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Ano 4 - N° 177 - 26 de Setembro de 2010

PAULO DA SILVA NETO SOBRINHO
pauloneto@ghnet.com.br
Guanhães, Minas Gerais (Brasil)

 

Chico Xavier psicografou
livros de verdade?


(Parte 2 e final)

Assim é que poderemos encontrar “fui arrebatado em espírito”,  “fui arrebatado  emêxtase”, “fui levado em espírito”  e “fui movido pelo Espírito”.  Essa última levando ao leitor acreditar que talvez esse Espírito seja o Espírito Santo, em que acreditam.

As outras narrativas dizem-nos da realidade do afastamento do Espírito de João, com a consequente posse de seu corpo pelo Espírito revelador, Jesus. Daí ser fácil entender por que João, mesmo sendo iletrado, escreveu, já que essa ocorrência mediúnica se caracteriza como uma mediunidade mecânica, onde o Espírito do médium é afastado do corpo, para que o Espírito comunicante o utilize para dar a sua mensagem.

Nesse tipo de mediunidade o médium produz até mesmo coisas além de seu conhecimento atual, entretanto, não guarda lembrança dos fatos ocorridos nesse período, pois não ficam gravados em sua memória física.

Chico Xavier psicografou?

Aos que não sabem, o mineiro do século, Chico Xavier, cursou apenas até o antigo quarto ano primário e, numa análise do conteúdo do que produziu, por sua mediunidade, podemos encontrar conhecimento muito além de sua cultura escolar. Conseguiu, em sua primeira obra mediúnica, Parnaso do Além Túmulo, psicografar 256 poesias de 56 autores. Poesias essas perfeitamente identificáveis com o estilo que conhecemos dos poetas autores da mensagem. Talvez, quem sabe, um gênio conseguisse fazer isso, o que não era o caso de Chico.

Um perito em grafoscopia, Carlos Augusto Perandréa, após analisar uma mensagem recebida em italiano, língua que Chico não conhecia, em comparação com escritos dessa pessoa quando viva, conforme consta de seu livro Psicografia à luz da grafoscopia, atesta:

“A mensagem psicografada por Francisco Cândido Xavier, em 22 de julho de 1978, atribuída a Ilda Mascaro Saullo, contém, conforme demonstração fotográfica (figs. 13 a 18), em ‘número’ e em ‘qualidade’, consideráveis e irrefutáveis características de gênese gráfica suficientes para a revelação e identificação de Ilda Mascaro Saullo como autora da mensagem questionada”. (PERANDRÉA, 1991, p. 56.)

É bom que se diga que após “700 laudos técnicos, sem uma única contestação em 25 anos de atuação, proporcionam ao professor Perandréa, conhecimento, capacidade e alta credibilidade para estudar imparcialmente e cientificamente a psicografia”. (APPOLONI, 1991.)

Não podemos deixar de registrar que ele era filho de família católica e, segundo Marcel Souto Maior, “Ao encerrar seus estudos, o professor Carlos Augusto Perandréa – na época professor do Departamento de Patologia Aplicada, Legislação e Deontologia da Universidade Estadual de Londrina – se converteu ao Espiritismo. (SOUTO MAIOR, 2004, p. 23.) É uma preciosa informação porquanto sempre surgem os que querem desclassificar o laudo do Prof. Perandréa dizendo se tratar de espírita, ou seja, feito por um espírita, como se isso fosse o suficiente para derrubá-lo. Quem tiver esse intento, é simples: basta apresentar uma contraprova pericial do documento, aí sim, estará saindo do fanatismo e caminhando para algo mais científico que uma simples contestação sem base.

