GILBERTO SIMIONI
gilbertosimioni@yahoo.com.br
Bragança Paulista, São Paulo (Brasil)
Tempos difíceis
“É preciso muita
coragem para
enfrentar as
mudanças
drásticas sem
um
tremor interno.”
-
Eric Hoffer
Charles Du Bos,
pensador e
filósofo
francês, dizia
que “Estar
disposto a
sacrificar o que
somos por aquilo
em que podemos
nos transformar,
isso é o que
importa”.
Nos últimos cinquenta anos a
Humanidade vem
passando por
transformações
profundas,
rápidas,
difíceis de
acompanhar.
Algumas até
dolorosas, pois
mexem com nossas
coisas
materiais. Nosso
ter, e muito
mais com o ser.
Nos treinamentos
in company
sempre faço uma
brincadeira.
Peço que todos
cruzem os
braços.
Confortável,
gostoso,
quentinho?
Depois, que
cruzem ao
contrário. E
deixo alguns
minutos.
Pergunto o
mesmo. Total
desconforto. Por
que, se os
braços e o corpo
são os mesmos? É
que, no primeiro
caso, estamos na
zona de conforto
e, no segundo,
estamos fazendo
uma coisa
desconhecida,
estranha, que
incomoda.
O mesmo acontece
com as
transformações.
Conheço
ex-profissionais,
hoje parados ou
aposentados, que
não usam
computador ou
precisam ser
ajudados por
filhos. Alguns
não têm
celulares ou não
sabem usá-los.
Não ensinam o
que sabem nem
vão a cursos de
qualquer coisa.
Estão se
alienando.
Fazendo o
check in
para o outro
lado da cortina.
O importante não
é o que se
estuda, mas
que se estude,
dizia, há quinze
anos, uma nossa
professora de
Soro-Ban
(calculadora
japonesa de
contas de
madeira).
No Jornal
Nacional de
27.2.09, o
presidente da
Sociedade
Ibero-americana
na Comunidade
Europeia
(Portugal e
Espanha) diz que
a recessão e
dificuldades
enfrentadas
pelos USA e
Europa é muito
mais intensa e
profunda do que
a enfrentada
pelo Brasil,
pois não estavam
preparados e
sofreram perdas
irrecuperáveis.
Nós, no Brasil,
não na mesma
intensidade.
Na mesma semana,
assistindo ao
Jornal das Treze
Horas, os
hoteleiros e
restaurateurs
do Litoral Norte
de São Paulo
estavam
contentíssimos
pela ocupação
total dos hotéis
e pelos 30% de
hóspedes que
resolveram
esticar a semana
do Carnaval até
o último dia de
fevereiro.
Na semana que
antecedia o
Carnaval,
precisei
hospedar quatro
pessoas em
Bragança
Paulista, e na
cidade toda,
incluindo os
hotéis-fazenda,
só havia um
apartamento da
quinta para a
sexta-feira.
Como dizia
Percival Ghion,
consultor
anglo-canadense
no Guarujá nos
anos 70, “Não
existem países,
estados,
cidades,
empresas, em
crise. Há homens
em crise”.
A maior parte
dos donos de
hotéis que
reclamam do
momento não tem
um budget,
não sabe e não
passa a seus
empregados
quanto vão
ganhar, perder,
lucrar. Por
administrarem
sob pressão,
sempre querem
mais do que não
sabem quanto.
Nunca estão
contentes.
Sempre
reclamando.
Alguns porque o
faturamento do
mês não deu para
trocar de carro.
Se não sabemos
para onde vamos,
chegaremos nunca
em lugar algum.
Pela Internet
corre notícia
que, finalmente,
após vários
anúncios nos
dois últimos
milênios, o
Mundo finalmente
vai acabar em
2013 e isto que
está aí já é o
prenúncio do
fim.
Se Deus é a
inteligência
suprema, causa
primeira de
todas as coisas,
não pode ter
defeitos ou
qualidades,
pois, caso
contrário, não
seria Deus.
Alguém acredita
que após bilhões
de anos de
formação da
Terra, milhões
de anos de vida
e crescimento da
civilização nos
campos
científicos e
morais, Deus vai
apontar o dedo
para cá e acabar
com tudo? Seria
um desperdício,
uma sandice, no
mínimo.
Todas essas
mudanças,
dificuldades, e
o momento atual,
são no mínimo
para que nos
adaptemos à
mudança, em
especial, como o
padre
comunicante do
novo programa da
Igreja Católica
“Justiça”, que
disse na TV, em
Aparecida, que
está na hora de
o homem parar de
ser o lobo de
seu semelhante e
começar a
tratá-lo como
irmão.
Dalai Lama diz
não entender por
que certas
pessoas
trabalham a vida
toda para juntar
fortunas, não
têm descanso nem
lazer, não amam,
não convivem nem
frequentam, se
aproveitam do
próximo, e, na
meia-idade ou
velhice, gastam
toda a fortuna
para curar
doenças e se
lastimam por não
haver vivido a
vida.
