Palavras de
Amigo
Queiroz
Sou daqueles que
precisaram
morrer para
enxergar com
mais segurança.
A
experiência
terrestre é
comparável a
espessa cortina
de sombra,
restringindo-nos
a visão. E, em
mim, o dever do
médico eclipsava
a liberdade do
homem, limitando
observações e
digressões.
Contudo, vivi no
meu círculo de
trabalho com
bastante
discernimento
para identificar
os profundos
antagonismos de
nossa época.
Insulado nas
reflexões dos
derradeiros dias
no corpo,
anotava as
vicissitudes e
conflitos do
espírito humano,
entre avançadas
conquistas
científico-sociais
e os
impositivos da
própria
recuperação.
Empavesado na
hiperestrutura
da inteligência,
nosso século
sofre aflitiva
sede de valores
morais para não
descer a
extremos
desequilíbrios,
e a existência
do homem de hoje
assemelha-se a
luxuoso
transatlântico,
navegando sem
bússola.
Por toda parte,
a fome de lucros
ilusórios, a
indústria do
prazer, a
desgovernada
ambição, o
apetite
insaciável de
emoções
inferiores e a
fuga da
responsabilidade
exibem tristes
espetáculos de
perturbação,
obrigando-nos a
reconhecer a
necessidade de
fé renovadora
para o cérebro
das elites e
para o coração
das massas sem
rumo.
Daqui, portanto,
é fácil para nós
confirmar agora
que o mundo
moderno está
doente. E o
clínico menos
atilado
perceberá sem
esforço que o
diagnóstico deve
ser interpretado
como sendo
carência de
Deus no
pensamento da
Humanidade,
estabelecendo
crises de
caráter e
confiança.
Apagando o
personalismo que
eu trouxe da
Terra, descobri,
estudando em
vossa companhia,
que somente o
Cristo é o
médico adequado
à cura do grande
enfermo e que só
o Espiritismo,
revivendo-lhe as
lições divinas,
é-lhe a
medicação
providencial.
Segundo vedes,
sou apenas
modesto aprendiz
da grande
transformação.
Entretanto,
quanto mais se
me consolidam as
energias, mais
vivo é o meu
deslumbramento,
diante da
verdade.
A
luz que o Senhor
vos deu e que
destes a mim
alterou-me
visceralmente a
feição pessoal.
Sou,
presentemente,
um médico
tentando curar a
si mesmo.
Minhas
aquisições
culturais estão
reduzidas a
chama
bruxuleante que
me compete
reavivar.
Meus préstimos,
por agora, são
nulos. Mas,
revive-se-me a
esperança e,
abraçando-vos,
reconhecido,
entrego-me ao
trabalho do
recomeço...
Glória ao Senhor
que nos ilumina
o caminho
espiritual!
É
assim, reanimado
e fortalecido,
que aceito,
agora, o serviço
e a
solidariedade
sob novo prisma,
rogando a Jesus
nos abençoe e
caminhando
convosco na
antevisão do
glorioso futuro.
Do cap. 28 do
livro
Instruções
Psicofônicas,
ditado por
Diversos
Espíritos por
intermédio de
Francisco
Cândido Xavier.
A mensagem acima
foi recebida na
noite de
16/9/1954. Seu
autor
foi abnegado
médico em Belo
Horizonte, que
fizera da
Medicina
verdadeiro
sacerdócio.
Dedicava-se aos
clientes e
partilhava-lhes
as dificuldades
e sofrimentos,
qual se lhe
fossem irmãos na
ordem familiar.