MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Nos Domínios da
Mediunidade
André Luiz
(Parte
14)
Damos continuidade ao
estudo da obra
Nos Domínios da
Mediunidade,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1954 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Nas causas do
processo obsessivo que
envolvia a jovem esposa,
seu marido estava
envolvido?
Sim. Seu esposo fora, no
passado, um companheiro
nocivo que a induziu a
envenenar o pai adotivo,
exatamente o verdugo
desencarnado que a
perseguia agora.
Herdeira de considerável
fortuna, com testamento
garantido, em sua
condição de filha única,
ela matou o pai com
receio de que ele mais
tarde alterasse o
documento. O crime
aconteceu em
aristocrática mansão do
século 19. O viúvo
abastado, que a adotara
e criara com desvelado
carinho, não concordou
com a escolha feita por
sua filha. O moço com
quem ela pretendia
casar-se não lhe
agradava, pois parecia
mais interessado nas
suas finanças do que na
felicidade da jovem
insensata. Procurou,
então, subtraí-la à
influência do noivo, sem
nenhum sucesso.
Indignado, cuidava das
medidas legais para
deserdá-la, quando o
jovem, explorando a
paixão de que a moça se
via possuída, induziu-a
a eliminá-lo, através
de entorpecentes
contínuos, completando o
serviço com diminuta
dose de corrosivo.
(Nos Domínios da
Mediunidade, cap. 10,
pp. 90 a 93.)
B. Por que eles,
cúmplices no crime
mencionado, volveram à
vida terrena como
cônjuges?
Ele, que idealizara o
crime, reapareceu na
vida dela, na condição
de marido, com a tarefa
de ajudá-la e
reeducá-la. A união dos
cúmplices em novo
matrimônio era
sintomática. O Poder
Divino não nos aproxima
uns dos outros sem fins
justos. "No matrimônio,
no lar ou no círculo do
serviço – explicou Aulus
–, somos procurados por
nossas afinidades, de
modo a satisfazer aos
imperativos da Lei de
Amor, seja na ampliação
do bem, ou no resgate
de nossas dívidas." O
amigo que inspirou a
ação deplorável era
agora chamado a ajudá-la
na restauração
imprescindível.
(Nos Domínios da
Mediunidade, cap. 10,
pp. 93 e 94.)
C. A doutrinação dos
Espíritos, feita nas
sessões mediúnicas,
produz resultado
efetivo?
Sim. Diz Aulus que o
impacto da doutrinação
não é perdido. Noite a
noite, de reunião a
reunião, na intimidade
da prece e dos
apontamentos
edificantes, os enfermos
– as vítimas encarnadas
e o perseguidor
desencarnado – vão-se,
aos poucos, renovando.
"O perseguidor
compreenderá a
necessidade de perdão
para melhorar-se, a
enferma fortalecer-se-á
em espírito para
recuperar-se como é
preciso e o esposo
adquirirá a paciência e
a calma, a fim de ser
realmente feliz." Em
face disso e cientes de
que ninguém avança para
diante, com a serenidade
possível, sem pagar os
tributos que deve à
retaguarda, saibamos
tolerar e ajudar,
edificando com o bem,
sempre.
(Obra citada, cap. 10,
pp. 94 a 96.)
Texto para leitura
40. A
causa da obsessão
- Grávida desde cedo,
consoante a planificação
de serviço traçada na
Vida Superior, ela
deveria receber o
perseguidor nos braços
maternos, afagando-lhe a
transformação e
auxiliando-lhe a
aquisição de novo
destino. Sentindo-lhe,
porém, a aproximação,
recolheu-se a
insopitável temor,
adiando o trabalho que
lhe competia.
Impermeável às sugestões
da própria alma,
provocou o aborto com
rebeldia e violência.
Essa frustração foi a
brecha que favoreceu
mais ampla influência do
adversário invisível no
círculo conjugal. A
pobre criatura passou a
sofrer multiplicadas
crises histéricas, com
súbita aversão pelo
marido. De noite, era
colhida, de assalto, por
fenômenos de sufocação e
de angústia, amargurando
o consorte desolado. A
medicação empregada não
surtiu nenhum efeito. Em
franca demência, a
enferma foi conduzida à
casa de saúde, mas a
insulina e o
eletrochoque não
solucionaram o
problema. Foi assim que
resolveram experimentar
o concurso do
Espiritismo. "E se ela
conseguisse nova
maternidade?" – inquiriu
Hilário. "Sim –
concordou Aulus,
convicto –, semelhante
reconquista ser-lhe-á
uma bênção, contudo,
pela trama de
sentimentos
contraditórios em que
se emaranhou, na fuga
das obrigações que lhe
cabem, não pode receber,
de pronto, esse
privilégio." E
acrescentou: "A posição
de alienada mental não
lhe retira os favores da
Natureza, mas a
crueldade meditada com
que se afastou dos
compromissos assumidos,
imprimiu certo
desequilíbrio ao centro
genésico. Nossas
defecções mais íntimas,
embora desconhecidas dos
outros, prejudicam-nos o
veículo sutil e não
podemos trair o tempo
nas reparações
necessárias, ainda mesmo
quando o remorso nos
ajude a restaurar as
boas intenções. A
perfeita entrosagem nos
elementos psicofísicos
filia-se à mente. A vida
corpórea é a síntese
das irradiações da alma.
Não há órgãos em
harmonia sem
pensamentos
equilibrados, como não
há ordem sem
inteligência". Aulus
disse que para entender
a obsessão não podemos
esquecer as causas,
enraizadas no passado.
