LEONARDO MARMO MOREIRA
leonardomarmo@gmail.com
São José dos Campos, São
Paulo (Brasil)
Milagres e curas
espirituais
O Espiritismo esclarece
que o chamado “milagre”
não existe da forma como
é admitido por um grande
número de criaturas.
Realmente, se
considerarmos o dito
“milagre” como algo
totalmente contrário às
Leis Naturais, teremos
que considerar que tal
fenômeno não deixa de
ser algo meramente
mitológico. A Doutrina
Espírita explica que os
chamados “milagres” são
fenômenos frequentemente
incompreendidos e/ou
ignorados tanto pela
“Ciência Oficial” como
pela Religião. Assim,
enquanto a Ciência
Oficial, tida por muitos
como materialista,
rejeita as evidências da
ocorrência do fenômeno,
justamente por se negar
a estudar qualquer fato
de pressupostas
implicações espirituais,
as Religiões Ortodoxas
exploram o mesmo evento
como “algo divino”, que
derrogaria as Leis
Naturais, admitindo que
tais fenômenos seriam
inerentemente
incompreensíveis por se
tratarem de “Mistérios”.
Assim, os religiosos,
apesar de sua evidente
limitação na explicação
destes fatos, manteriam
uma espécie de poder
intelectual sobre tais
eventos, aproveitando do
descaso dos cientistas.
A manutenção deste tipo
de postura por grande
número de representantes
dos dois grupos
supracitados faz com que
a maioria das criaturas
permaneça na mais
profunda ignorância a
respeito dos princípios
básicos que explicam os
mecanismos pelo qual os
supostos “milagres”
ocorrem.
No entanto, as Leis
Naturais incluem não
somente aquelas que
regem a matéria, mas
igualmente aquelas que
estão relacionadas aos
fenômenos espirituais. O
Espiritismo fazendo uma
união sinérgica entre
Ciência e Religião, que
é inédita na história da
humanidade, estabelece
que os “milagres” são
fenômenos perfeitamente
explicáveis e estudáveis
e que foram taxados como
“espetaculares”,
“maravilhosos” e
“inadmissíveis”
intelectualmente, por
ignorância das suas
causas e mecanismos de
ação.
Assim sendo, é possível
entender que, se a
Química, a Física e a
Biologia são ciências
que estudam fenômenos
observados dentro da
esfera do mundo
material, o Espiritismo
estuda as Leis Naturais
que regem o Mundo
Espiritual e o
Intercâmbio com o Mundo
Físico. Portanto, seria
interessante que o
estudioso do
Espiritismo, que busque
lograr um aprofundamento
nos conteúdos espíritas,
apresentasse um
conhecimento básico
sobre as ciências
materiais, uma vez que,
nesse “intercâmbio com o
mundo físico”, são
estudados aspectos
complexos dessa
interface
espírito-matéria.
Dentro desse contexto, o
entendimento dos
chamados “milagres”
passa necessariamente
pela compreensão da
realidade psicossomática
do ser humano. Essa
realidade é formada por
uma série de realidades
minimamente
independentes e
interagentes que seriam
o Espírito propriamente
dito (A Mente), o Corpo
Mental, o Corpo
Espiritual (Perispírito
ou Modelo Organizador
Biológico), o Duplo
Etérico (Corpo Vital) e
o Corpo Físico ou
Material.
O Perispírito e o Duplo
Etérico, como realidades
intermediárias em termos
de materialidade entre o
Espírito (A Mente) e o
Corpo Material do
indivíduo encarnado,
representam peças chaves
em quaisquer fenômenos
de natureza paranormal.
Logo, os fenômenos
mediúnicos e os
fenômenos anímicos
observados em todos os
tempos na história da
humanidade têm, nas
propriedades desses dois
sistemas, pré-requisitos
fundamentais para as
suas respectivas
compreensões.
As chamadas “Curas
Espirituais”, por
exemplo, que são
observadas em todas as
culturas, ritos e
religiões, somente podem
ser explicadas a partir
do entendimento dessa
inter-relação entre os
componentes do “complexo
humano” encontrado no
indivíduo reencarnado.
De fato, tais fenômenos,
na maioria das vezes,
envolvem componentes
materiais, semimateriais
e espirituais.
Os “Passes”, as
“cirurgias espirituais”
e processos similares de
curas físicas e mentais
envolvem, portanto, a
administração de
recursos materiais,
semimateriais e
espirituais.
