ANGÉLICA
REIS
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Londrina, Paraná
(Brasil)
|
Fenômenos de Transporte
Ernesto Bozzano
(Parte
2)
Continuamos a apresentar
o
estudo do clássico
Fenômenos de Transporte,
de Ernesto Bozzano, com base
na tradução de
Francisco Klörs Werneck,
publicada pelas
Edições FEESP, 4a
edição, março de 1995.
Questões preliminares
A. Por que objetos
transportados foram
muitas vezes encontrados
quentes?
Reportando-se ao “leve
cheiro de queimado”
mencionado por Zöllner e
outros experimentadores,
Bozzano diz que, em
geral, objetos
transportados foram
muitas vezes encontrados
tépidos, quentes ou
quentíssimos, segundo a
estrutura atômica dos
mesmos objetos, o que,
na base da lei de
transformação das forças
físicas, deve justamente
produzir-se toda vez que
nos defrontarmos com um
fenômeno de
desintegração e
reintegração muito
rápida da matéria.
(Fenômenos de
Transporte, pp. 5 e 6.)
B. Pode um objeto sair
de dentro de uma caixa
lacrada sem que esta
seja aberta?
Pode. O coronel F. R.
Begbie, do Exército da
Índia, relatou um desses
casos, em que o Espírito
de nome “Susu” retirou
de uma caixa fechada e
lacrada diversas
pastilhas de chocolate
ali postas, tal como
ocorrera com Zöllner, na
presença do médium Slade,
quando algumas moedas
saíram de uma caixa
lacrada e, atravessando
também a mesa em que a
caixa estava colocada,
caíram no chão.
(Obra citada, p. 10 e
11.)
C. No fenômeno de
transporte, pode um ser
vivo penetrar num quarto
hermeticamente fechado?
Sim. O fato é possível e
foi observado várias
vezes, como se deu com a
médium Sra. Guppy.
Segundo relatado por
Alfred Russell Wallace,
flores e frutas eram
transportadas para um
quarto hermeticamente
fechado e, certa vez, a
pedido de um amigo, um
girassol com seis pés de
altura caiu em cima da
mesa, tendo as raízes
envoltas em uma espessa
camada de terra. Robert
Cooper, amigo de
Wallace, relata outro
fato ocorrido com a
mesma médium, em que foi
transportado para a sala
um torrão de terra úmida
com ramos de erva bem
compridos e, dentro da
terra úmida, se
contorciam algumas
minhocas.
(Obra citada, pp. 18 e
19.)
Texto para leitura
13. O segundo episódio
relatado por Bozzano
verificou-se em 1877 com
o professor Zöllner,
tendo Slade como médium.
Eis os detalhes dessas
experiências: I) na
primeira, foram
preparadas quatro tiras
com 148 cm de
comprimento e 1 mm de
diâmetro, cujas
extremidades foram
reunidas, atadas e
lacradas; II) após
alguns instantes, sem
que Slade tocasse as
tiras, produziram-se
quatro nós numa delas;
III) na segunda
experiência, Zöllner
usou tiras chatas de
couro, dispondo-as sobre
uma tábua de madeira,
unindo-as nas pontas e
lacrando-as, formando
círculos concêntricos
com diâmetro de 5 a 10
cm; IV) logo em seguida
colocou sobre as tiras
suas próprias mãos e
sentiu, de pronto, um
“sopro frio”, notando
também que as tiras se
mexiam debaixo de suas
mãos, enquanto as mãos
de Slade se achavam
imóveis, a 30 cm de
distância; V) três
minutos depois, Zöllner
retirou as mãos e
verificou que as tiras
de couro estavam
entrelaçadas umas nas
outras, formando quatro
nós; VI) uma terceira
experiência foi feita
com uma corda de
violino, na qual ele
introduziu duas argolas
de madeira e uma
terceira argola feita de
tripa, tendo os três
anéis o mesmo peso; VII)
em seguida, atou as duas
pontas da corda de
violino e as lacrou;
VIII) minutos depois,
percebeu-se um leve
cheiro de queimado e
ouviu-se um ruído como
se dois anéis de madeira
se chocassem: olhando
para esse lugar, viram
as duas argolas de
madeira enfiadas na
perna da mesinha,
enquanto na corda do
violino se haviam
formado dois nós frouxos
e o anel de tripa
penetrara neles. (Obra
citada, pp. 4 e 5.)
14. Reportando-se ao
“leve cheiro de
queimado” mencionado por
Zöllner e outros
experimentadores,
Bozzano diz que, em
geral, objetos
transportados foram
muitas vezes encontrados
tépidos, quentes ou
quentíssimos, segundo a
estrutura atômica dos
mesmos objetos, o que,
na base da lei de
transformação das forças
físicas, deve justamente
produzir-se toda vez que
nos defrontarmos com um
fenômeno de
desintegração e
reintegração muito
rápida da matéria. No
caso das argolas de
madeira, é provável que
a reação calórica tenha
atacado e queimado, em
parte, a celulose da
madeira. (PP. 5 e 6)
15. O Dr. Dupouy relata
no seu livro Sciences
Occultes et Physiologie
Psychique as famosas
experiências da
pulseira, feitas pelo
Dr. Puel, a que ele
assistiu uma dezena de
vezes. Trata-se de um
bracelete sem abertura
ou solda, que se
colocava no antebraço da
sonâmbula, Sra. L.B.
Enquanto as mãos da
médium pousavam abertas
em cima da mesa, ou eram
seguras entre as mãos
dos experimentadores, o
bracelete caía ao chão
ou em cima de um móvel.
Algumas vezes, mantidos
a mesma postura e
cuidados, o bracelete
simplesmente passava de
um antebraço para outro.
