JOSÉ REIS CHAVES
jreischaves@gmail.com
Belo Horizonte,
Minas Gerais
(Brasil)
A causa primeira
de todas as
coisas será
sempre
desconhecida
A nossa evolução
em busca de Deus
ou da verdade é
uma jornada que
tem começo, mas
não tem fim. É
que devemos
caminhar sempre
na direção da
perfeição de
Deus, mas jamais
vamos chegar lá,
pois a perfeição
de Deus é
infinita,
enquanto que a
nossa será
sempre finita.
Ela será, um
dia, semelhante
à de Deus, mas
jamais igual à
Dele. Jesus
aconselha-nos
que sejamos
perfeitos como é
perfeito o nosso
Pai celestial.
Mas isso é uma
força de
expressão. Ele
quer dizer que
devemos imitar o
Pai, que não faz
acepção de
pessoas, e que
faz vir o sol e
a chuva para
todos, e a terra
produzir
alimentos para
justos e
injustos.
O nosso
conhecimento
sobre Deus será,
realmente,
sempre
incompleto. Quem
tenta definir
Deus é
ignorante. Paulo
ensinou que Deus
é desconhecido
(Atos 17,23). À
pergunta de
Kardec: “Que é
Deus?”, os
Espíritos
responderam:
“Deus é a
Inteligência
Suprema e Causa
Primeira de
todas as
coisas”.
Observe-se que
Kardec não
perguntou
“quem”, mas
“que”, pois Deus
não é gente, já
que Ele nos
transcende. E a
resposta é
sensata, pois é
sem pormenores
sobre Deus.
O famoso físico
inglês Stephen
Hawking, em seu
novo livro “The
Grand Design”,
afirma que Deus
não criou o
Universo, e que
o “Big Bang” foi
apenas uma
consequência da
lei da
gravidade.
Hawking, que é
membro da
Academia de
Ciências do
Vaticano,
irrita-se quando
alguém o toma
como ateu. Ele é
agnóstico. Esse
termo é, às
vezes, tomado
indevidamente
como sinônimo de
ateu. Mas
agnóstico é quem
não conhece
Deus, ignora o
que seja Deus.
Geralmente, o
agnóstico é,
pois, alheio às
questões sobre
Deus. Vimos que
Deus para Paulo
era também
desconhecido,
como o era para
os gregos, aos
quais ele
anunciava esse
Deus ignoto.
Seria São Paulo,
também, meio
agnóstico?
Ensinou Santo
Agostinho que
Deus cria as
coisas em estado
potencial (em
forma de
semente), o que
de algum modo
favorece à
teoria da
chamada criação
espontânea.
Hawking nega,
como vimos, que
o Universo tenha
sido criado por
Deus, porque o
“Big Bang”,
teoria criada em
1935 pelo
astrofísico
jesuíta belga Le
Maïtre, é uma
consequência da
lei de
gravidade. Isso
nos leva à
pergunta: O que
criou a lei da
gravidade? Ela é
efeito de outra
causa, como o
próprio “Big
Bang” é também
efeito de outra.
Para acontecer a
explosão
(energia
acumulada?),
existiu algo que
a provocou,
como, para haver
a lei de
gravidade, tem
que haver corpos
maiores em peso
e massa para
atraírem os
menores para si,
o que é também
condizente com a
força
centrípeta.
Para a origem do
Universo,
Hawking fala de
causa imediata e
não da causa
primeira de
todas as coisas,
de Kardec, não
do Único Ser
Incontingente de
São Tomás de
Aquino, não do
Deus
desconhecido de
Paulo, não do
“Único dos
orientais, do
qual nada pode
ser dito”, causa
primeira essa à
qual jamais
ninguém chegará!
Negar que Deus
criou o Universo
não significa
negar a
existência do
Universo e menos
ainda de Deus. A
hipótese de que
Deus não criou o
Universo foi
aceita também
por Aristóteles
e o filósofo
materialista
árabe Averrois.
Aliás, Deus tem
os seus
Espíritos
auxiliares que,
trabalhando para
Ele, criam
também (Hebreus
12,9). E São
Tomás de Aquino,
igualmente,
aceitou essa
hipótese de
Aristóteles,
Averrois e,
agora, de
Hawking, dizendo
que o Universo
pode ter
existido com
Deus desde todas
as eternidades!