E, mesmo no caso de pesquisa científica ser feita por espíritas, somente contraprovas é que poderão derrubá-la. Citamos por exemplo a que foi realizada por Paulo Rossi Severino e equipe da AME-SP, da qual se publicou o livro A vida triunfa: pesquisa sobre mensagens que Chico Xavier recebeu. Após análise de 45 cartas-mensagens recebidas por ele, concluíram, entre outras coisas apresentadas nos vinte e cinco gráficos (SEVERINO, 1992, p. 279-291):

a) 62,2% dos comunicantes eram católicos;

b) 42,2% dos informantes procuraram o Chico apenas uma vez, 33,3% duas a três vezes;

c) 93,3% dos informantes não eram conhecidos de Chico antes do óbito;

d) 71,1% das cartas-mensagens tinham relatos de fatos pessoais;

e) 60,0% tinham frases peculiares da pessoa quando viva;

f) 57,8% continham o estilo peculiar do comunicante;

g) 35,6% apresentaram assinaturas idênticas e 22,2% semelhantes;

h) 88,9% dos que autenticaram a comunicação eram um grupo de mais de 3 pessoas;

i) 62,2% das mensagens citavam mais de seis fatos que foram comprovados;

j) 100% de acerto nas mensagens.

Eis a conclusão a que chegaram: “As evidências da sobrevivência do Espírito são muito fortes”. (SEVERINO, 1992, p. 278.) Certamente que sempre estaremos prontos para ver qualquer contraprova a essa pesquisa.

Um trecho interessante narrado no livro Nosso Amigo Chico Xavier:

“O outro caso de xenoglossia ocorreu após visitar, em companhia do Dr. Rômulo Dantas, a fazenda de propriedade do Dr. Louis Ensch, engenheiro luxemburguês, fundador da Usina de Monlevade da Companhia Belgo-Mineira, em Monlevade (MG). Após o regresso, numa das suas preces, recebe uma mensagem em luxemburguês, endereçada ao engenheiro, que ao lê-la foi tomado de grande surpresa e admiração: estava escrita em sua língua nacional, com tamanha perfeição, que somente os intelectuais de sua pátria estariam aptos a compreendê-la”.

“Se faz necessário notar que pouquíssimas pessoas em nosso país falam o luxemburguês. Seria necessário catá-las a dedo, pois esta língua é falada em um país europeu que possui uma população total de 340.000 habitantes, o equivalente à de nossa cidade litorânea, Santos”. (COSTA E SILVA, 1995, p. 145.)

Nesse mesmo livro é citado um caso em que Chico psicografou em inglês ao inverso (p. 146), fato pouco comum e inusitado para quem não fala e nem escreve nesse idioma.

“Com mais de 400 obras publicadas e 25 milhões de exemplares vendidos, Chico Xavier é inquestionavelmente um dos maiores fenômenos editoriais do país. O único brasileiro que o superou é Paulo Coelho, com 30 milhões de livros vendidos” [[1]]. Inclusive, vários deles estão traduzidos e publicados em castelhano, esperanto, francês, inglês, japonês, grego etc. Assim, são os fatos que apontam para a veracidade da psicografia de Chico Xavier, que se não atribuirmos essas obras aos Espíritos deveríamos então, por coerência, tê-lo colocado para ocupar um lugar na Academia Brasileira de Letras.

Conclusão

O que percebemos claramente é que por detrás de tudo isso o que está se questionando realmente é a possibilidade da comunicação entre vivos e mortos. Conforme já o dissemos “Deus é Deus dos vivos”, assim, por que não poderia haver a comunicação entre os dois planos da vida? Só porque alguns teólogos acham que não? Mas e as pesquisas sobre o assunto não valem nada?

