DAVILSON SILVA
davsilva.sp@gmail.com
São Paulo, SP (Brasil)
O cético e a luva de
parafina
Não adianta combater os
fenômenos espíritas, ou,
como preferimos,
espirituais, dando a
entender de modo direto
ou indireto que todo
médium seria um farsante
e a mediunidade, uma
farsa. Ao desmerecer
certos médiuns, pensam
que atingem a boa
reputação do
Espiritismo. Outros
meios já foram
empregados por inúmeros
espiritófobos (1)
a fim de
impedir o avanço
espírita, tentando
deturpar a ideia do seu
verdadeiro caráter.
Trata-se o Espiritismo
de um compêndio
conceitual de caráter
divino, resultante do
ensino dos Espíritos
Superiores, o que não se
prende única e
exclusivamente a
manifestações
fenomênicas. Oriundos da
vontade de Deus, esses
conhecimentos revelados
a Allan Kardec tomam por
base a existência do
Criador, da Alma e sua
imortalidade, em
proveito da sua
espiritualização,
reerguendo-a,
sublimando-lhe a
existência.
Tal a ideia dos
Trabalhadores Divinos,
incumbidos de iluminar o
progresso da Alma
humana, em seu propósito
de fazer que ela entenda
o régio sentido da
existência. Pondo-os à
disposição do homem, que
nada mais é que um corpo
perecível do qual o
Espírito se reveste,
esses conceitos explicam
que, ao sair desse corpo
por efeito da morte, ele
retorna ao estado
natural no éter. Nesse
particular, tendo a
individualidade
preservada, ele pode
pôr-se em contato com os
afeiçoados que deixou no
mundo.
Um dos mais
interessantes, mais
fascinantes meios entre
a esfera espiritual e a
material é um fenômeno
chamado de
materialização. O
fenômeno de
materialização
processa-se pela ação do
ectoplasma, ou seja,
substância fluídica
emanada do corpo de um
médium, para que o
Espírito se torne total
ou parcialmente
tangível.
(2)
Essas
manifestações não podem
acontecer em todo lugar,
em presença de quaisquer
pessoas, de grandes
plateias, daí, não serem
vulgares.
Materializações na
Europa e na Oceania
No entanto temos
informações de que
certos fenômenos, como o
de voz direta, de
levitação, de
transfiguração,
sobretudo de
materialização de
Espíritos, ressurgiram
na Europa e na Oceania.
Até onde pude saber, os
responsáveis, pessoas
que me parecem sérias,
afirmam terem por fim
demonstrar apenas a
continuidade da
existência no Além.
Lá, tem-se verificado as
mesmas surpresas, a
mesma emoção sentida em
todos os lugares e
épocas onde puderam
produzir o fenômeno.
Mulheres e homens sentem
extraordinária alegria
ao ouvirem a voz de seus
entes amados
supostamente
desaparecidos. Tocam-se,
acariciam-se, comovem-se
até as lágrimas, e isso,
meu leitor ou minha
leitora, acontecendo na
França e na Austrália,
em pleno século 21, tal
como nos velhos tempos.
Os fenômenos de
materialização,
aparentemente, parecem
fáceis à fraude, e
sempre houve embusteiros
como os da qualidade de
Ladislas Lassio. Ele, o
fotografaram
apresentando ridículas
emissões e aparições
ectoplasmáticas. Já W.
H. Reed e seus burlescos
bonecos cobertos de
lençol branco propunham
provar a impostura dos
médiuns. Podem até
iludir alguns incautos,
mas jamais pesquisadores
sérios, tais como:
representantes da
física, da biologia
molecular, da química,
da medicina e psicologia
modernas e da ciência
forense.
Mero
embuste
Diga-se a propósito,
ocorreu-nos um fato
acontecido acerca de um
cético, um médium de
efeitos físicos que
materializava Espíritos,
e um pesquisador
espírita. Tendo o cético
presenciado com os
próprios olhos os
fenômenos através desse
médium, especialmente o
fato das luvas de
parafina, garantiu ao
pesquisador que era
também capaz de
materializar as
“supostas almas de
pessoas mortas”, segundo
palavras suas. Para ele,
tudo o que vira não
passava de embuste, e o
pesquisador propôs vir à
baila o segredo
fraudulento das
materializações.
Incontinênti, o incréu,
do tipo alardeador de
sabedoria, aceitou
a proposta, dizendo que
um ilusionista sob sua
orientação poria em
prática a tamanha
falsidade. Pediu um
tempo e exigiu a
presença de jornalistas,
de testemunhas da sua
confiança.
