ORSON PETER
CARRARA
orsonpeter@yahoo.com.br
Matão, São Paulo
(Brasil)
A saúde pode ser afetada
pela obsessão?
Desafio está em
conhecer a
origem dos casos
Uma interessante
matéria
publicada por
Allan Kardec na
Revista Espírita
(1) utiliza a
expressão
loucura
obsessional. O
texto, que
recomendamos aos
leitores, é um
estudo sobre os
Possessos de
Morzine, uma
localidade em
determinada
região francesa,
alvo de carta
endereçada ao
Codificador pelo
capitão B. (membro
da Sociedade
Espírita de
Paris e naquele
momento radicado
na cidade de
Anecy). Allan
Kardec publicou
a carta na
edição de abril
(2), seguida de
instruções dos
Espíritos
Georges e Erasto
e ainda
acrescentou
lúcido
comentário sobre
a questão.
Depois, na
edição de
dezembro (3),
voltou ao
assunto,
desdobrando-o em
bem argumentada
análise.
Trata-se de uma
obsessão
coletiva que
atingiu toda uma
coletividade e
Kardec usa nas
duas edições
referidas toda a
lógica da
Doutrina
Espírita para
explicar a
questão da
natureza dos
Espíritos e sua
permanente
influência junto
à humanidade
através do
perispírito e da
mediunidade.
Porém, abre
importante
caminho no
entendimento da
enfermidade
classificada
como loucura e
acrescenta que
“(...) Ao lado
de todas as
variedades de
loucura
patológica,
convém, pois,
acrescentar a
loucura
obsessional
(...)” E
acrescenta: “Mas
como poderá um
médico
materialista
estabelecer essa
diferença ou
mesmo admiti-la?
(...)” (1).
A questão
suscita
observações
interessantes
sobre a saúde
mental. Ocorre
que é grande o
número de
pessoas
consideradas
como lesionadas
no cérebro e,
portanto,
internadas em
hospitais
psiquiátricos ou
em tratamento
mental ou
psicológico,
quando na
verdade estão
apenas sob forte
influência de
Espíritos que
agem ainda com
ódio premeditado
ou mesmo atuam
inconscientemente.
Claro que há, e
isto ninguém
contesta, os que
podem ser
considerados
vítimas de
lesões cerebrais
irreversíveis,
com indicações
claras de
tratamentos ou
internações
inadiáveis. Mas
a influência
perniciosa de um
Espírito
desequilibrado e
“que não passou
de acidental,
por vezes toma
um caráter de
permanência
quando o
Espírito é mau,
porque, para
ele, o indivíduo
se torna
verdadeira
vítima, à qual
ele pode dar a
aparência de
verdadeira
loucura. Dizemos
aparência,
porque a loucura
propriamente
dita sempre
resulta de uma
alteração dos
órgãos cerebrais
(...) Não há,
pois, loucura
real, mas
aparente, contra
a qual os
remédios da
terapêutica são
inoperantes,
como o prova a
experiência
(...)” (1),
conforme acentua
o Codificador.
Como sabem os
estudiosos da
Doutrina
Espírita, a
obsessão é
capítulo
importante no
relacionamento
entre encarnados
e desencarnados,
tendo inclusive
merecido
capítulo
específico em O
Livro dos
Médiuns (4) e,
como destacado
pelo próprio
Codificador, o
desafio está em
enfrentar esta
loucura aparente
– pois não há
lesões cerebrais
–, causada pela
presença e
influência de
Espíritos maus e
perversos que
constrange e/ou
paralisa a
vontade e a
razão de sua
vítima,
fazendo-a
pensar, falar e
agir por ele,
levando-a a atos
e posturas
extravagantes ou
ridículas.
Considere-se que
estamos num
planeta ainda
dominado pelo
egoísmo, onde a
maioria das
criaturas que o
habitam –
estejam
encarnados ou
desencarnados –
está envolvida
com interesses
mesquinhos e sem
finalidades
educativas ou de
aperfeiçoamento.
E fica fácil,
então, imaginar
o mundo
invisível
formando
inumerável
população, que
forma a
atmosfera moral
do planeta,
caracterizado
pela
inferioridade
das lutas
mundanas e dos
interesses que o
egoísmo, a
vaidade, o
orgulho ou a
inveja podem
criar. Para
resistir a tudo
isso, usando
palavras do
próprio Kardec,
“são necessários
temperamentos
morais dotados
de grande
vigor”. (5)
E é interessante
notar que,
conforme
ponderações do
próprio Kardec
(6), “(...) a
ignorância, a
fraqueza das
faculdades, a
falta de cultura
intelectual”
oferecem mais
condições de
assédio aos
Espíritos
imperfeitos que
tentam e muitas
vezes conseguem
dominar as
criaturas
humanas através
do real fenômeno
da obsessão,
tantas vezes
confundido como
loucura ou
lesões no
cérebro. Diante
desse quadro
todo, percebe-se
claramente a
importância do
estudo e da
divulgação
espírita perante
todas as classes
de indivíduos do
planeta. Nesta
área da saúde, o
Espiritismo vem
esclarecer a
obscura questão
das doenças
mentais,
apresentando uma
causa que não
era considerada
e que constitui
perigo real
evidente,
provado pela
experiência e
pela observação:
o da obsessão ou
influência dos
Espíritos sobre
os seres humanos.
Notas:
(1) Dezembro de
1862, páginas
360, edição
EDICEL, tradução
de Júlio Abreu
Filho.
(2) Abril de
1862, páginas
107/108, edição
EDICEL, tradução
de Júlio Abreu
Filho.
(3) Dezembro de
1862, páginas
360 a 365,
edição EDICEL,
tradução de
Júlio Abreu
Filho.
(4) Capítulo
XXIII.
(5) Página 356
da edição de
Dezembro de 1862
da Revista
Espírita, edição
EDICEL, tradução
de Júlio Abreu
Filho.
(6) Abril de
1862 da Revista
Espírita, página
111, edição
EDICEL, tradução
de Júlio Abreu
Filho.