A atuação de ordem mais
materializada estaria
associada principalmente
às propriedades do duplo
etérico (corpo vital) do
médium que exerce essa
ação fluídica. De fato,
o duplo etérico ou corpo
vital seria composto
predominantemente de
fluido vital, o qual,
uma vez exteriorizado,
poderia ser chamado de
ectoplasma, conforme
nomenclatura proposta
pelo “Pai da
Metapsíquica”, Charles
Richet. É importante
salientar que o
ectoplasma sofre
significativa influência
da alimentação do
médium, pois o “corpo
vital” ou “corpo
energético” dos
alimentos ingeridos
constitui um importante
componente desse fluido
vital que consiste no
elo entre o perispírito
propriamente dito e o
corpo físico. Além
disso, o fluido vital
seria uma espécie de
“combustível” para o
corpo físico, sendo, por
conseguinte, importante
influência para a
definição prévia e
provisória do tempo de
vida física do indivíduo
encarnado.
A influência da
alimentação na
constituição do fluido
vital é uma das causas
da necessidade de
disciplina alimentar por
parte dos médiuns,
sobretudo daqueles que
desenvolvem trabalhos
com grande doação de
energia fluídica, como é
o caso dos chamados
“médiuns de cura”. De
fato, a “mediunidade de
cura”, entre várias
peculiaridades, não
deixa de ser também uma
mediunidade de efeitos
físicos, pois, mesmo
atuando
predominantemente sobre
o perispírito do
necessitado, o efeito
esperado e desejado de
cura do corpo material é
obviamente uma espécie
de “efeito físico”, tal
como as célebres
materializações de
Espíritos.
Desta forma, assim como
os Espíritos
desencarnados sentem a
influência da matéria, a
energia semimaterial de
natureza mais densa,
como é o caso do fluido
vital, poderia
igualmente influenciar a
organização da matéria
dos corpos físicos.
Obviamente, os Espíritos
esclarecidos quanto a
esse intercâmbio
fluídico utilizam desses
mecanismos para os
diversos objetivos a que
estão vinculados, sejam
eles elevados ou não. Os
Espíritos superiores
administram recursos em
favor dos indivíduos
encarnados. Poderíamos
citar o livro “Nosso
Lar”, onde encontramos
uma passagem em que o
segundo marido de Zélia,
a viúva de André Luiz,
estava com a saúde
muitíssimo debilitada e
foi recuperado
fisicamente através de
Passes Espirituais de
Narcisa e André Luiz,
que utilizavam, entre
outros recursos, da
administração de
essências retiradas de
mangueiras e eucaliptos
por Mentores
Espirituais. Essa
passagem ilustra que o
corpo vital, sendo
também uma realidade dos
vegetais, pode
contribuir juntamente
com o ectoplasma animal
e outros fluidos
espirituais para gerar
saúde física.
Esse intenso intercâmbio
fluídico entre o mundo
espiritual e os
indivíduos encarnados
explica uma série de
fenômenos conhecidos da
literatura espírita,
como, por exemplo, a
vampirização por parte
de entidades muito
atrasadas do fluido
vital de um suicida e de
vários cadáveres de bois
no matadouro, conforme
narração de André Luiz
na obra “Missionários da
Luz”. Nesta mesma obra,
Espíritos inferiores que
“habitavam” um lar sem
barreira de proteção
magnética, em função da
pouca elevação
espiritual da família,
aspiravam os fluidos que
emanavam dos alimentos
que eram cozidos,
haurindo dos mesmos
fluidos vitais que eram
prazerosos a estes
Espíritos, obviamente
muito vinculados à
matéria. Ainda em
“Missionários da Luz”,
no capítulo intitulado
“Passes”, é narrado um
interessante caso
relacionado a uma jovem
gestante que estava
literalmente passando
fome, devido a
dificuldades econômicas
de seu marido.
Consequentemente, as
condições físicas dessa
mulher e de seu feto
eram de grande
fragilidade, implicando
em grande risco de morte
para o bebê. Os Mentores
Espirituais auxiliaram
intensamente essa
senhora através dos
Passes, utilizando de
fluidos vitais emanados
pelos médiuns passistas
encarnados, logrando
melhorar sensivelmente o
quadro de saúde dela e
de seu filho.
Pode-se citar igualmente
interessante caso de
Chico Xavier, quando o
maravilhoso médium
visitou uma família com
sérios problemas
espirituais para fazer o
que hoje poderíamos
denominar de
“atendimento fraterno”.
