MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Nos Domínios da
Mediunidade
André Luiz
(Parte
10)
Damos continuidade ao
estudo da obra
Nos Domínios da
Mediunidade,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1954 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Que projetor era
aquele que permitiu a Libório recordar o
passado?
Aulus explicou: "Aquele
aparelho é um
condensador ectoplásmico.
Tem a propriedade de
concentrar em si os
raios de força
projetados pelos
componentes da reunião,
reproduzindo as imagens
que fluem do pensamento
da entidade comunicante,
não só para a nossa
observação, mas também
para a análise do
doutrinador, que as
recebe em seu campo
intuitivo, agora
auxiliado pelas energias
magnéticas do nosso
plano".
(Nos Domínios da
Mediunidade, cap. 7,
págs. 66 a 68.)
B. As energias
necessárias ao
funcionamento do
aparelho dependiam de
todos os componentes do
grupo?
Sim. Aulus, explicando a
ocorrência, disse:
"Exato, as energias
ectoplásmicas são
fornecidas pelo conjunto
dos companheiros
encarnados, em favor de
irmãos que ainda se
encontram
semimaterializados nas
faixas vibratórias da
experiência física”. E
advertiu que pessoas
que exteriorizem
sentimentos menos
dignos, equivalentes a
princípios envenenados,
nascidos das viciações
de variada espécie,
perturbam enormemente as
atividades dessa
natureza, "porquanto
arrojam no condensador
as sombras de que se
fazem veículo,
prejudicando a
eficiência da assembleia
e impedindo a visão
perfeita da tela por
parte da entidade
necessitada de
compreensão e de luz".
(Obra citada, cap. 7,
págs. 66 a 68.)
C. Os fluidos deletérios
transmitidos pelo
Espírito podem
prejudicar o médium que
lhe serve de
instrumento?
A explicação foi dada
por Aulus: “O amigo
dementado penetrou o
templo com a supervisão
e o consentimento dos
mentores da casa. Quanto
aos fluidos de natureza
deletéria, não
precisamos temê-los.
Recuam instintivamente
ante a luz espiritual
que os fustiga ou
desintegra". O instrutor
aduziu que cada médium
possui ambiente próprio
e cada assembleia se
caracteriza por uma
corrente magnética
particular de
preservação e defesa.
Assim como nuvens
infecciosas da Terra são
diariamente extintas ou
combatidas pelas
irradiações solares, os
"raios luminosos da
mente orientada para o
bem incidem sobre as
construções do mal, à
feição de descargas
elétricas".
(Obra citada, cap. 8,
págs. 71 e 72.)
Texto para leitura
28. O condensador
ectoplásmico - Nesse
ponto, Libório, como se
voltasse de um
pesadelo, bradou
desesperado: "Oh! esta é
a verdade! a verdade!...
onde está minha casa?
Sara, Sara, quero minha
mãe, minha mãe!..."
Raul, compadecido,
recomendou-lhe:
"Acalme-se! nunca nos
faltará o socorro
divino! seu lar, meu
amigo, cerrou-se com os
seus olhos de carne e
sua genitora, de outras
esferas, lhe estende os
braços amorosos e
santificantes..."
Libório caiu em lágrimas
e sua crise emotiva foi
tão grande que o mentor
do grupo apressou-se em
desligá-lo do
equipamento mediúnico,
entregando-o aos
vigilantes para ser
convenientemente
abrigado em organização
próxima. Quando o
comunicante se afastou,
a médium Eugênia voltou
à posição normal. André
estava curioso. Que
projetor era aquele? O
Assistente Aulus
informou, gentil:
"Aquele aparelho é um
condensador ectoplásmico.
Tem a propriedade de
concentrar em si os
raios de força
projetados pelos
componentes da reunião,
reproduzindo as imagens
que fluem do pensamento
da entidade comunicante,
não só para a nossa
observação, mas também
para a análise do
doutrinador, que as
recebe em seu campo
intuitivo, agora
auxiliado pelas energias
magnéticas do nosso
plano". Hilário
referiu-se ao mecanismo
com entusiasmo, sob
forte impressão. "Nada
de espanto – alegou o
orientador –; o hóspede
espiritual apenas
contempla os reflexos da
mente de si mesmo, à
maneira de pessoa que se
examina, através de um
espelho". André observou
que, se eles estavam
diante de um condensador
de forças, o êxito do
trabalho dependeu da
colaboração de todos os
componentes do grupo. O
Assistente confirmou:
"Exato, as energias
ectoplásmicas são
fornecidas pelo conjunto
dos companheiros
encarnados, em favor de
irmãos que ainda se
encontram
semimaterializados nas
faixas vibratórias da
experiência física. Por
isso mesmo, Silva e
Clementino necessitam
do concurso geral para
que a máquina do serviço
funcione tão
harmoniosamente quanto
seja possível". E
advertiu que pessoas
que exteriorizem
sentimentos menos
dignos, equivalentes a
princípios envenenados,
nascidos das viciações
de variada espécie,
perturbam enormemente as
atividades dessa
natureza, "porquanto
arrojam no condensador
as sombras de que se
fazem veículo,
prejudicando a
eficiência da assembleia
e impedindo a visão
perfeita da tela por
parte da entidade
necessitada de
compreensão e de luz".
(Cap. 7, págs. 66 a 68)
29. O fazendeiro
desumano - Na
sequência da reunião,
deu entrada no recinto
pobre Espírito
dementado, a lembrar um
fidalgo antigo,
arrancado
repentinamente ao
subsolo, porque os
fluidos que o revestiam
era verdadeira massa
escura e viscosa,
cobrindo-lhe a roupagem
e despedindo
nauseabundas emanações.
