Versos a minha Mãe
Antônio Francisco da
Costa e Silva
Pássaro preso no recinto
escasso
Do velho canavial,
beirando o rio,
Quis ver o mundo vasto e
conheci-o,
Varando, em pleno voo, o
azul do espaço...
Lembro-me agora...
Enceguecido, abraço
A exaltação, a glória e
o poderio...
Mas tudo, minha Mãe, era
vazio
Fora do amor que brilha
em teu regaço.
Vi mil chagas de dor que
a fama incensa
Nos nervos de ouro da
cidade imensa,
E prazeres em trágico
desmando...
Mas no colo a que, em
sonho, me recostas,
Tenho apenas teu vulto
de mãos postas,
Que teu filho recorda,
soluçando...
Antônio Francisco da
Costa e Silva nasceu em
Amarante, Piauí, em 28
de novembro de 1885 e
desencarnou no Rio de
Janeiro em 29 de junho
de 1950. Formado em
Direito, foi
funcionário público do
Ministério da Fazenda,
em que ascendeu a altos
postos. O soneto acima
integra o livro
Antologia dos Imortais,
obra psicografada pelos
médiuns Francisco
Cândido Xavier e Waldo
Vieira.