Chico, que adorava
bananas, se encantou com
um cacho de bananas
muito formosas que havia
na mesa. No decorrer da
conversa com os
familiares, entretanto,
Chico Xavier ficou
extremamente chocado ao
ver duas entidades
espirituais inferiores
entrarem no recinto e
literalmente comerem as
bananas. Ora, como um
Espírito desencarnado
pode comer a banana?!
Posteriormente, Emmanuel
esclareceria a Chico
Xavier que o referido
lar não tinha barreiras
vibratórias em função de
uma sintonia mental com
entidades negativas, em
função de seus
sentimentos, pensamentos
e hábitos negativos do
ponto de vista moral.
Assim, seres espirituais
atrasados e com
perispíritos muito
materializados e que
teriam grande
necessidade de sensações
de ordem material não
teriam impedimentos
maiores para entrarem no
lar, podendo gerar
obsessões e quadros
lamentáveis em função da
afinidade vibratória. Ao
sentirem fome, estes
Espíritos comeram, de
fato, as bananas,
ingerindo o corpo vital
das mesmas. Por outro
lado, além de eliminarem
grande parte do conteúdo
vital das bananas,
deixaram nas mesmas
impregnações fluídicas
negativas, fazendo com
que as bananas se
tornassem alimentos
perigosos para aqueles
que as ingerissem, tanto
sob o aspecto físico
quanto do ponto de vista
espiritual.
O Espírito organiza o
Perispírito, pois o
Espírito haure dos
constituintes da
atmosfera de um
determinado planeta, a
constituição do seu
próprio Perispírito,
conforme nos ensina “A
Gênese”, de Allan
Kardec. Logo, assim como
o Espírito determina o
nível fluídico da
constituição do seu
Perispírito, dependendo
da matéria-prima haurida
na atmosfera em função
da sua evolução
espiritual, o
Perispírito modela e
direciona grande número
de fenômenos biológicos
no corpo de carne.
Assim sendo, as chamadas
curas espirituais
deveriam ser mais
propriamente denominadas
de “Curas
Perispirituais”, pois o
Perispírito é o
principal foco das
influências magnéticas
proporcionadas pela
fluidoterapia, incluindo
aí os Passes, a Água
Magnetizada e a
intervenção fluídica do
mundo espiritual. Neste
contexto, é importante
frisar que a legítima
cura verdadeiramente
espiritual é a
transformação moral da
criatura para o bem,
pois, elevando a
vibração, em função da
elevação de valores
espirituais e melhoria
de sentimentos,
pensamentos e ações,
iniciaria efetivamente o
processo de tratamento
real da causalidade das
enfermidades espirituais
que são a causa primária
das afecções
perispirituais e
físicas.
O próprio Divaldo Franco
narra que, em suas
palestras, ocorre um
número incontável de
cirurgias no perispírito
dos indivíduos que estão
assistindo a
conferência, pois, em
função da elevação de
pensamentos, sentimentos
e propósitos na reunião,
acontece uma maior
elevação de condição
espiritual dos
assistentes, favorecendo
maior sintonia fluídica
com os protetores
espirituais e
viabilizando a eficácia
da intervenção
espiritual.
Para concluir, seria
interessante lembrar o
famoso caso evangélico
da multiplicação de pães
e subsequente
alimentação das
multidões com cinco pães
e dois peixes. Nesta
interessante ocorrência,
Jesus pode ter se valido
do somatório dos
ectoplasmas gerados por
Ele e por seus
Apóstolos, além dos
fluidos dos Espíritos
desencarnados superiores
que estavam acompanhando
a passagem. Ademais,
essências vegetais podem
ter sido trazidas para o
local, o que explicaria
a sensação de saciedade
dos presentes. Com
relação à multiplicação
dos pães propriamente
dita, poderia ter sido
simplesmente um
transporte ou uma
materialização em que o
auxílio dos Apóstolos,
que eram grandes médiuns
de efeitos físicos, pode
ter contribuído de forma
significativa. Ademais,
não podemos esquecer o
magnetismo pessoal de
Jesus e de sua mensagem,
o que certamente tornava
sua preleção
profundamente atraente e
tranquilizante, sob os
mais profundos aspectos.
Obviamente, nesta
análise estamos
admitindo a
possibilidade da
ocorrência literal
destes fatos, o que pode
não ter acontecido
exatamente como os
textos relatam.