"Os templos espíritas
vivem repletos de dramas
comoventes, que se
prendem ao passado
remoto e próximo",
ajuntou o Assistente. O
esposo daquela jovem
fora, no passado, um
companheiro nocivo que a
induziu a envenenar o
pai adotivo, exatamente
o verdugo que a
perseguia agora.
Herdeira de considerável
fortuna, com testamento
garantido, em sua
condição de filha única,
ela matou o pai com
receio de que ele mais
tarde alterasse o
documento. (Cap. 10,
págs. 90 a 92)
41. O motivo do crime
- O crime aconteceu em
aristocrática mansão do
século passado. O viúvo
abastado, que a adotara
e criara com desvelado
carinho, não concordou
com a escolha feita por
sua filha. O moço com
quem ela pretendia
casar-se não lhe
agradava, pois parecia
mais interessado nas
suas finanças do que na
felicidade da jovem
insensata. Procurou,
então, subtraí-la à
influência do noivo, sem
nenhum sucesso.
Indignado, cuidava das
medidas legais para
deserdá-la, quando o
jovem, explorando a
paixão de que a moça se
via possuída, induziu-a
a eliminá-lo, através
de entorpecentes
contínuos, completando o
serviço com diminuta
dose de corrosivo. Morto
o pai, a jovem herdeira
enriqueceu o marido,
mas, em pouco tempo,
encontrou a desilusão,
porque o esposo cedo se
revelou jogador
inveterado e libertino
confesso, relegando-a a
profunda miséria moral e
física. Inteirando-se da
verdade, o tutor
desencarnado imantou-se
a ela, com desvairada
fome de vingança, e a
submeteu a horríveis
tormentos íntimos.
Ignorado na Terra, o
crime fora registrado
nos tribunais divinos e
longo trabalho
expiatório teve
início... A tragédia
vinha, pois, de longe.
Após haver vagueado por
muito tempo nos planos
inferiores da vida, na
faixa de ódio da vítima,
ao reencarnar atravessou
a infância e a puberdade
sob o assédio a
distância do ex-tutor,
que então se vingava.
Todavia, quando o
inimigo de outrora (o
genro que idealizou o
crime) reapareceu na
vida dela, na condição
de marido, com a tarefa
de ajudá-la e
reeducá-la, o obsessor
aproveitou-se do
ascendente magnético
sobre a pobre mulher,
golpeando-lhe o
equilíbrio. A união dos
dois cúmplices em novo
matrimônio era
sintomática. O Poder
Divino não nos aproxima
uns dos outros sem fins
justos. "No matrimônio,
no lar ou no círculo do
serviço – explicou Aulus
–, somos procurados por
nossas afinidades, de
modo a satisfazer aos
imperativos da Lei de
Amor, seja na ampliação
do bem, ou no resgate
de nossas dívidas." O
amigo que inspirou a
ação deplorável era
agora chamado a ajudá-la
na restauração
imprescindível. (Cap.
10, págs. 93 e 94)
42. Uma médium em
reajustamento -
Continuando na análise
do caso da jovem
obsidiada, o Assistente
lembrou que, com
certeza, o esposo não se
sentia feliz e
esclareceu:
"Recapitulando a antiga
fome de sensações,
abeirou-se da mulher que
desposou, procurando
instintivamente a sócia
de aventura passional do
pretérito, mas encontrou
a irmã doente que o
obriga a meditar e a
sofrer". Seria ela
médium? A esta pergunta
de Hilário, Aulus
respondeu: "Como não? É
um médium em aflitivo
processo de
reajustamento. É
provável se demore ainda
alguns anos na condição
de doente necessitada de
carinho e de amor.
Encarcerada nas teias
fluídicas do adversário
demente, purifica-se,
através das complicações
dos sonambulismo
torturado. Desse modo,
por enquanto, é um
instrumento para a
criação de paciência e
boa-vontade no grupo de
trabalhadores que
visitamos, mas sem
qualquer perspectiva de
produção imediata, no
campo do auxílio, de vez
que se revela
extremamente
necessitada de concurso
fraternal". Sua
presença, contudo,
naquela reunião
mediúnica, não seria
inútil. Além de servirem
de valioso núcleo de
trabalho em que os
trabalhadores da Casa
adestravam suas
qualidades de semeadores
da luz, era preciso
compreender a
importância da
doutrinação ministrada
à entidade desencarnada
que atormentava a jovem
mulher. O impacto da
doutrinação não é
perdido. "Noite a noite,
de reunião a reunião,
na intimidade da prece e
dos apontamentos
edificantes, o trio de
almas renovar-se-á,
pouco a pouco", informou
Aulus. "O perseguidor
compreenderá a
necessidade de perdão
para melhorar-se, a
enferma fortalecer-se-á
em espírito para
recuperar-se como é
preciso e o esposo
adquirirá a paciência e
a calma, a fim de ser
realmente feliz." Nesse
ponto, com a ajuda de
amigos espirituais da
Casa, o Espírito
comunicante foi
retirado do ambiente
psíquico da jovem
senhora, que voltou à
normalidade. Aulus,
concluindo então seus
comentários em torno do
caso, disse: "Médiuns
repontam em toda parte,
entretanto, raros já se
desvencilharam do
passado sombrio para
servir no presente à
causa comum da
Humanidade, sem os
enigmas do caminho que
lhes é particular. E
como ninguém avança para
diante, com a serenidade
possível, sem pagar os
tributos que deve à
retaguarda, saibamos
tolerar e ajudar,
edificando com o
bem..." (Cap. 10, págs.
94 a 96)
(Continua no próximo
número.)