Aglaê Pinheiro Silveira:
“Os modelos da antiga educação já não funcionam mais para a nova
geração”
A educadora paulista fala sobre o Projeto Imagem e diz que as Casas
Espíritas
deveriam abraçar
a orientação aos
pais como uma
meta
prioritária,
dada a sua
grande
importância na
preparação das
futuras gerações
|
Aglaê Pinheiro
Silveira
(foto),
espírita de
infância,
psicóloga e
educadora,
natural da
capital de São
Paulo, onde
reside e é
vinculada à
Sociedade
Espírita Mãos
Unidas, comenta
sua experiência
com o resumo de
obras espíritas
para elaboração
das palestras do
Projeto Imagem (www.projetoimagem.com.br)
e destaca o
trabalho de
orientação aos
pais que é
realizado aos
sábados na
instituição, com
vistas a
prepará-los para
enfrentar os
desafios
pertinentes à
educação dos
filhos e à
vivência no bem.
O Consolador: O que mais lhe chama a atenção na Doutrina Espírita?
|
O poder de
esclarecer,
consolando, as
principais
dúvidas
existenciais do
ser humano.
O Consolador: Relate sua experiência no resumo de obras para o
Projeto Imagem. |
O Projeto Imagem
tem para mim
importância
fundamental.
Primeiramente
por me dar
oportunidade de
estudar com
regularidade e
mais
profundamente as
obras que são
resumidas
(principalmente
os livros de
André Luiz
através da
psicografia de
Chico Xavier).
Quanto mais
estudo estas
obras mais me
encanto com
elas. Digo ao
querido Américo
que ela deveria
chamar-se
Enciclopédia
André Luiz, tal
o nível de
conhecimento, em
diversas áreas,
que ela nos
fornece. O
segundo motivo
pelo qual admiro
o Projeto Imagem
é pelo grande
bem que, tenho
certeza, ele faz
e continuará
fazendo às
pessoas (e este
é um grande
incentivo para
mim ao
trabalho).
Agradeço muito e
sempre ao
Américo Luís
Sucena de
Almeida (criador
do Projeto) pela
oportunidade que
me dá em
participar
dele.
O Consolador: Qual sua percepção dos desdobramentos da iniciativa
do Projeto
Imagem?
Há muito tempo
sinto que este
Projeto tem suas
raízes
profundamente
calcadas no
esclarecimento
das pessoas que
entram em
contato com ele.
Assim, penso que
no futuro sua
divulgação entre
o público será
muito maior do
que no momento e
acredito que ele
alcançará meios
de comunicação
como a TV e
talvez até mesmo
o cinema.
Acredito muito
na colaboração
esclarecedora do
Projeto Imagem
para todos em
geral, mesmo os
que já conhecem
a Doutrina
Espírita, pela
forma agradável
e ao mesmo tempo
envolvente com
que ele se
apresenta.
O Consolador: Na experiência com a mediunidade, o que gostaria de
destacar?
Desde pequena
tenho contato
com os Espíritos
através da
vidência e da
intuição e estas
faculdades
têm-se
aprofundado, se
é que posso
dizer assim,
cada vez mais.
Tenho tido
oportunidade de
ajudar em muitos
setores do
trabalho dentro
da Doutrina,
através destes
dons mediúnicos,
graças a Deus.
O Consolador: E sobre o trabalho com os pais, nas atividades
realizadas aos
sábados no Mãos
Unidas?
Relate-nos sua
experiência e
visão.
O trabalho junto
aos pais tem-me
emocionado
muito. Este é o
décimo primeiro
ano deste
trabalho, com o
formato atual,
no Mãos Unidas,
e tanto as
crianças como os
pais se mostram
cada vez mais
entusiasmados e
participantes.
Temos realizado
alguns projetos
visando à união
das famílias à
luz da Doutrina
Espírita e a
alegria e
fraternidade que
têm brotado
dele, tanto para
as famílias como
para os
evangelizadores
da infância, nos
levam a crer no
auxílio cada vez
maior dos amigos
espirituais,
aliado ao grande
amor da equipe
em realizar os
encontros de
sábado.
O Consolador: Qual a maior dificuldade dos pais, na atualidade?
É saber como
orientar seus
filhos, como
educá-los. Os
modelos da
antiga educação
já não funcionam
mais para a nova
geração e, sem
um novo modelo,
os pais não
sabem como agir,
gerando assim
insegurança
tanto para pais
como para
filhos. Acredito
que as Casas
Espíritas
deveriam abraçar
a orientação aos
pais como uma
meta a atingir,
pois esse
trabalho, em
minha opinião, é
de importância
fundamental, já
que se trata da
formação das
novas gerações
que deverão
herdar o novo
Mundo de
Regeneração. Se
possível, faria
um apelo para
que todas as
Casas Espíritas
dessem ao
trabalho de
Orientação às
Famílias uma
atenção
prioritária,
dada a sua
urgência. É
assim que
entendo a
questão.
O Consolador: De que forma a Doutrina Espírita pode colaborar mais
ativamente junto
às carências e
limitações
próprias dos
pais?
