstáculo intransponível
a que isso se realize.
(Revue Spirite de 1866,
pp. 248 e 249.)
B. É verdade que a
rainha Vitória, da
Inglaterra, mantinha
contato com o Espírito
do príncipe Alberto?
De acordo com notícias
veiculadas por diversos
jornais, sim. A rainha
Vitória mantinha contato
com o Espírito de
Alberto e levava a sério
os conselhos que dele
recebia. Reportando-se
ao fato, a Revue
transcreve notícia do
periódico Le Salut
Public, de Lyon, de
3/6/1866, segundo a qual
a rainha Vitória,
acreditando obedecer à
voz do falecido príncipe
Alberto, tudo estava
fazendo para evitar o
conflito
austro-prussiano.
(Obra citada, pp. 249 e
250.)
C. Qual a explicação do
caso Tom, um jovem cego
de nascença, que
surpreendeu o povo
americano com seu dom
musical?
Primeiro, lembremos que
Tom, um jovem negro,
cego de nascença, dotado
de um maravilhoso
instinto musical, viu
pela primeira vez um
piano aos 4 anos de
idade. De acordo com o
Harpers Weekly,
de Nova York, ele fez
progressos tão rápidos e
admiráveis que o piano
se fez eco de tudo o que
ele ouvia. Agora, aos 17
anos, tocava a mais
difícil música dos
grandes autores com uma
delicadeza de toque, um
poder e uma expressão
raramente ouvidas. Na
Filadélfia, setenta
professores de música,
após ouvi-lo, admitiram
formalmente ser
impossível explicar tal
talento por qualquer das
hipóteses que podem
fornecer as leis da arte
e da ciência. O fato,
que se assemelha muito
com o caso Sibélius,
encontra explicação,
segundo Kardec, na
doutrina da
reencarnação, porquanto
uma faculdade instintiva
tão precoce não poderia
ser senão uma lembrança
intuitiva de
conhecimentos
anteriormente
adquiridos.
(Obra citada, pp. 279 a
281.)
Texto para leitura
146. O Espírito de Moki
confirma que os
Espíritos, mesmo
chegados ao grau máximo
de perfeição, jamais
poderão igualar-se ao
Criador. Dois são os
motivos: I) Até as
ciências reconhecem que
a parte jamais poderá
igualar o todo. II) A
natureza de Deus é um
obstáculo intransponível
a que isso se realize.
(Págs. 248 e 249.)
147. A Revue
transcreve notícia do
periódico Le Salut
Public, de Lyon, de
3/6/1866, segundo a qual
a rainha Vitória, da
Inglaterra, acreditando
obedecer à voz do
falecido príncipe
Alberto, tudo estava
fazendo para evitar o
conflito
austro-prussiano. Kardec
lembra que em março de
1864 a Revue já
havia informado que,
segundo notícia
publicada na época por
diversos jornais, a
rainha Vitória mantinha
contato com o Espírito
de Alberto e levava a
sério os conselhos que
dele recebia. (Págs.
249 e 250.)
148. Dois poemas
mediúnicos, um assinado
pelo Espírito de J. Méry
e outro por Casimir
Delavigne, são
transcritos pela
Revue, cujo número
de agosto de 1866 traz
como derradeira notícia
referência a uma Cantata
Espírita, letra e música
de conteúdo espírita,
mas não mediúnicas. A 1
franco e 50, a venda da
canção se fazia em
benefício dos pobres.
(Pág. 255.)
149. A Revue de
setembro de 1866 se
inicia relatando a
passagem dos irmãos
Davenport por Bruxelas,
onde suas apresentações
ocorreram pacificamente,
sem as cenas lamentáveis
que se registraram em
Paris. Do jornal
Office de Publicité,
de Bruxelas, Kardec
transcreve dois artigos
assinados pelo Sr.
Bertram, publicados nos
dias 8 e 22 de julho.
(Págs. 257 e 258.)
150. Com um tom irônico,
Bertram descreve o que
viu, mas diz que, a seu
ver, o que os Espíritos
têm dito nas sessões
espíritas são coisas
sabidas há muito tempo e
para obtê-las não
haveria necessidade de
evocar tantos mortos
ilustres. Nada, porém,
escreveu contra a
veracidade dos
fenômenos. (Págs. 258
a 262.)
151. Depois, ao
transcrever carta de um
leitor que fez vários
elogios ao Espiritismo e
à mudança que ele
produziu em sua vida, o
Sr. Bertram declarou:
“Jamais fiz objeção à
moral espírita; ela é
pura. Os espíritas são
honestos e benfeitores:
seus donativos para as
creches mo provaram. Se
se apegam aos seus
Espíritos superiores e
inferiores, não vejo
nisso inconveniente. É
uma questão entre o seu
instinto e a sua razão”.
(Págs. 262 a 264.)
152. Comentando o fato,
Kardec diz que se o Sr.
Bertram houvesse lido os
livros espíritas com a
atenção necessária
saberia que os espíritas
não são tão simplórios a
ponto de evocar o Judeu
Errante e Dom Quixote
(personagens sem
existência real, a não
ser em livros). Quanto à
ancianidade da moral dos
Espíritos, o codificador
não vê nisso nada de
surpreendente, visto
que, não sendo a moral
senão a lei de Deus,
essa lei deve ser de
toda a eternidade, não
havendo nada que o homem
possa acrescentar-lhe.
(Págs. 265 a 267.)
153. Concluindo seu
comentário, Kardec
concorda com a tese de
que não é no armário dos
irmãos Davenport que
encontraremos a doutrina
espírita, embora suas
demonstrações houvessem
feito com que muitos,
inclusive o Sr. Bertram,
falassem dos Espíritos,
mesmo sem acreditar
neles. (Pág. 268.)