Em artigo um
tanto anterior a
este mencionei
que os
workhaolics
que conheci não
gostavam tanto
de trabalhar, da
empresa, mas não
tinham coragem
de chegar à casa
cedo e enfrentar
a família.
Seguravam os
funcionários
depois do
expediente, no
fim de semana,
regularmente,
para ter com
quem falar,
beber, ter
companhia.
Frequento o
Sindicato da
Construção Civil
em São Paulo,
para ministrar
cursos, e
convivo com
algumas pessoas
de lá, leio sua
boa revista
mensal.
Na reunião
festiva de fim
de ano, o
presidente e
convidados só
deram boas
notícias. A
construção civil
deve crescer e
empregar muito
mais gente em
2009. Se o
Governo for mais
ágil na
concessão de
crédito, o setor
não terá queda
considerável ate
2011, pois a
construção civil
é um dos pilares
do crescimento
deste país. Isto
inclui estradas,
pontes, novas
plantas de
fábrica, usinas,
hotéis. Darwin
nos lembra que
os animais
(inclusive nós)
que sobraram de
muitas
transformações e
cataclismos não
foram os mais
fortes, mas sim
os que melhor se
adaptaram.
Devemos seguir
as palavras de
Paulo apóstolo,
quando dizia que
a cada dia o
homem velho deve
morrer e um
homem novo
renascer na
manhã seguinte.
O homem deve se
reinventar,
desaprender,
reaprender todo
dia.
Albert Einstein
pregava que “Você
não poderá
resolver os
problemas que
tem hoje
pensando da
mesma maneira
que você pensava
quando os
provocou”.
Na realidade,
Deus, o próximo,
o inimigo que
elegemos sempre
não têm nada a
ver com nossos
problemas, com
isto que aí
está, pois fomos
nós que os
criamos, usando
nosso
livre-arbítrio,
e cada um terá
que resolver o
seu, sem colocar
a culpa em
ninguém e nem
solicitar
milagres.
O fim da União
Soviética provou
que não adianta
querer cuidar e
culpar o
próximo, o
governo pagar a
conta, sustentar
todos, pois isto
levou o sistema
à bancarrota. Se
cada um se
melhorar, será
um a menos no
programa Bolsa
Família, bancado
por nós em
detrimento do
investimento que
poderia gerar
emprego e
dignidade aos
dependentes do
programa.
E não adianta
sindicalistas,
magistrados,
governantes
quererem
interferir em
empresas
fazendo-as
engolir de volta
os (infelizmente
demitidos),
pois, para
salvar uma
minoria,
temporariamente,
corre-se o risco
de acabar com o
todo,
definitivamente.
Também não
adianta reduzir
jornada de
trabalho com
pagamento
integral de
salários e
benefícios, pois
isto tornará o
produto com
preço fora de
mercado, com
risco de mais
demissões. Num
jogo, tem que
haver o
ganha-ganha, e
não como alguns
técnicos de
futebol que
dizem eu
ganhei, nós
empatamos, eles
perderam.
Existe um
negócio chamado
administração,
lei de mercado,
leis
financeiras,
capitalismo. Não
é sábio matar a
galinha para
saber de onde
vem o ovo.
Será que, se
fossem
dirigentes ou
empresários,
estes
socialistas
materialistas
(com o dinheiro
dos outros)
fariam na sua
empresa o que
pregam hoje?
A queda dos
juros, maior
qualificação do
colaborador com
treinamentos e
cursos internos
e externos,
maior
profissionalismo
por parte do
pequeno
empresário
trarão um grande
alívio.
Os bancos, que
continuam
lucrando como
antes, precisam
sair da
defensiva para
atravessarmos
este e os demais
anos com
dignidade.
Lembro que a
Terra é um
grande cachorro
e que somos as
pulgas. Se o cão
morrer, as
pulgas morrem
junto. E depois
os bancos vão
emprestar para
quem? Lucrar
como?
Há boas empresas
que formam
multiplicadores,
pessoas que são
treinadas e
repassam a seu
círculo de
colaboradores o
que aprenderam
no treinamento,
na profissão, na
vida, lembrando
que devemos
liderar pelo
exemplo e não
pelo discurso,
pelo destempero.
Afinal,
treinamento e
investimento no
capital humano,
nos talentos que
temos à mão
nunca foram
despesas e, sim,
investimento.
O bom
administrador
não é aquele que
sabe quanto
custa, ganha,
perde, mas, sim,
aquele que vê no
horizonte quanto
poderia ganhar,
lucrar e o que
fazer para não
perder. Quanto
deixou de ganhar
por algo que fez
impensadamente.
Isto não se lê
em balanços e
relatórios, mas
com a
experiência na
profissão, na
vida, com afinco
de fazer o que
sabe e gosta.
Para encerrar
este artigo, e
não o assunto,
quero lembrar um
pensamento de
Richard Bach,
que me foi
ensinado por
Marilda Arnone,
terapeuta de
Amparo, numa
época difícil de
minha vida:
“Mudemos nosso
pensamento e o
mundo ao nosso
redor mudará
também”.