Poderíamos citar as pesquisas de Sr. Willian Crookes e inúmeros outros sábios, entretanto, poderão apresentar objeções relativamente à época de quando foram feitas e outras mais. Mas não iremos tão longe. Buscaremos, para acrescentar ao que já dissemos, o testemunho de um padre católico. Exatamente, por ser um padre é que sua opinião é importante, pois sabemos que embora possa não ser a posição oficial da Igreja Católica, quase todos os padres dizem que a comunicação com os “mortos” não é possível. O que achamos muito estranho, pois não conhecemos nenhum santo vivo, mas apesar disso os católicos ficam a evocá-los, pedindo-lhes para resolver seus problemas do dia-a-dia. Apelam aos santos para intercederem por eles junto a Deus, como nós muitas vezes buscamos a ajuda de uma pessoa para obter favor de uma outra mais influente.

Diz-nos o Pe. François Brune, pesquisador católico da Transcomunicação Instrumental - comunicação com os Espíritos por meios eletrônicos, o seguinte:

“Interrogar sobre as origens, no pensamento ocidental, desta recente ideologia do nada, não é o meu propósito. O mais escandaloso é o silêncio, o desdém, até mesmo a censura exercida pela Ciência e pela Igreja, a respeito da descoberta inconteste mais extraordinária de nosso tempo: o após-vida existe e nós podemos nos comunicar com aqueles que chamamos de mortos.

Escrevi este livro para tentar derrubar esse espesso muro de silêncio, de incompreensão, de ostracismo, erigido pela maior parte dos meios intelectuais do ocidente. Para eles, dissertar sobre a eternidade é tolerável; dizer que se pode vivê-la torna-se mais discutível; afirmar que se pode entrar em comunicação com ela é considerado insuportável.

O padre e teólogo que sou quis, como se diz, certificar-se completamente da verdade. Por que todos esses testemunhos deveriam ser, a priori, considerados suspeitos? Quando o conteúdo das mensagens e das comunicações gravadas reúne, como eu demonstro, os maiores textos místicos de diversas tradições, existe nisso mais que uma simples coincidência. Eu acompanhei, pois, e estudei apaixonadamente os resultados das pesquisas mais recentes nesse campo. As conclusões deste trabalho ultrapassaram minhas previsões: não somente a credibilidade científica das experiências de comunicação com os mortos encontra-se confirmada e não pode mais ser posta em dúvida, mas a prodigiosa riqueza dessa literatura do além reanimou em mim o que séculos de intelectualismo teológico haviam extinguido. (BRUNE, 1991, p.15.)

“Vox ‘patris’ Vox Dei”. E ponto final. 

 

Referências bibliográficas: 

Bíblia de Jerusalém, São Paulo, Paulus, 2002.

Bíblia Sagrada – Edição Pastoral, São Paulo, Paulus, 1990.

APPOLONI, C. R. A psicografia à luz da grafoscopia. in. PERANDRÉA, C. A. A psicografia à luz da grafoscopia. São Paulo: Editora Fé, 1991.

BRUNE, Pe. F. Os Mortos nos Falam, Sobradinho-DF, Edicel, 1991.

CHAVES, J.R. A Face Oculta das Religiões, São Paulo, Martin Claret, 2001.

COSTA E SILVA, L. Nosso Amigo Chico Xavier, São Paulo, Editora ALF, 1995.

LOEFFLER, C. F. Fundamentação da Ciência Espírita, Niterói, Lachâtre, 2003.

PERANDRÉA, C. A. A Psicografia à Luz da Grafoscopia, São Paulo, Editora Fé, 1991.

SEVERINO, P. R. A vida triunfa: pesquisa sobre mensagens que Chico Xavier recebeu. São Paulo: Jornalística Fé, 1990.

SOUTO MAIOR, M. Por trás do véu de Ísis – uma investigação sobre a comunicação entre vivos e mortos. São Paulo: Planeta, 2004.

http://globoforum.globo.com/Globo.com/GloboForum/0,6993,UY0-1219-20|327|1828787|1,00.html

http://www.terra.com.br/planetanaweb/paranormal/
propriedadesastrais/chico_xavier_4.htm


 

[1]   http://www.terra.com.br/planetanaweb/paranormal/propriedadesastrais/chico_xavier_4.htm



 


 

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