MARCELO
DAMASCENO DO
VALE
marcellus.vale@gmail.com
Londrina, Paraná
(Brasil)
Crer em Deus é
cultural
ou
genético?
Que dedução se
pode tirar do
sentimento
instintivo, que
todos os homens
trazem em si, da
existência de
Deus? “A de que
Deus existe;
pois, donde lhes
viria esse
sentimento, se
não tivesse uma
base? É ainda
uma consequência
do princípio -
não há efeito
sem causa.”
O sentimento
íntimo que temos
da existência de
Deus não poderia
ser fruto da
educação,
resultado de ideias
adquiridas? “Se
assim fosse, por
que existiria
nos vossos
selvagens esse
sentimento?”
(Questões 5 e 6
de O Livro
dos Espíritos.)
Vários
filósofos,
pensadores e
materialistas
afirmaram ou
ainda dizem que
a crença em um
Ser Superior é
uma herança
cultural,
principalmente
imposta por uma
suposta elite
dominante e para
fazer as pessoas
não questionarem
seu papel na
sociedade ou se
conformarem com
seus
sofrimentos.
Se esse
sentimento
íntimo da crença
em Deus fosse
fruto da
cultura, por que
é encontrado em
todas as
civilizações e
até mesmo em
povos isolados
que não sofreram
influência
cultural?
Existem
evidências de
que a crença em
Deus pode ser
uma
predisposição
genética.
Segundo o
biólogo
americano Dean
Hammer, a sua
descoberta de um
conjunto de
genes tornaria o
ser humano
predisposto a
ter experiências
sensoriais, como
acreditar em
Deus e professar
uma religião.
É claro que a
enxurrada de
críticas foi
gigantesca.
Entre elas temos
a opinião de
Antônio Carlos
Magalhães,
coordenador de
pós-graduação de
ciências da
religião da
Universidade
Metodista, de
São Bernardo do
Campo (SP):
“Existe a crença
em Deus, que
todo mundo
conhece, e
também o que
chamamos de ‘fé
antropológica’,
que é a
esperança
depositada na
evolução do
espírito humano
ou em conceitos
como a
democracia e a
justiça social;
nesse sentido, a
crença é algo
inerente ao ser
humano, quer
você acredite ou
não em Deus. Não
podemos esquecer
que uma pessoa
pode ser ateia e
mesmo assim ter
essa fé
antropológica.
Não sou biólogo
e não posso
julgar trabalhos
nessa área, mas
existe um
consenso de que
a
espiritualidade
tem explicações
culturais e
psicológicas, e
não da ordem da
biologia”.
Não obstante, as
opiniões
científicas de
outras áreas,
existe uma
enxurrada de
dinheiro que
financia, nos
Estados Unidos,
pesquisas para
provar que o
homem é
programado para
crer em Deus.
Durante a década
de 1980, o Dr.
Michael
Persinger
estimulou o lobo
temporal de
pacientes
humanos com um
campo magnético
fraco, usando um
equipamento que
ele chamava de
capacete de Deus
(God helmet). Os
pacientes
relataram ter a
sensação de "uma
presença
celestial no
quarto". Esse
trabalho ganhou
atenção na
época, mas não
foi explicado o
mecanismo que
causava esses
efeitos. Em
1987, Michael
Persinger
publicou um
livro sobre o
assunto,
intitulado "Neuropsychological
Bases of God
Beliefs". Em
conjunto,
Persinger, o
também
neurobiologista
Vilayanur
Ramachandran e a
física quântica
Danah Zohar
batizaram essa
região dos lobos
temporais de "o
ponto Deus".
Contudo, com o
resultado de uma
pesquisa com
apenas 15
pessoas
(freiras),
alguns
cientistas
tentam invalidar
as experiências
de Persinger,
Ramachandran e
Zohar.
Concluíram que o
suposto ponto de
Deus está
localizado em
vários pontos no
cérebro e não é
apenas associado
com experiências
místicas, mas
também sensações
de alegria e
bem-estar.
Não obstante
todos os
esforços, a
ciência ainda é
incapaz de
compreender e
explicar Deus e
sua importância.
Concordamos com
Léon Denis
quando afirma:
"A questão de
Deus é o mais
grave de todos
os problemas
suspensos sobre
nossas cabeças e
cuja Solução se
liga, de maneira
estrita,
imperiosa, ao
Problema do ser
humano e de seu
destino, ao
problema da vida
individual e da
vida social." -
O Grande
Enigma –
Capítulo V.
O Ser humano
tem, em si,
inata a ideia de
Deus, a
percepção de um
ideal renovador,
transformador da
sociedade e do
mundo, como nos
ensina, mais uma
vez, Léon
Denis:
"Para se
gruparem os
sentimentos e as
aspirações, é
necessário um
ideal poderoso.
Pois bem! Esse
ideal não o
encontrareis no
ser humano,
finito,
limitado; não o
encontrareis nas
coisas deste
mundo, todas
efêmeras,
transitórias.
Ele não existe
senão no Ser
infinito,
eterno. Somente
Ele é bastante
vasto para
recolher,
absorver todos
os transportes,
todas as forças,
todas as
aspirações da
alma humana,
para
reconhecê-los e
fecundar. Esse
ideal é Deus!
Mas que é o
ideal? É a
perfeição. Deus,
sendo a
perfeição
realizada, é, ao
mesmo tempo, o
ideal objetivo,
o ideal vivo!" -
O Grande
Enigma –
Capítulo VII.