Um amigo nos pergunta se a
encarnação do Espírito
amortece suas percepções
espirituais.
Sim. A encarnação
amortece-as sem, contudo, as
anular completamente, porque
a alma não fica encerrada no
corpo como numa caixa.
Kardec refere-se ao assunto
no cap. XVI de seu livro
A Gênese.
Lemos nessa obra que, quando
estamos encarnados, nossas
percepções permanecem,
embora em grau menor do que
quando nos encontramos na erraticidade, completamente
desprendidos.
É isso que confere a certos
homens um poder de
penetração que a outros
falece inteiramente, uma
maior agudeza de visão moral
e compreensão mais fácil das
coisas extrafísicas.
Por efeito do
desenvolvimento moral,
alarga-se o círculo das
ideias; por efeito da
desmaterialização gradual do
perispírito, este se
purifica dos elementos
grosseiros que lhe alteravam
a delicadeza das percepções,
o que torna fácil
compreender que a ampliação
das faculdades acompanha o
progresso do Espírito.
É, portanto, o grau da
extensão das faculdades do
Espírito que, durante a
encarnação, o torna mais ou
menos apto a conceber as
coisas espirituais. Mas tal
aptidão não é consequência
direta do desenvolvimento da
inteligência, pois a ciência
vulgar não a dá, visto que
há homens de grande saber
tão cegos para as coisas
espirituais quanto outros o
são para as coisas
materiais.
Eles lhes são refratários
porque não as compreendem, o
que significa que ainda não
progrediram em tal sentido,
ao passo que outros, muitas
vezes de instrução e
inteligência vulgares, as
aprendem com a maior
facilidade, o que prova que
já tinham de tais coisas uma
intuição prévia.
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