DAVILSON SILVA
davsilva.sp@gmail.com
São Paulo, SP (Brasil)
Que brilhe a nossa luz!
O homem demorou muito
tempo para distinguir-se
de seus companheiros
terrenos, os animais, e
ainda se demora na
iluminação do
raciocínio, descuidoso
do sentimento. “Assim
brilhe a vossa luz
diante dos homens a fim
de que vejam as vossas
boas obras e glorifiquem
ao vosso Pai que está no
Céu” (Mateus, 5:16),
disse Mestre Jesus. A
claridade do saber é
qual farol que orienta o
navegador, o que aclara
o discernimento em meio
à névoa das vicissitudes
da vida.
No exercício da livre
decisão, e de acordo com
a consciência, a
criatura,
gradativamente, foi
tendo ideia do
cumprimento de suas
forças e faculdades as
quais deveriam
transcender, colocar-se
em ponto mais alto como
síntese de todas as
aspirações. Daí, a
marcha humana estar
deveras sujeita à
coragem, ao valor
intrínseco de cada
indivíduo.
Sacerdotes de Ísis e
Osíris, há mais de
trinta mil anos,
afirmavam que o destino
da Alma possui duas
faces: a do cativeiro na
matéria e a da ascensão
à luz. Em sua doutrina
oculta, a dos livros
sagrados de Hermes
Trismegisto, entreviram
essa dicotomia. Um
desses livros, Pimander,
o mais autêntico, era
dedicado ao culto dos
mistérios da deusa
egípcia da fecundidade e
do deus governante do
mundo dos mortos;
tratava-se de uma
doutrina milenar que já
dava noção da
consciência do trabalho
a fazer, tarefa que só
caberia ao princípio
inteligente realizá-la.
Como os quietistas
Muitos têm confundido
espiritualização com
renúncia da vontade, na
indiferença absoluta, e
em ininterrupta
reverência mística. Esse
proceder fora alimentado
pelos quietistas,
adeptos de uma doutrina
propagada na Espanha e
na França. Em que pesem
o processo evolutivo, o
desenrolar dos
acontecimentos, as
mudanças gerais, há quem
prossiga pensando como
os adeptos dessa
doutrina mística e
anulatória de todo
anseio, admitindo-se
apenas descomedida
contemplação religiosa
como vínculo a Deus. O
Criador, segundo Jesus,
deveria ser honrado em
espírito e verdade.
Graças à fulgente luz
consoladora do
Espiritismo, bem sabemos
o porquê de Deus ter que
ser assim honrado.
Aliás, nunca faltou o
brilho do Alto em prol
da marcha humana, em
favor da sua perfeita
satisfação física e
moral. Consoante
elucidações dos
Benfeitores Espirituais,
sob a égide do Espírito
de Verdade e a
coordenação de Allan
Kardec, o homem não pode
retrogradar; 1 pode até
permanecer estacionário;
mas tem que progredir
sempre. Em suma, não
adianta resistir à lei
do progresso, lei de
Deus que nos obriga a
nos retificarmos
intimamente. Nosso Pai
deseja que a Sua obra,
ainda que encarnada,
cresça para Ele em amor
e ciência.
Deus não gera coisas sem
utilidade. Por exemplo,
Ele jamais conceberia um
ser feito Adão: um
verdadeiro parasita da
Natureza; um inútil! Por
que Adão teria de
permanecer ignorante sem
produzir coisa alguma?
Por que Deus teria lhe
dado uma companheira?
Para viver eternamente
ao seu lado, estéril e
tão inútil quanto ele?
E já que falamos do
“primeiro casal”,
admitindo-o, em verdade
Deus só o encorajaria a
instruir-se, a
informar-se da Sua Obra
para que, sobretudo,
tanto Adão quanto Eva O
buscassem pelo
autoconhecimento.
Persistir em dar como
verdadeiro esse
simbolismo é continuar
desvalorizando o valor
da suprema sabedoria
divina.
Portanto, a luz de que o
Mestre falou nunca será
conquistada fora de nós;
ela está dentro de cada
um, e só nos resta
suscitá-la. Em nós foi
criada a fagulha do amor
e sabedoria para que,
através dos tempos,
pudéssemos torná-la uma
chama...
Veja o que a esse
respeito corrobora
Emmanuel:
Iluminemos, pois, o
raciocínio sem descurar
o sentimento. Burilemos
o sentimento sem
desprezar o raciocínio.
O Espiritismo,
restaurando o
Cristianismo, é
universidade da Alma.
Nesse sentido, vale
recordar que Jesus, o
Mestre por excelência,
nos ensinou, acima de
tudo, a viver
construindo para o bem e
para a verdade, como a
dizer-nos que a chama da
cabeça não derrama a luz
da felicidade sem o óleo
do coração. 2
Notas:
1 - KARDEC, Allan. O
Livro dos Espíritos.
Tradução Herculano
Pires. 62. Ed. São
Paulo: Lake — Livraria
Allan Kardec Editora,
2001. Cap. 8, questões
778 e 779, p. 261.
2 - XAVIER, Francisco C.
Livro da Esperança
(Espírito Emmanuel). 10.
ed. Rio de Janeiro:
Federação Espírita
Brasileira (FEB), 1988.
Tema 17, p. 67.