WILSON CZERSKI
wilsonczerski@brturbo.com.br
Curitiba, Paraná
(Brasil)
As eleições e o cidadão espírita
Há quem ainda
ache que os
espíritas devem
se manter à
distância da
política.
Discordamos. O
espírita é um
cidadão como
qualquer outro
e, como tal, com
idênticos
direitos e
deveres.
Diríamos mesmo
que seus deveres
são maiores. É o
que ensinam os
próprios
Espíritos
evocando as
palavras de
Jesus quando
afirmava que a
quem mais se der,
mais lhe será
cobrado. Pois o
espírita tem
– ou
deveria ter
– um
grau de
sensibilidade
mais apurado
para os
problemas
sociais porque
tenta pautar sua
vida terrestre,
na condição de
Espírito
encarnado em
evolução, na
moral do Cristo,
e ela, entre
muitas outras
coisas,
ensina-nos que a
verdadeira fé é
a que se
consubstancia
por obras. E a
melhor
exemplificação
de fé com obras
é fazê-lo em
benefício de seu
semelhante,
aceitando como
real outra
colocação dos
mentores, em “O
Evangelho
segundo o
Espiritismo”, de
que Fora da
caridade não há
salvação,
isto é, do
trabalho em prol
da felicidade
dos irmãos de
jornada.
Estamos todos no
mesmo barco
social e se um
passageiro
estiver passando
mal, gerará
inquietações
gerais porque o
mal da violência,
do egoísmo, da
miséria, do
desemprego, todo
ele costuma
possuir alto
grau de contágio.
Pior se quem
está combalido
ou é mal-intencionado
é algum dos
membros da
tripulação. A
família é uma
pequena
embarcação, os
grupos, as
instituições, as
cidades, os
países. O Brasil
é um grande
barco. Numa
democracia, as
tripulações não
são impostas,
mas escolhidas
pelos
passageiros, o
povo.
Verdade que as
opiniões de
alguns espíritas
não são contra o
exercício do
voto consciente
e responsável e,
sim, contra a
prática da
política
partidária.
Temerosos muitos
com a
possibilidade de
as instituições
espíritas virem
a servir de
palanque de
campanha.
Parece-nos
absolutamente
infundada tal
preocupação. A
direção das
casas não
permitiria tal
abuso mesmo que
alguém tentasse.
Quanto àqueles
que receiam ver
espíritas
pleiteando
cargos políticos
por imaginá-los
com força
insuficiente
para resistir às
pressões do
sistema, cremos
também haver
subestimação das
capacidades
alheias. Talvez
falem por si
mesmos,
inseguros que
ainda se
encontram quanto
às suas
convicções
filosófico-religiosas.
O verdadeiro
espírita saberá
portar-se com
dignidade onde
estiver, em
quaisquer
circunstâncias,
mantendo conduta
reta e sóbria,
imune aos
assédios das
sombras da
corrupção. Não
duvidamos da
existência de
pressões e nem
imaginamos
infantilmente
que este
espírita, feito
representante do
povo, não tenha
que vez ou outra
submeter-se a
acordos,
participar de
grupos de
interesses,
lobbies e
coisas do gênero.
O político
precisa ter,
como se diz,
jogo de cintura.
Faz parte da
atividade a
necessidade de
negociação. Isso
não o impede de
agir sempre com
integridade,
segundo os
ditames de uma
consciência reta,
estabelecidos e
solidificados na
moral cristã e
legitimando o
“talento”
evangélico de
quinhão de poder
que lhe é
conferido pelo
voto em
benefício real
do povo, de
maneira lícita e
justa.
Ora, se temos
que votar,
escolhendo a
tripulação de
nosso barco
dentre tantos
cidadãos comuns
de todas as
religiões,
convicção
ideológica,
raças, sexo e
condições
socioeconômicas,
galgando ao
poder os
melhores, por
que alijar da
disputa os
espíritas? Que
ótimo se
tivéssemos
vários deles nas
Câmaras de
Vereadores,
Prefeituras,
Assembleias
Estaduais, no
Congresso
Nacional. Seriam
os porta-vozes,
não só de uma
filosofia, como
outros que se
arregimentam em
bancadas
específicas
deste ou daquele
credo religioso,
unindo-se em
torno de
objetivos
duvidosos, mas
levariam para
este meio, como
o “sal da
terra”, o
exemplo de
dignidade,
solidariedade,
seriedade no
trabalho e
desejo de
transformação
social em bases
mais justas e
felizes.
Enfim, para este
pleito, quem já
não saiu
candidato, não
pode fazê-lo
mais. Os
hesitantes podem
tentar no
próximo. Quanto
a nós, eleitores
simplesmente,
não sejamos
indiferentes.
Este é um
momento
importante de
usarmos a força
do voto para
demonstrar a
nossa satisfação,
ou não, para com
a situação
vigente. Boa
parte do nosso
destino fica à
mercê dos
administradores
públicos. Não
adianta reclamar;
é preciso atuar.
Eleger pessoas
que conheçamos
ou bem
recomendadas e,
depois, cobrar
delas as
promessas de
campanha. Para
isso nós os
colocamos lá e
para isso nós os
pagamos com os
impostos.
Dentre as
dezenas de
candidatos,
muitos há que,
professando esta
ou aquela
religião e mesmo
nenhuma, são, no
entanto, pessoas
de bem. Nem todo
político é
corrupto, ladrão.
Há muitas
pessoas
bem-intencionadas.
Cabe-nos
descobri-las e
fazê-las nossos
administradores.
Bom voto,
caríssimo
internauta!