– Há muitos debates
sobre células-tronco
embrionárias.
Considerando como são
formados os embriões
resultantes da
fertilização in vitro,
é-nos difícil entender
que a todos eles estejam
ligados Espíritos, visto
que, para um mesmo
casal, produzem-se
diversos embriões, dos
quais alguns são
implantados e outros
mantidos em baixíssima
temperatura. Se tudo
correr bem na gestação,
é comum que os embriões
congelados sejam
esquecidos e, por
conseguinte, jamais
utilizados. Em alguns
países, como a
Inglaterra, a lei
estipula um prazo, findo
o qual eles são
eliminados. Ainda que
não se tratando de uma
posição do Espiritismo,
e sim um argumento
pessoal, como você vê
essa questão?
Raul Teixeira:
Sendo uma pessoa
vinculada às ciências,
vejo como muito delicada
essa questão, tendo em
vista muitos
posicionamentos
extremadamente
apaixonados e que nos
remetem aos tempos
distantes das posições
ultramontanas em relação
ao progresso científico.
É comum que os
religiosos, em geral,
evoquem para si o
direito de atuar nas
suas crenças como bem o
desejem
─
ainda que toda a
sociedade se depare,
incontável número de
vezes, com
posicionamentos
argumentativos e
práticas ardilosos,
anti-sociais e mesmo
criminosos contra o povo
─,
sem admitirem qualquer
intromissão de
cientistas, nenhuma
opinião que se oponha
aos seus intentos ou que
não façam parte dos seus
quadros, quase sempre
distanciados dos
verdadeiros fins dos
ensinamentos imortais
deixados por Jesus
Cristo e por outros
Missionários espirituais
da humanidade. Contudo,
quase sempre os mesmos
religiosos arrogam-se o
direito de não somente
opinar mas de determinar
sobre as reflexões e
práticas da Ciência,
como se fossem
detentores da absoluta
verdade.
Afora os posicionamentos
políticos,
laboratoriais,
comerciais e demais
interesses particulares
que se atiram nos
caminhos dos
cientistas-pesquisadores
─
que costumam estar
presentes nessas
discussões, fazendo
lobbies em favor de
empresas ou de grupos,
com os quais se deve ter
muita cautela pelo
cinismo e pelas pressões
com que atuam
─,
sou de parecer que aos
religiosos caberia
ressaltar e propagar a
realidade espiritual do
ser humano, trabalhar na
educação moral dos
indivíduos, o que lhes
possibilitaria tomar as
melhores decisões diante
do mundo e diante da
Espiritualidade,
deixando àqueles que
assumiram
responsabilidades
perante a Ciência o
labor que lhes cabe,
oferecendo, quando
solicitados, os seus
mais lúcidos pareceres
que deverão ser tão
lúcidos quão
desapaixonados. O que
não me parece coerente é
que os religiosos
desejem governar todos
os ângulos de visão da
sociedade, como se
tivessem o privilégio da
verdade sobre os demais
pensadores.
Indiscutivelmente,
encontraremos abusos que
à justiça caberá
questionar e corrigir,
evocando os preceitos
éticos imponentes. O que
creio não ser razoável é
partirmos do princípio
de que, por adotar
posições muitas vezes
materialistas ou
ateístas (em relação aos
preceitos e dogmas das
religiões
institucionais), devam
os cientistas ser
considerados como não
sérios ou como
irresponsáveis. Entendo
que deveremos respeitar
esse grande pugilo de
pesquisadores que têm
oferecido suas vidas em
prol de uma sociedade
melhor, permitindo que
realizem seus
empreendimentos, seus
trabalhos, suas
pesquisas.
Tenho ouvido do Espírito
Camilo que muitos
desencarnados, retidos
em situações de
complexos conflitos e
sofrimentos no além, são
visitados e indagados
quanto ao interesse que
tenham de servir de
instrumentos ao
progresso da Ciência no
mundo, apresentando-se
para animarem embriões
que se prestarão às
pesquisas. Findadas as
experiências, essas
entidades que
reencarnariam em
delicadas situações de
enfermidades físicas,
mentais ou
sócio-econômicas, ou
todas conjugadas, logram
obter melhorias
significativas nos
processos em que estão
incursas. São muitas as
que aceitam e que são
levadas a tais lidas nas
esferas do trabalho
científico.
É real que nem todos os
embriões, tendo-se em
vista as fases iniciais
em que são tomados,
estão ligados a
inteligências
espirituais, mas outros
tantos estão, sim,
animados por essas
entidades referidas, ou
seja, as que se
apresentam para servir
de “cobaias” nas
atividades de pesquisas
científicas.
Há, por outro lado, uma
questão que se quer
calar. Por que há
defesas tão extremadas
dos possíveis embriões
com ligações
espirituais, enquanto
que não há a mesma
paixão pelas crianças já
reencarnadas,
malnascidas, abandonadas
nas ruas ou nos
orfanatos? O que deve
passar pela mente geral
relativamente a tais
crianças e os citados
embriões? Por que não
costumamos ver ninguém
solicitar aos
laboratórios detentores
dos embriões algum deles
como filho? Diante das
quantidades que são
atiradas fora, após os
períodos exigidos por
lei, é de estranhar que
ninguém reclame uns dois
ou três para serem
cuidados, implantados na
condição de filhos, de
modo a salvá-los da
destruição...
Extraída de entrevista
publicada no jornal O
Imortal de fevereiro
de 2009.
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