154. É um fato
constatado, diz Kardec
na sequência, que a
crítica ao Espiritismo,
desde os seus
primórdios, mostrou a
mais completa ignorância
de seus princípios,
ainda os mais
elementares, situação
que começava a ser
alterada naquele
momento. “Não o acham
mais tão estranho e tão
ridículo”, assevera o
codificador, “porque o
conhecem melhor.”
(Págs. 268 e 270.)
155. Em apoio a essa
ideia, Kardec transcreve
um artigo publicado em
maio de 1866 no jornal
Soleil, no qual o
articulista trata o
Espiritismo com maior
profundidade e respeito,
como se pode ver no
trecho seguinte: “Se
jamais houve uma
doutrina consoladora,
certamente é esta: a
individualidade
conservada além do
túmulo, a promessa
formal de uma outra
vida, que é realmente a
continuação da primeira.
A família subsiste, a
afeição não morre com a
pessoa; não há
separação. Cada noite,
no sul e no oeste da
França, as reuniões
espíritas atentas
tornam-se mais
numerosas. Oram, evocam,
creem. Gente que não
sabia escrever, escreve;
sua mão é guiada pelo
Espírito”. (Págs. 270
e 271.)
156. Apesar dessas
referências elogiosas, o
artigo ironiza de certo
modo a obra Os Quatro
Evangelhos, do Sr.
Roustaing, embora lembre
que o Sr. Renan,
conhecido escritor e
autor dos Apóstolos,
faz nessa obra numerosas
alusões à nova doutrina,
cuja importância parecia
não desconhecer.
(Pág. 271.)
157. Não era, porém,
apenas na Europa que os
jornais davam uma melhor
acolhida aos fatos
espíritas. A 15 de junho
de 1866 o jornal
Progrès Colonial, de
Port-Louis, na Ilha
Maurícia, publicou uma
mensagem assinada pelo
Espírito de Lázaro,
antecedida por uma nota
em que o editor informa
que seu jornal recebia
todos os dias duas ou
três comunicações
semelhantes, as quais só
não haviam sido
publicadas porque o
jornal não tinha ainda
condições de consagrar
um lugar “a essa coisa
extraordinária chamada
Espiritismo”. (Pág.
273.)
158. Comentando notícia
divulgada pelo jornal
Événement, de 2 de
agosto de 1866, Kardec
recomenda mais uma vez
que se deve evitar
atribuir a uma causa
oculta fatos
aparentemente espíritas.
É preciso investigar
todas as possibilidades,
porque, existindo uma
causa material, sempre
se pode descobri-la. A
dúvida é em tais casos,
diz Kardec, “o partido
mais sábio”. (Págs.
274 e 275.)
159. Toda a cautela se
fazia necessária, porque
os adversários do
Espiritismo, supondo que
ele se encontra
inteiramente nos efeitos
físicos e não pode viver
sem isto, imaginavam
matá-lo desacreditando-o
ou pondo-o em condições
ridículas. Os jornais da
América não ficavam
atrás nisso, como se
pode ver no relato da
execução de um condenado
à morte ocorrida em
Cleveland, Ohio, o qual,
antes de morrer, falou
sobre a imortalidade da
alma e sobre o
Espiritismo. Suas
palavras produziram
profunda impressão sobre
o auditório, do que
teriam resultado
singulares efeitos, como
visões do falecido
relatadas com evidente
exagero pelo jornal
Herald, de
Cleveland. (Págs. 277
e 278.)
160. Outro fato
destacado pela imprensa
americana é o caso de
Tom, um jovem negro de
17 anos, cego de
nascença, dotado de um
maravilhoso instinto
musical. Tom viu pela
primeira vez um piano
aos 4 anos e desde
então, segundo o
Harpers Weekly, de
Nova York, fez
progressos tão rápidos e
admiráveis que o piano
se fez eco de tudo o que
ele ouvia. Agora, ele
tocava a mais difícil
música dos grandes
autores com uma
delicadeza de toque, um
poder e uma expressão
raramente ouvidas.
(Pág. 279.)
161. Como em Filadélfia,
setenta professores de
música, após ouvi-lo,
admitiram formalmente
ser impossível explicar
tal talento por qualquer
das hipóteses que podem
fornecer as leis da arte
e da ciência, Kardec
esclarece que o fato
encontra explicação na
doutrina da
reencarnação, porquanto
uma faculdade instintiva
tão precoce não poderia
ser senão uma lembrança
intuitiva de
conhecimentos
anteriormente
adquiridos. (Págs.
279 a 281.)
162. Pode um sonho
tornar grisalhos os
cabelos de uma pessoa? O
fato teria ocorrido na
Bretanha, segundo
informou o Petit
Journal de 14 de
maio de 1866. Kardec
admite que isso ocorra
em razão dos laços
fluídicos que unem a
alma ao corpo e
transmitem a este as
impressões que a alma
sinta quando dele esteja
afastada. Isso se
verifica durante o sono,
mas a alma não se dá
conta dessa separação.
Na visão do engenheiro
que teve os cabelos
encanecidos, havia duas
partes distintas: uma,
real e positiva,
constatada pela exatidão
da planta da mina onde
certamente esteve
durante a noite; a
outra, puramente
fantástica: a do perigo
que correu. Esta poderia
ser efeito da lembrança
de um acidente real ou
uma advertência para o
futuro. (Págs. 282 a
285.)
(Continua no próximo
número.)