(P. 6)
16. O Dr. Chazarin, que
também presenciou essas
experiências, conta que
numa delas seu amigo
Augusto Reveillac lhe
disse que, tendo
apanhado logo a
pulseira, verificara
estar ela impregnada de
um calor escaldante.
Registre-se que no
momento do fenômeno a
médium sempre proferia
um grito de dor ou de
medo, despertando logo
após sobressaltada. (P.
6)
17. Comentando o caso,
Bozzano diz que a
referência ao estado de
calor do objeto indica a
perfeita identidade de
manifestação entre os
fenômenos da “penetração
da matéria através da
matéria” e os
“transportes”. Em
seguida, ele relata um
episódio semelhante ao
anterior, descrito numa
carta que o Sr. Stainton
Moses enviou à Sra.
Speer. Eis os detalhes
da experiência: I) o
Espírito-guia “Rosie”
lhe disse que tentaria
produzir o fenômeno da
passagem de um “arco” de
um tamborim de madeira
em redor do braço; II) o
Sr. Moses tinha as mãos
da médium Sra. Holmes
seguras por suas mãos;
III) em dado momento,
ele percebeu que se
subtraía muita “força”
ao seu organismo e viu
formar-se uma “luz
espiritual” em cima da
mesa; IV) a médium caíra
em transe e seu corpo
era sacudido por um
tremor convulsivo; V)
Moses sentiu, então, que
seu braço passava
através de um dos lados
do arco e a matéria
deste lhe havia parecido
mórbida lanugem que
tinha, de súbito, cedido
ante o obstáculo
encontrado; VI) mal se
produzira o fenômeno,
ele sentiu que o lado da
penetração do arco se
tornara madeira dura;
VII) concluído o
fenômeno, Moses viu, por
fim, que o arco do
tamborim estava em torno
de seu próprio braço.
(PP. 7 e 8)
18. Bozzano deduz, com
base nas impressões
descritas por Stainton
Moses, que a
desintegração fluídica
da matéria lenhosa e
metálica do tamborim não
foi levada ao grau
máximo de sublimação,
mas reduzida a estado de
“pastosidade” suficiente
para produzir o
fenômeno. Nos casos dos
“transportes”, ao
contrário, a
desintegração da matéria
deverá ser
constantemente levada ao
grau máximo de
sublimação molecular ou
fluídica.
(N.R.:
Sublimação: em Física,
transição da fase sólida
para o vapor.)
(P. 8)
19. Segundo o reverendo
Haraldur Nielsson, a
“penetração da matéria
através da matéria” em
suas experiências deu-se
mesmo estando o médium
isolado dos demais por
uma rede de malhas tão
pequenas que se tornava
impossível passar uma
mão através dela.
Objetos soltos, como uma
mesa, uma caixa de
jogos, uma cítara, duas
trombetas etc. foram
deslocados através da
rede, estendida na sala,
do teto ao chão. (PP. 8
e 9)
20. Bozzano enumera, na
sequência, o caso
relatado pelo coronel F.
R. Begbie, do Exército
da Índia, no qual o
Espírito de nome “Susu”
retirou de uma caixa
fechada e lacrada
diversas pastilhas de
chocolate ali postas,
tal como ocorrera com
Zöllner, na presença do
médium Slade, quando
algumas moedas saíram de
uma caixa lacrada e,
atravessando também a
mesa em que a caixa
estava colocada, caíram
no chão. (PP. 10 e 11)
Categoria I
21. Bozzano reuniu neste
capítulo 17 casos de
“transportes” feitos a
pedido ou em que se
encontram modalidades de
produção que excluem
toda possibilidade de
fraude. (P. 15)
22. O Caso I
refere-se às
experiências do rev.
Stainton Moses, nos anos
de 1872 e 1873, tendo
sido transportados os
seguintes objetos: I) um
frasco de perfume que se
encontrava noutro
recinto, na toalete; II)
um livro trazido da
biblioteca fechada à
chave; III) sete objetos
tirados de aposentos
diversos; IV) quatro
objetos, entre os quais
uma campainha que, a
tilintar, passou por
debaixo da mesa e depois
pousou delicadamente em
cima da mesa. (PP. 16 e
17)
23. Caso semelhante, diz
Bozzano, passou-se com
William Crookes, sendo
médium a Srta. Kate Fox.
A diferença entre um
caso e outro consiste na
circunstância de que,
com Crookes, a campainha
transportada começou a
tilintar quando estava
na sala de sessões, ao
passo que, com o Sr.
Moses, a campainha
tilintava antes e
penetrou na sala de
sessões sem quase deixar
de tilintar. Deve-se,
portanto, inferir desse
episódio que o fenômeno
de desintegração e
reintegração da
campainha se produziu
com tal rapidez que o
intervalo de silêncio
foi bastante curto para
não ser notado. (PP. 17
e 18)
24. O Caso II
, envolvendo a
mediunidade da Sra.
Guppy (antes, Srta.
Nicoll), é relatado por
Alfred Russell Wallace.
Flores e frutas eram
transportadas para um
quarto hermeticamente
fechado e, certa vez, a
pedido de um amigo, um
girassol com seis pés de
altura caiu em cima da
mesa, tendo as raízes
envoltas em uma espessa
camada de terra. Robert
Cooper, amigo de
Wallace, relata outro
fato ocorrido com a
mesma médium, em que foi
transportado para a sala
um torrão de terra úmida
com ramos de erva bem
compridos. Acesa a luz,
Cooper diz que dentro da
terra úmida da raiz se
contorciam algumas
minhocas. (PP. 18 e 19)
(Continua
no próximo número.)