A Revue Spirite
de 1867
Allan Kardec
(Parte
5)
Continuamos a apresentar
o
estudo da Revue
Spirite
correspondente ao ano de
1867. O texto condensado
do volume citado será
aqui apresentado em 16
partes, com base na
tradução de Júlio Abreu
Filho publicada pela
EDICEL.
Questões preliminares
A. De que trata o artigo
intitulado Lumen,
escrito por Flammarion?
O artigo intitulado
Lumen trata de um
relato extraterreno em
que Camille Flammarion
simula uma palestra
entre um indivíduo
encarnado, chamado
Sitiens, e o Espírito de
um de seus amigos,
chamado Lumen,
que lhe descreve as
primeiras sensações
observadas em seu
retorno à vida
espiritual, após a morte
do corpo físico.
(Revue Spirite de 1867,
pp. 96 a 100.)
B. Qual a função das
missões de Moisés e
Jesus?
Em um artigo sobre
Galileu, drama em
versos escritos pelo Sr.
Ponsard, Kardec diz que
Galileu, ao revelar as
leis do mecanismo do
Universo, abriu caminho
a novos progressos; por
isto mesmo, devia
produzir uma revolução
nas crenças, destruindo
os andaimes dos sistemas
científicos errôneos
sobre os quais elas se
apoiavam. Essa foi sua
missão. Quanto a Moisés
e Jesus, suas missões
tiveram uma função
moralizadora, enquanto a
gênios como Galileu são
deferidas as missões
científicas.
(Obra citada, pp. 101 a
104.)
C. Que espécie de
fenômenos são mais
fáceis de simular?
Ao comentar os fenômenos
ocorridos no moinho de
Vicq-sur-Nahon, onde um
Espírito brincalhão
produzia fatos curiosos
e intrigantes, Kardec
lembra que, de todos os
efeitos mediúnicos, as
manifestações físicas
são as mais fáceis de
simular. É preciso,
pois, evitar aceitar
levianamente como
autênticos os fatos
desse gênero, quer os
espontâneos, como os do
moinho, quer os
provocados. No caso em
foco, o Codificador
explica que fenômenos
dessa natureza são
perfeitamente possíveis
e pertencem ao mesmo
gênero dos fenômenos de
Poitiers, de Dieppe, de
Marselha e tantos outros
focalizados pela
Revue, os quais
podem ser chamados
manifestações
barulhentas e
perturbadoras.
(Obra citada, pp. 123 a
127.)
Texto para leitura
51. Lacordaire
propõe-nos, em mensagem
obtida pelo Sr. Morin,
que devemos respeitar as
crenças passadas, porque
foram as velhas crenças
que elaboraram a
renovação que hoje
começa a se realizar.
Todas elas, salvo as
exclusivamente
materiais, possuíam uma
centelha da verdade, mas
atendiam à necessidade
de cada época, cujo
horizonte se alarga com
o desenvolvimento
intelectual da
humanidade. (Págs. 94
e 95.)
52. Eugène Sue,
valendo-se da
mediunidade do Sr.
Desliens, equipara a
existência humana a um
romance, ou antes a uma
peça de teatro, da qual
se percorre cada dia uma
folha. O autor é o
homem; os personagens
são os vícios, as
paixões, as virtudes, a
matéria, a inteligência,
disputando a posse do
herói – o Espírito.
Finda a peça, estaremos
a sós com o juiz
supremo, imparcial e
justo. “Que a vossa obra
seja séria e
moralizadora”, adverte o
Espírito, “porque é a
única que tem algum peso
na balança do
Todo-Poderoso.”
(Págs. 95 e 96.)
53. A
Revue reporta-se,
na seção de notícias
bibliográficas, ao
artigo intitulado
Lumen, relato
extraterreno escrito por
Camille Flammarion, em
que o autor simula uma
palestra entre um
indivíduo encarnado,
chamado Sitiens, e o
Espírito de um de seus
amigos, chamado Lumen,
que lhe descreve as
primeiras sensações
observadas em seu
retorno à vida
espiritual, após a morte
do corpo físico.
(N.R.: A transcrição do
artigo continua no
número de maio de 1867,
a partir da pág. 155.)
(Págs. 96 a 100.)
54. Comentando o artigo,
que, segundo Kardec, bem
poderia constituir um
livro interessante, o
Codificador afirma que
foi essa a primeira vez
que o Espiritismo
verdadeiro era associado
à ciência positiva, e
isto por um homem capaz
de apreciar uma e outro.
Flammarion, astrônomo
conhecido em toda a
França, havia publicado
anteriormente o livro
Pluralidade dos Mundos
Habitados. (Págs.
99 e 100.)
55. O número de abril
traz, em sua abertura,
artigo de Kardec sobre
Galileu, drama em
versos escritos pelo Sr.
Ponsard, o qual, embora
não trate de
Espiritismo, examina o
tema pluralidade dos
mundos habitados, que
constitui um dos
princípios fundamentais
da doutrina espírita. Do
artigo extraímos os
pontos que se seguem: I)
Galileu, ao revelar as
leis do mecanismo do
Universo, abriu caminho
a novos progressos; por
isto mesmo, devia
produzir uma revolução
nas crenças, destruindo
os andaimes dos sistemas
científicos errôneos
sobre os quais elas se
apoiavam. II) A cada um
sua missão: nem Moisés
nem o Cristo tinham a
missão de ensinar aos
homens as leis da
ciência, cujo
conhecimento devia ser o
resultado do trabalho e
das pesquisas humanas, e
não de uma revelação que
desse ao homem o saber
sem esforço. III) Moisés
e o Cristo tiveram uma
função moralizadora; a
gênios de outra ordem
são deferidas as missões
científicas. IV) Como as
leis morais e as leis da
ciência são leis
divinas, a religião e a
filosofia não podem ser
verdadeiras senão pela
aliança dessas leis. V)
A matéria e o espírito
são os dois princípios
constitutivos do
Universo. Mas o
conhecimento das leis
que regem a matéria
devia preceder o das
leis que regem o
elemento espiritual. VI)
O Espiritismo, que tem
como objetivo especial o
conhecimento do elemento
espiritual, só poderia
ser compreendido em seu
conjunto quando
encontrasse o terreno
preparado. (Págs. 101
a 104.)
