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Crônicas e Artigos

Ano 4 - N° 169 - 1º de Agosto de 2010

PEDRO DE ALMEIDA LOBO
lobocmemtms@terra.com.br
Campo Grande, Mato Grosso do Sul (Brasil)
 

      Nem tudo que é legal é justo


Naquele dia, Jesus encontrava-se meditando, sentado nas areias brancas do Lago de Genesaré, quando, de repente, surgem, em Sua direção, uma mulher apavorada pedindo clemência e, atrás dela, um grupo de homens gritando: “adúltera, adúltera, adúltera...., tem que morrer apedrejada.       

Ofegante e desesperada, ela aproximou-se daquele homem, aparentemente solitário, rogando-lhe: - “Senhor, tem piedade de mim”. Ele lhe disse: – Aproxime-se de mim.  

Ela o fez.  Nesse ínterim, os homens pararam. Um deles, doutor da Lei, aproveitou-se da oportunidade para testá-Lo, fazendo-Lhe a seguinte indagação, em tom irônico: “O Senhor diz que não veio para destruir a Lei nem os profetas”, e agora, a Lei Judaica impõe que toda mulher adúltera tenha que morrer apedrejada. Essa que está ao Seu lado foi flagrada em adultério, portanto, está condenada à morte na forma da Lei. O que devemos fazer agora, Senhor?    

Jesus, com a paciência, misericórdia e compaixão, como sempre olha os seres humanos, disse-lhe: - “Dentre vós, aquele que se julgar sem pecado, atire a primeira pedra”. Sem mais argumentos, continuou rabiscando a areia.  

Diz a história que, ao ouvirem essas sábias palavras, as pedras caíram das mãos dos algozes, e os “justiceiros” saíram um a um, a partir dos mais velhos. Será porque talvez tivessem pecado mais? Observa-se que Jesus não julgou a ninguém. Porém, houve vários sumários e implacáveis julgamentos, no “tribunal” imaculado chamado consciência de cada um daqueles que desejava fazer justiça com as próprias mãos. Na consciência, mais cedo ou mais tarde a justiça impera.  

Frente a um crime praticado, o acusado poderá ser absolvido por sentenças prolatadas pelos magistrados encarnados em todas as instâncias jurisdicionais. Eles estão sujeitos ao império das leis humanas que têm como princípios gerais do direito o uso, costumes e tradição de um povo ou são criadas, por vezes, pelas mentes tendenciosas, e escritas pelas mãos maculadas dos seres humanos que estão sujeitos ao erro. Daí vem a injustiça. 

A justiça divina é pura e cristalina. Possui luz própria. Por isso é justa. O justo é divino. O legal é humano. Por essa razão: “nem tudo que é legal é justo”. 


 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita