Além do azul
Cruz e Souza
Além, além do humano
sorvedouro,
Cornucópia mirífica
desata
Orbes luzindo em flórida
cascata,
Onde a vida cinzela o
céu vindouro...
Constelações e sóis...
Ancoradouro
Da excelsa luz dos
séculos sem data...
Almos ninhos em pétalas
de prata,
Coroados de acanto,
mirto e louro...
Por cerúleas alfombras
estelares,
Flâmeos jardins e
edênicos solares,
O coração do amor pulsa
disperso...
Entre esferas de cálidos
fulgores,
Domicílios das almas
superiores,
Freme a glória divina
do Universo.
Filho de pais escravos,
João Cruz e Souza é a
figura mais expressiva
do Simbolismo no Brasil
e, ao lado de Mallarmé e
Stefan George, um dos
grandes nomes do
movimento simbolista no
mundo. O poeta nasceu em
Desterro, hoje
Florianópolis (SC), em
24 de Novembro de 1861 e
desencarnou em Sítio,
atual Antônio Carlos
(MG), em 19 de Março de
1898. O soneto acima
integra o livro
Antologia dos Imortais,
obra psicografada pelos
médiuns Francisco
Cândido Xavier e Waldo
Vieira.