MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Nos Domínios da
Mediunidade
André Luiz
(Parte
19)
Damos continuidade ao
estudo da obra
Nos Domínios da
Mediunidade,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1954 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Quem era Abelardo?
Abelardo era um dos
trabalhadores
desencarnados do grupo
em que atuava a médium
Celina. Após sua
desencarnação, Abelardo
vagueara por muito tempo
em desespero. Tendo sido
homem temperamental,
atrabiliário e
voluntarioso,
desencarnara muito cedo,
em razão dos excessos
que minaram suas forças
orgânicas. No início
tentou, em vão, obsidiar
Celina, sua esposa, cujo
concurso reclamava qual
se lhe fosse simples
serva. Vendo-se incapaz
de vampirizá-la,
excursionou alguns anos
no domínio das sombras,
entre Espíritos
rebelados e
irreverentes, até que as
orações de Celina,
coadjuvadas pela
intercessão de muitos
amigos, conseguiram
demovê-lo. Curvou-se,
assim, à evidência dos
fatos. Reconhecendo a
impropriedade da
intemperança mental em
que se comprazia, e
depois de
convenientemente
preparado pela
assistência do grupo
onde a esposa militava,
foi ele admitido numa
organização socorrista,
em que passou a servir
como vigilante de irmãos
desequilibrados.
(Nos Domínios da
Mediunidade, cap. 14,
pp. 127 a 129.)
B. Abelardo, embora
desencarnado, mantinha
contato próximo com
Celina?
Sim. Depois de
entregar-se diariamente
ao serviço árduo na obra
assistencial em favor de
companheiros
ensandecidos, ele
descansava, sempre que
oportuno, no jardim
familiar, ao lado da
companheira. Uma vez por
semana, acompanhava-lhe
o culto íntimo de
oração, era-lhe firme
associado nas tarefas
mediúnicas e, todas as
noites em que se sentiam
favorecidos pelas
circunstâncias,
consagravam-se ambos ao
trabalho de auxílio aos
doentes. Aulus explicou
que eles não tinham sido
apenas cônjuges segundo
a carne, e aduziu que,
quando os laços da alma
sobrepairam às emoções
da jornada humana, ainda
mesmo que surja o
segundo casamento para o
cônjuge que se demora no
mundo, a comunhão
espiritual continua,
sublime, em doce e
constante permuta de
vibrações e pensamentos.
(Nos Domínios da
Mediunidade, cap. 14,
pp. 129 e 130.)
C. Existem hospitais nas
regiões espirituais onde
o sofrimento se
manifesta por todo lado?
Sim. Abelardo atendia
num desses hospitais.
Para chegar até lá o
grupo socorrista
penetrou nebulosa região
dentro da noite, em que
os astros desapareceram
e parecia que o piche
gaseificado era o
elemento preponderante
no ambiente. Em
derredor, soluços e
imprecações
proliferavam. Passado
algum tempo, o grupo
atingiu uma construção
mal iluminada, em que
vários enfermos se
demoravam, sob a
assistência de
enfermeiros atenciosos.
Era um hospital de
emergência, dos muitos
que se estendem nas
regiões purgatoriais, e
tudo ali revelava
pobreza, necessidade,
sofrimento. "Este é o
meu templo atual de
trabalho", disse-lhes
Abelardo, orgulhoso de
ser ali uma peça
importante para o
serviço.
(Obra citada, cap. 14,
pp. 130 e 131.)
Texto para leitura
55. O caso Abelardo
- Ao sair da
instituição, junto com
André Luiz e Hilário,
Aulus foi abordado por
Abelardo Martins, o
esposo desencarnado da
médium Celina, que vinha
aos poucos adaptando-se
ao trabalho espiritual.
André percebeu logo que
ele não era uma entidade
de escol; suas maneiras
e a voz traíam-lhe a
condição espiritual de
criatura ainda arraigada
aos hábitos terrestres.
"Meu caro Assistente –
falou Abelardo –, venho
rogar-lhe auxílio em
favor de Libório. O
socorro do grupo
melhorou-lhe as
disposições, mas agora é
a mulher que piorou,
perseguindo-o..." Aulus
prometeu ajudar, mas
ponderou que a ajuda de
Celina, naquele caso,
seria importante.
Sugeriu-lhe então que,
tão logo Celina se
desligasse do corpo, no
momento do sono, fosse
com ela à sua presença,
a fim de que, juntos,
seguissem rumo ao local
do novo atendimento. O
Assistente informou aos
seus amigos que
Abelardo, morto o corpo
denso, vagueara por
muito tempo em
desespero. Tendo sido
homem temperamental,
atrabiliário e
voluntarioso,
desencarnara muito cedo,
em razão dos excessos
que minaram suas forças
orgânicas. No início
tentou, em vão, obsidiar
a esposa, cujo concurso
reclamava qual se lhe
fosse simples serva.
Vendo-se incapaz de
vampirizá-la,
excursionou alguns anos
no domínio das sombras,
entre Espíritos
rebelados e
irreverentes, até que
as orações de Celina,
coadjuvadas pela
intercessão de muitos
amigos, conseguiram
demovê-lo. Curvou-se,
assim, à evidência dos
fatos. Reconhecendo a
impropriedade da
intemperança mental em
que se comprazia, e
depois de
convenientemente
preparado pela
assistência do grupo
onde a esposa militava,
foi ele admitido numa
organização socorrista,
em que passou a servir
como vigilante de irmãos
desequilibrados. (Cap.