Em primeiro
lugar, apoiando,
acolhendo,
esclarecendo as
dúvidas com
muito amor. Os
pais estão
cansados de se
sentirem
culpados por não
saberem
exatamente como
lidar com seus
filhos. A
maioria tem boa
vontade, mas,
como já disse,
faltam modelos.
Explico-me:
antigamente o
que os nossos
avós ensinavam a
nossos pais
atendia às
necessidades e
expectativas em
matéria de
educação dos
filhos. Hoje
isso não mais
acontece. Num
mesmo lar,
filhos em idades
diferentes
(digamos com uns
5 anos de
diferença) já
não aceitam o
mesmo tipo de
orientação dos
pais e estes,
sem saber como
agir, muitas
vezes chegam a
se desesperar.
Assim, creio que
o papel mais
importante da
Doutrina é dar
oportunidade aos
pais de se
sentirem mais
seguros através
das orientações
que o
Espiritismo pode
oferecer;
afinal, são
eles, os pais,
os verdadeiros
educadores da
infância.
O Consolador: Como é estruturado o trabalho junto à família?
Paralelamente
aos ensinamentos
da Doutrina,
procuramos
conhecer os
estudos feitos
pela Psicologia
e Pedagogia,
além de outros.
As
características
de
desenvolvimento
da criança, em
suas diversas
fases de
crescimento, são
estudadas pelos
evangelizadores
a fim de que
possam adequar
os temas
tratados nas
aulas à
compreensão de
cada faixa
etária. Os pais
recebem em
reunião a mesma
orientação e
juntos (pais e
evangelizadores)
agem sobre o
processo
educacional,
procurando
facilitar o
crescimento
moral do
Espírito na fase
infantil,
período
fundamental para
a aquisição de
princípios que o
norteiem nesta
encarnação.
O Consolador: Como seria uma aula prática para as crianças?
Escolheremos a
faixa de 4 a 6
anos para
exemplificar. Os
princípios da
reencarnação são
passados através
de exemplos
simples, sem
conceitos
doutrinários
explícitos.
Dessa maneira,
contamos a
história de uma
gotinha de água
que, “nascida”
numa poça, viaja
por uma
enxurrada
atingindo um rio
e posteriormente
o mar. Pela ação
do calor do Sol
transforma-se em
vapor alcançando
a nuvem, para
depois retornar
pela chuva à
terra de onde
saiu. Os pais, a
título de
conhecer como é
feito o
trabalho,
recebem a mesma
aula em reunião
de pais, seguida
da troca de
ideias sobre o
porquê da forma
utilizada, com
grande proveito
para todos.
O Consolador: Cite uma experiência marcante com o grupo de pais.
No final do ano
de 2009
desenvolvemos um
Projeto junto às
famílias que
frequentam
nossas reuniões,
chamado “Esta é
a Nossa Canção”.
O Projeto visava
à união dos
familiares e
consistia em que
cada membro da
família (pai,
mãe e filhos)
escolhesse a
canção de que
mais gostasse.
Em seguida
pedimos a cada
família se
reunisse em sua
casa e
escolhesse, em
comum acordo,
uma dentre as
músicas de todos
que mais a
representasse.
Depois de um
determinado
tempo, essas
músicas foram
trazidas (letra
e melodia) para
o Centro e
colocadas num CD
que foi
distribuído,
juntamente com
um livreto
contendo as
letras, numa
reunião de
todos, como
atividade de
encerramento do
Projeto. Um
trecho de cada
música foi então
tocado enquanto
uma foto da
família em
questão era
projetada em uma
tela.
O Consolador: Algo mais a acrescentar?
Sim, o
entusiasmo foi
geral. As
crianças
cantavam as
músicas
juntamente com o
CD (mesmo as
mais antigas).
Perguntei depois
a uma das
crianças por que
a família havia
elegido aquela
música como a
preferida e ela
me disse,
sorrindo:
“Porque foi com
esta música que
meus pais se
conheceram”, e
dava para se
perceber a sua
satisfação ao
dizer aquilo. Ao
término, todos
se declararam
muito felizes,
inclusive a
equipe de
colaboradores do
setor, que foi
quem gravou o
CD, tirou as
fotos e
organizou e
duplicou os
folhetos.
Percebemos
depois, com o
tempo, que houve
maior integração
entre as
famílias, que se
sentiram mais
unidas.
O Consolador: Suas palavras finais.
Sinto-me
imensamente
feliz em poder
compartilhar
minha
experiência no
assunto com
outras pessoas.
Tenho tido a
oportunidade de
colaborar há
mais de 30 anos
na área de
Orientação à
Família à luz da
Doutrina
Espírita e isto
tem-me
proporcionado
tanta alegria e
entusiasmo que,
diante dos
resultados
obtidos, sinto
cada vez mais
vontade de
continuar
servindo.
Agradeço,
portanto, a
Jesus e a esta
revista a
oportunidade de
expor o que sei
e penso a esse
respeito,
esperando que
muitas pessoas,
ao lerem esta
matéria, se
sintam atraídas
para também
realizar este
trabalho, tão
importante quão
necessário.
Nota:
Para entender o
que é o Projeto
Imagem, leia a
entrevista
publicada na
edição n. 30
desta revista,
disponível em
http://www.oconsolador.com.br/30/entrevista.html