Nenhuma das entidades
presentes exibia tão
horrenda fácies. Aqui e
ali, no lugar reservado
a irmãos menos felizes,
as máscaras de
sofrimento eram
suavizadas por sinais
inequívocos de
arrependimento, fé,
humildade, esperança...
Mas, naquele rosto
patibular, que parecia
emergir dum lençol de
lama, aliavam-se a
frieza e a malignidade,
a astúcia e o
endurecimento. Os demais
sofredores recuaram ao
vê-lo. Na destra, ele
trazia um azorrague que
tentava estalar, ao
mesmo tempo que proferia
estrepitosas
exclamações. "Quem me
fez chegar até aqui,
contra a minha
vontade?", bramia,
semiafônico. "Covardes!
por que me segregarem
assim? onde estão os
abutres que me devoraram
os olhos? Infames!
Pagar-me-ão caro os
ultrajes sofridos!..."
Em seguida, mostrando o
desequilíbrio mental de
que se fazia portador, o
Espírito comunicante
bradou: "Quem disse que
a malfadada revolução
dos franceses terá
reflexos no Brasil? a
loucura de um povo não
pode alastrar-se a toda
a Terra... Os
privilégios dos nobres
são invioláveis! Vêm dos
reis, que são
indiscutivelmente os
escolhidos de Deus!
Defenderemos nossas
prerrogativas,
exterminando a
propaganda dos rebeldes
e regicidas! Venderei
meus escravos
alfabetizados, nada de
panfletos e comentários
da rebelião. Como
produzir sem o chicote
no lombo? Cativos são
cativos, senhores são
senhores. E todos os
fujões e criminosos
conhecerão o peso dos
meus braços... Matarei
sem piedade. Cinco
troncos de suplício!
Cinco troncos! Eis
aquilo de que necessito
para refazer a nossa
tranquilidade". Aulus,
referindo-se à entidade,
informou: "Foi um
fazendeiro desumano.
Desencarnou nos últimos
dias do século XVIII,
mas ainda conserva a
mente estagnada na
concha do próprio
egoísmo". Eis por que
nada percebia, senão os
quadros criados por sua
mente, convertendo-se em
vampiro inconsciente das
almas reencarnadas que
lhe foram queridas no
Brasil colonial. (Cap.
8, págs. 69 e 70)
30. Ajuda mais quem
mais pode - O
comunicante fora
detentor de vastíssimo
latifúndio e possuía
consigo larga legião de
servidores que lhe
conheceram, de perto, a
tirania e a
perversidade.
Aproximando-se, André
percebeu que os olhos da
entidade estavam
vidrados, mortos... O
Assistente esclareceu:
"Odiava os trabalhadores
que lhe fugiam às
garras e quando
conseguia arrebatá-los
ao quilombo, não somente
os algemava aos troncos
de martírio, mas
queimava-lhes os olhos,
reduzindo-os à cegueira,
para escarmento das
senzalas. (N.R.:
Quilombo significa
valhacouto, abrigo, de
escravos fugidos.)
Alguns dos raros
quilombolas que
resistiam à morte eram
sentenciados, depois de
cegos, às mandíbulas de
cães bravios, de cuja
sanha não conseguiam
escapar". Aquele
infeliz, com esse
sistema de repressão,
instalou o terror em
derredor de seus passos,
granjeando, então, fama
e riqueza. Chegou-lhe,
porém, a jornada
inevitável do túmulo e
não encontrou, nessa
fase nova, senão
desafetos, que se
levantavam junto dele,
na feição de temíveis
perseguidores. "Muitas
vítimas de alma branda",
informou Aulus, "lhe
haviam desculpado as
ofensas, mas outras não
conseguiram a força para
o perdão espontâneo e
converteram-se em
vingadores do passado a
lhe cumularem o
espírito de aflitivo
pavor". "Emaranhado nas
teias da usura e fazendo
do ouro o único poder em
que acreditava, nem de
leve se sentiu
transportado de um modo
de vida para outro,
através da morte. Crê-se
num cárcere de trevas,
atormentado pelos
escravos, prisioneiro
das próprias vítimas.
Vive, assim, entre a
desesperação e o
remorso. Martirizado
pelas reminiscências das
flagelações que
decretava e hipnotizado
pelos algozes de agora,
dos quais no pretérito
foi verdugo, vê-se
reduzido a extrema
cegueira, por se lhe
desequilibrarem no corpo
espiritual as
faculdades da visão." O
infeliz foi situado
junto da médium Celina.
André não gostou nem um
pouco: "Logo Dona
Celina, o melhor
instrumento da casa, é
quem deveria acolher o
indesejável
comunicante?" A
luminosa auréola da
médium contrastava com a
vestimenta pestilencial
do forasteiro. Tal
providência não seria o
mesmo que entregar uma
harpa delicada às patas
de uma fera? Aulus,
porém, explicou:
"Acalmem-se. O amigo
dementado penetrou o
templo com a supervisão
e o consentimento dos
mentores da casa. Quanto
aos fluidos de natureza
deletéria, não
precisamos temê-los.
Recuam instintivamente
ante a luz espiritual
que os fustiga ou
desintegra". O instrutor
disse que cada médium
possui ambiente próprio
e cada assembleia se
caracteriza por uma
corrente magnética
particular de
preservação e defesa.
Assim como nuvens
infecciosas da Terra são
diariamente extintas ou
combatidas pelas
irradiações solares, os
"raios luminosos da
mente orientada para o
bem incidem sobre as
construções do mal, à
feição de descargas
elétricas". E,
compreendendo, por fim,
que aquele que mais
pode, mais ajuda, a
irmã Celina era a
companheira ideal para o
auxílio do infeliz
irmão. (Cap. 8, págs. 71
e 72)
(Continua no próximo
número.)