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Há quem diga que as
seitas estão a destruir
o ambiente social
brasileiro. O que pode
ser feito para evitar
que o sentido de seita
se vá expandindo pelo
mundo fora?
Raul Teixeira: O
que verifico
pessoalmente, como
pessoa ligada à
Educação, é que o grande
problema não são as
seitas, é a ignorância.
Só adere às seitas o
indivíduo ignorante.
Assim, não adianta
combater igrejas e
seitas, deixando
persistir a ignorância.
No dia em que eu for
lúcido, que souber
pensar por mim mesmo,
não escolho mais as
seitas.
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No nosso País (Portugal)
elas estão a ter um
grande incremento, como
é o caso da Igreja
Universal do Reino de
Deus, que tem suscitado
muita polêmica. O
combate deve ser feito
através de mais cultura,
maior poder intelectual,
maior formação? São as
seitas típicas de países
subdesenvolvidos?
Raul Teixeira: As
seitas são típicas de
pessoas
subdesenvolvidas.
Lamentavelmente, nos
vários países em
desenvolvimento, tanto
nas Américas, quanto na
Europa, encontramos uma
preocupação por parte
dos políticos em manter
o status
quo da
ignorância, para que as
suas pretensões
político-doutrinárias
possam vigorar durante
muito tempo, e a escola
é um terrível inimigo
desses propósitos.
Então, manter o
obscurantismo ajuda
essas elites políticas,
e, aí, junta-se a fome
com a vontade de comer,
como diz o povo. As
seitas fazem um trabalho
muito bom para esses
políticos de má
qualidade.
Extraído de uma
entrevista concedida ao
jornal O Norte
Desportivo, de
Portugal, em 1996.