FERNANDA LEITE
BIÃO
fernandabiao9@hotmail.com
Belo Horizonte,
Minas Gerais
(Brasil)
Juventude
e projeto
existencial
A juventude é
uma fase marcada
de incertezas.
Há um
afastamento do
corpo infantil,
que se
transforma em um
novo corpo, com
mudanças físicas
e hormonais a
suscitarem no
jovem
estranhamento e
dúvidas
sobre essa
nova
constituição
biopsicossocial.
No campo
perispiritual,
modifica-se a
conexão com
energias mais
sutis que
outrora (na
infância)
faziam parte da
vida do ser. Ao
mesmo tempo,
começa a aflorar
o espaço para
uma identidade
autônoma.
Todo o processo
de socialização
e educação
proporcionado
por pais e
cuidadores tem
um caráter
especial, uma
vez que o
objetivo é o
aprendizado de
novos
comportamentos,
os quais,
inseridos no
contexto
presente, podem
estabelecer
ressonância com
as lembranças de
outras vivências
(reencarnações).
Dos pontos de
convergência
entre o
pretérito remoto
e a atualidade
germina a
semente para
opções de
novas escolhas
para o ser
reencarnado ou a
repetição
de hábitos,
virtudes ou
vícios,
originários de
outros momentos
evolutivos.
Durante a
estadia no plano
espiritual, o
Espírito,
geralmente,
conta com a
colaboração de
uma equipe
interdisciplinar,
a fim de que
juntos possam
reelaborar o seu
projeto de vida
(existencial),
necessário ao
planejamento das
tarefas,
objetivos e
metas
existenciais.
O projeto
reencarnatório é
um processo
vivenciado pelo
Espírito antes
do seu retorno
ao orbe
terrestre.
Quando
consciente do
estado em que se
encontra, lúcido
quanto aos seus
comportamentos e
em condições de
propor objetivos
factíveis e
saudáveis,
propõe-se ao
Espírito se
juntar à equipe
interdisciplinar
encarregada de
formular as
escolhas,
objetivos e
metas da nova
tarefa
existencial. Já
quando em estado
de alienação, o
orientador
designado para a
tarefa
reencarnatória
do Espírito
assume a
atribuição de
construir com os
cientistas
siderais o
projeto a ser
desenvolvido
pela alma
reencarnante.
Toda a ação
realizada
anteriormente
pela alma em
evolução
permanece
registrada em
seu corpo
perispiritual, o
que facilita a
organização do
material (DNA)
na elaboração
das possíveis
probabilidades
de vir-a-ser
na Terra.
Ligado a uma
rede evolutiva,
afetos e
desafetos,
oportunidades e
necessidades
farão parte dos
desafios e
aprendizados a
serem
enfrentados pela
alma em
evolução. O
Espírito, por
meio do seu
livre-arbítrio,
pode e deve
transitar pela
existência,
promovendo as
modificações
e
reconstruções
baseadas nas
leis éticas e
evolutivas
universais.
De volta ao
corpo material,
etapas da vida
física são
forjadas
(infância,
juventude,
adultez e
velhice),
convidando o ser
a utilizar todo
o seu potencial
para a
instauração do
que foi acordado
antes do
processo
reencarnatório e
que hoje requer,
novamente,
preparo e
coragem para
enfrentar os
desafios da vida
humana.
Na juventude,
torna-se mais
visível e
delicado o
diálogo entre as
tendências
(saudáveis ou
patológicas)
cultivadas no
passado distante
e a nova
personalidade em
gestação.
O jovem é
convidado a
viver cada dia
projetando-se
no futuro,
realizando
escolhas,
oscilando na
construção de
uma identidade
para a vida
adulta e a perda
de uma infância
marcada pela
segurança
validada pelos
pais.
As decisões,
antes externas
aos jovens, são
transferidas,
paulatinamente,
para a sua
esfera de
responsabilidade
– momento em que
o projeto
reencarnatório
pode ser
relembrado, o
que faculta ao
ser o início do
(re)descobrimento
do sentido
existencial.
A percepção
de si e o
desenvolvimento
do
autoconhecimento
do jovem passam
pelo estudo de
suas origens
(história
familiar,
valores e
crenças), exame
do que lhe chama
a atenção no
presente (mundo
à sua volta),
análise da forma
com que
participa em
grupos sociais,
reflexão sobre
os sentimentos
(medo, raiva,
alegria e
insegurança)
vivenciados no
cotidiano e
ponderação
acerca do
sentido de cada
escolha.
Este artigo foi
publicado,
originalmente,
na
Revista
Cristã de
Espiritismo,
São Paulo, v.
77, p. 18 – 19,
jan. 2010.