14, págs. 127 a 129)
56. Unidos mesmo no
Além-Túmulo -
Hilário achou
interessante o caso
Abelardo. Continuaria
ele, porventura, em
comunhão com Celina?
"Sim – respondeu Aulus
–, o amor entre ambos
tem profundas raízes no
pretérito." Hilário
estranhou a informação
tendo em vista a
diferença evolutiva
entre ambos, mas o
Assistente lembrou que o
Pai Celestial também
continua a amar-nos,
apesar das falhas com
que pautamos nossa vida.
Religado à mulher amada,
Abelardo encontrava nela
valioso incentivo ao
trabalho de
autorrecuperação em que
estagiava, e, tanto
quanto lhe era possível,
partilhava-lhe também o
templo doméstico. "Por
haver descido
consideravelmente à
indisciplina e à
perturbação – informou
Aulus –, ainda sofre as
consequências
desagradáveis do
desequilíbrio a que se
rendeu e, por esse
motivo, o lar terreno,
com a ternura da esposa,
é o maior paraíso que
poderá receber por
enquanto." O instrutor
contou então que
Abelardo, após
entregar-se diariamente
ao serviço árduo na obra
assistencial em favor de
companheiros
ensandecidos,
descansava, sempre que
oportuno, no jardim
familiar, ao lado da
companheira. "Uma vez
por semana,
acompanha-lhe o culto
íntimo de oração, é-lhe
firme associado nas
tarefas mediúnicas e,
todas as noites em que
se sentem favorecidos
pelas circunstâncias,
consagram-se ambos ao
trabalho de auxílio aos
doentes", ajuntou o
Assistente. Eles não
tinham sido apenas
cônjuges, segundo a
carne. Eram
infinitamente amigos e
Abelardo sonhava então
aproveitar bem o tempo,
a benefício do seu
reajuste, sonhando
receber a esposa com
novos títulos de
elevação, quando Celina
retornasse à pátria
espiritual. André estava
admirado. O que via era
coisa comum? A separação
dos casais é apenas
imaginária? O instrutor
respondeu: "Um caso não
faz regra. Onde não
prevalecem as afinidades
do sentimento, o
matrimônio terrestre é
um serviço redentor e
nada mais. Na maioria
das situações, a morte
do corpo somente
ratifica uma separação
que já existia na
experiência vulgar.
Nesses casos, o cônjuge
que abandona o
envoltório físico se
retira da prova a que se
submeteu, à maneira do
devedor que atingiu a
paz do resgate. Todavia,
quando os laços da alma
sobrepairam às emoções
da jornada humana, ainda
mesmo que surja o
segundo casamento para o
cônjuge que se demora no
mundo, a comunhão
espiritual continua,
sublime, em doce e
constante permuta de
vibrações e
pensamentos". (Cap. 14,
págs. 129 e 130)
57. Um hospital de
emergência - A
conversação prosseguiu
em torno do amor.
"Bem-aventurados os que
se renovam para o bem!",
exclamou Aulus,
satisfeito, explicando
que o verdadeiro amor é
a sublimação em marcha,
através da renúncia.
Quem não puder ceder, a
favor da alegria da
criatura amada, não
sabe coroar-se com a
glória do amor puro.
Após a morte corporal,
aprendemos
habitualmente, no
sacrifício dos próprios
sonhos, a ciência de
amar, não segundo os
nossos desejos, mas de
conformidade com a Lei
do Senhor: mães
obrigadas a entregar os
filhos a provas de que
necessitam; pais
compelidos a renovar
projetos de proteção à
família; esposas
constrangidas a entregar
os maridos a outras
almas irmãs; esposos
impelidos a aceitar a
colaboração das segundas
núpcias, no lar de que
foram desalojados...
Encontramos tudo isso na
vizinhança da Terra. "A
morte é uma intimação ao
entendimento fraternal",
asseverou o instrutor.
"E quando lhe não
aceitamos o desafio, o
sofrimento é o nosso
quinhão... Quando o amor
não sabe dividir-se, a
felicidade não consegue
multiplicar-se." Nesse
ponto, Celina e Abelardo
chegaram. Vinham eles
reconfortados, felizes.
Abelardo, em companhia
da esposa, parecia mais
leve e radiante, como se
lhe absorvesse a
vitalidade e a alegria.
O grupo partiu e, a
breve tempo, penetrou
nebulosa região dentro
da noite. Os astros
desapareceram; parecia
que o piche gaseificado
era o elemento
preponderante naquele
ambiente. Em derredor,
soluços e imprecações
proliferavam, mas a
pequenina lâmpada que
Abelardo empunhava não
lhes permitia enxergar
senão o trilho estreito
que eles percorriam.
Minutos depois, o grupo
atingiu uma construção
mal iluminada, em que
vários enfermos se
demoravam, sob a
assistência de
enfermeiros atenciosos.
Era, segundo Aulus
informou, um hospital de
emergência, dos muitos
que se estendem nas
regiões purgatoriais.
Tudo ali revelava
pobreza, necessidade,
sofrimento... "Este é o
meu templo atual de
trabalho", disse-lhes
Abelardo, orgulhoso de
ser ali uma peça
importante para o
serviço. (Cap. 14, págs.
130 e 131)
(Continua no próximo
número.)