56. A
Revue traz, em
seguida, um artigo de
Kardec sobre a obra
Soirées de
Saint-Pétersbourg,
de Joseph de Maistre,
publicada em 1821, na
qual autor expõe a tese
de que jamais houve no
mundo grandes
acontecimentos que não
tivessem sido preditos
de qualquer maneira. A
obra contém ainda uma
visão profética do
advento do Espiritismo –
acontecimento que se
daria mais de 35 anos
depois –, que o autor
equipara a uma
terceira explosão da
onipotente bondade em
favor do gênero humano.
(Págs. 104 a 109.)
57. Reportando-se a essa
nova doutrina, que ele
chama de “nova efusão do
Espírito-Santo”, o autor
do livro ora focalizado
adverte que é preciso
que “os pregadores desse
dom novo possam citar a
Escritura santa a todos
os povos”, fazendo o que
os católicos não
conseguiram fazer em
dezoito séculos, num
mundo em que a Boa Nova
continuava ignorada por
milhões de criaturas.
(Págs. 109 e 110.)
58. A 22 de março de
1867, o Espírito de
Joseph de Maistre
comunicou-se na
Sociedade Espírita de
Paris, ocasião em que,
referindo-se à sua
previsão do advento da
era espírita, asseverou:
“Vi a terra prometida,
mas não pude penetrá-la
em vida”. “Mais feliz
que eu, senhores,
aproveitai o favor que
vos é conferido por
vossa boa vontade,
melhorando o vosso
coração e o vosso
espírito, e fazendo
partilhar de vossa
felicidade a todos
aqueles de vossos irmãos
em humanidade que não
oporão à vossa
propaganda senão a
reserva natural a cada
homem posto em face do
desconhecido.” (Págs.
110 e 111.)
59. Da comunicação de
Joseph de Maistre
destacamos ainda os
seguintes pontos: I) O
espírito profético
abrasa o mundo inteiro
com seus eflúvios
regeneradores. Na
Europa, na América, na
Ásia, em toda a parte, a
nova revelação se
infiltra, com a criança
que nasce, com o jovem
que se desenvolve, com o
velho que se vai. II)
Uns chegam com os
materiais necessários
para a edificação da
obra; outros aspiram a
um mundo que lhes
revelará os mistérios
que pressentem. III) Na
França o Espiritismo se
manifesta sob outro nome
que na Ásia. Possui
agentes nas diversas
nuanças da religião
católica, como as tem
entre os seguidores da
religião muçulmana. IV)
A aspiração por novos
conhecimentos está no ar
que se respira, no livro
que se escreve, no
quadro que se pinta.
(Pág. 112.)
60. Como já vimos,
Kardec publicou novo
artigo sobre a Liga do
Ensino, no qual, após
transcrever carta
recebida de Jean Macé,
repete o que dissera
anteriormente, ou seja,
que o fim era louvável,
mas faltava ao projeto a
indispensável precisão
das coisas práticas. “Um
programa – escreveu o
Codificador – é uma
linha traçada, da qual
ninguém se pode afastar
conscientemente, um
plano detido nos mais
minuciosos detalhes, e
que nada deixa ao
arbítrio, onde todas as
dificuldades de execução
estão previstas, onde as
vias e meios são
indicados.” Era isso que
faltava à proposta
relativa à Liga do
Ensino, que também não
especificara como seriam
supridos os recursos
necessários à sua
manutenção. (Págs.
113 a 120.)
61. Sob o título de O
diabo do moinho, o
Moniteur de l’ Indre
de fevereiro de 1867
relata os fenômenos
ocorridos no moinho de
Vicq-sur-Nahon, onde um
Espírito brincalhão
produzia fatos curiosos
e intrigantes:
cobertores eram
retirados das camas e
escondidos; portas
chaveadas eram abertas
sozinhas; um cofre se
abria e os objetos ali
guardados eram
espalhados pelo chão; as
chaves das portas
desapareciam; e duas
tentativas de incêndio
espontâneo se
registraram. Tudo,
segundo o jornal,
parecia estar ligado a
uma mocinha de 13 anos
chamada Marie Richard,
que acabou sendo
despedida pelo Sr.
François Garnier,
proprietário do sítio.
(Págs. 121 a 124.)
62. Kardec transcreve a
notícia, mas não
autentica o fenômeno,
advertindo que, de todos
os efeitos mediúnicos,
as manifestações físicas
são as mais fáceis de
simular. É preciso,
pois, evitar aceitar
levianamente como
autênticos os fatos
desse gênero, quer os
espontâneos, como os do
moinho, quer os
provocados. No caso em
foco, o Codificador
explica que fenômenos
dessa natureza são
perfeitamente possíveis
e pertencem ao mesmo
gênero dos fenômenos de
Poitiers, de Dieppe, de
Marselha e tantos outros
focalizados pela
Revue, os quais
podem ser chamados
manifestações
barulhentas e
perturbadoras.
(Págs. 124 a 127.)
(Continua no próximo
número.)