O pesquisador aceitou a
exigência do cético,
adiantando, porém, que o
ilusionista teria de se
submeter aos mesmos
rigores dos atentos
cuidados aos quais o
médium era submetido.
Depois que o mágico
apresentasse um suposto
fantasma, ele teria
também de demonstrar
como as falsas luvas de
parafina eram feitas, ao
produzir uma das mãos ou
um dos pés, ao menos um
dedo, num receptáculo
contendo parafina comum
(H2-C-CH2) dissolvida e
em ebulição, mantida no
fogo a uma temperatura
de aproximadamente 100
graus centígrados. E o
dito-cujo, o seu
prestímano, jornalistas
e partidários apareceram
na data, hora e local
marcados? Não deram as
caras!
Em algumas reuniões
experimentais de efeitos
físicos, costumava-se
deixar, a pedido das
próprias Entidades, dois
recipientes de mais ou
menos 20 litros cada. Os
recipientes ficavam num
espaço seguro, à parte e
em plena escuridão,
dispostos um ao lado do
outro: um contendo
aquela parafina por
sobre um fogareiro em
pleno estado de fervura;
o outro, apenas água
fria.
Estando o Espírito
materializado,
aproximava-se do
vasilhame com a parafina
e mergulhava, por
exemplo, a mão.
Impregnando de parafina
líquida e escaldante a
mão direita, repetia
esse processo com a mão
esquerda até deixar uma
camada bem consistente.
Em seguida, ao
submergi-la recoberta
dessa substância na água
fria, pronto, era o
momento de se
desmaterializar,
restando apenas a luva
de cera no fundo do
vasilhame. Tendo a luva
de cera solidificada
(oca e sem nenhuma
emenda!!!), às vezes,
preenchiam-na com gesso
empapado. Ficando
totalmente sólido, por
fim, o molde da mão
apresentava linhas
palmares, unhas,
impressões digitais,
pequenos pelos e poros
da pele espiritual bem
definidos.
Portanto, é humanamente
impossível, nestas
circunstâncias, alguém
fazer a mesma coisa. E
ATENÇÃO!!! Só os
Espíritos materializados
podem fazer isso!
Recomendamos não
imitá-los. Cético ou
não, não cometa essa
tolice! Afora o risco de
se expor a gravíssimas
queimaduras, você estará
sujeito a danos nos
pulmões e a tumores
malignos; o contato da
parafina líquida com a
própria pele,
inalando-lhe o vapor,
pode causar danos à
saúde. (3)
Como vimos, não adianta
querer desmoralizar os
fenômenos espirituais,
negando-os, e ainda por
cima, pensando que podem
enfraquecer as
convicções espíritas que
lançam por terra toda
presunção materialista.
Não quer aceitá-los?
Tudo bem. Os fenômenos
provocados pelos
Espíritos ainda
incomodam sobremaneira.
Ultimamente, até de um
modo gaiato e ainda mais
irresponsável, tentam
fazer pouco da sua
seriedade (haja vista os
videozinhos ordinários
no You Tube).
Como disse Allan Kardec:
“Pelo fato de se poder
imitar uma coisa, não se
segue que a coisa não
exista”. “Os falsos
diamantes nada tiram do
valor dos brilhantes
finos, e as flores
artificiais não impedem
que haja flores
naturais.” (4)
____________________________________
(1) Espiritófobos
é uma expressão criada
por A. Kardec para
significar aqueles que,
sobretudo, temem o
avanço do Espiritismo,
por isso,
sistematicamente o
combatem.
(2) Ectoplasma é palavra
de autoria do médico e
pesquisador Charles
Richet (1850/1935). Se
o(a) leitor(a) desejar
saber a respeito dos
efeitos, visão prática e
conceituação filosófica
dessa curiosa
substância, recomendamos
a obra: Saúde e
Ectoplasma, do Prof.
Mattieu Tubino, edição
própria. Acesse o site:
www.astipalea.com.br.
(3) Sugerimos um texto,
a respeito das luvas de
parafina, neste
endereço:
www.espiritnet.com.br/Colunistas/ma-osecto.htm,
de autoria do delegado
de polícia, Dr. João
Alberto Fiorini de
Oliveira, ex-chefe da
Polícia Científica do
Estado do Paraná,
respeitado pesquisador
forense dos fenômenos
espíritas.
(4) KARDEC, Allan.
Revista espírita:
jornal de estudos
psicológicos (julho de
1863). São Paulo: Edicel
- Editora Cultural
Espírita Ltda., s/d.
Página 205.
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