A ti que me ouves
Alceu de Freitas Wamosy
Como o dia ao findar, o
decesso não trunca
O poder do ideal e a
corrente da vida...
Nem ancinho a morder,
nem mão em garra
adunca...
A morte? Apenas sonho
embalando a partida...
Se o caminho em que vais
é trilha que se junca
De farpas, lama e fel,
sem clareira ou saída,
Sê compaixão somente e
não sentirás nunca
A sombra da tristeza ou
a esperança perdida.
Se a agonia envenena o
pranto de teus olhos,
Qual rocio letal no lodo
que te banha,
Não te fira a visão de
tremedais e abrolhos.
O amor é como o sol ante
o charco profundo...
Amando, entenderás que a
dor mais rude e estranha
É sempre a Lei de Deus
que se move no mundo...
Alceu de Freitas Wamosy
nasceu em Uruguaiana-RS
em 14/2/1895, e
desencarnou em
Livramento, no mesmo
Estado, em 13/9/1923.
Poeta e jornalista,
trabalhou ativamente na
imprensa, principalmente
depois que fixou
residência em
Livramento, tendo sido
diretor de O
Republicano. O soneto
acima integra o livro
Antologia dos Imortais,
obra psicografada pelos
médiuns Francisco
Cândido Xavier e Waldo
Vieira.