A Revue Spirite
de 1867
Allan Kardec
(Parte
8)
Continuamos a apresentar
o
estudo da Revue
Spirite
correspondente ao ano de
1867. O texto condensado
do volume citado será
aqui apresentado em 16
partes, com base na
tradução de Júlio Abreu
Filho publicada pela EDICEL.
Questões preliminares
A. Onde, segundo a
Revue, surgiram as
primeiras palestras
públicas sobre
Espiritismo?
Foi na cidade de
Bordeaux, França. Duas
reuniões semanais eram,
então, realizadas pela
nova entidade, fundada
em junho de 1866. Às
quintas-feiras, a
sessão, de natureza
particular, era
consagrada aos Espíritos
obsessores e ao
tratamento das doenças
por eles causadas. Aos
sábados, a reunião era
aberta com uma palestra
sobre um assunto
espírita e encerrada por
um ligeiro resumo, feito
pelo presidente, que
podia retificar
eventuais erros
cometidos pelo
palestrante. Depois de
algum tempo, a Sociedade
decidiu fazer outra
sessão semanal, aos
domingos, às duas da
tarde, para o
desenvolvimento de novos
médiuns, quando se
faziam exercícios de
escrita, tiptologia e
magnetismo com grande
sucesso.
(Revue Spirite de 1867,
pp. 181 a 184.)
B. É antiga no meio
espírita a ideia de que
a doença material é
simples efeito?
Sim. Em comunicação dada
em Paris, o Sr.
Quinemant (Espírito)
fala sobre o assunto e
diz que a doença
material é um efeito e,
enquanto persistir a
causa, produzirá esta
novos efeitos mórbidos,
o que inviabiliza a
cura. Na mensagem, ele
descreveu a íntima
relação existente entre
o Espiritismo, a
mediunidade e o
magnetismo – que,
desenvolvido pelo
Espiritismo, “é a chave
da abóbada da saúde
moral e material da
humanidade futura”.
(Obra citada, pp. 190 a
193.)
C. Como os confrades da
época de Kardec
encaravam o
Espiritismo?
Comentando a viagem que
fez às cidades de Tours,
Orléans e Bordeaux por
ocasião do Pentecostes,
onde mais de cem
confrades de cidades
diversas participaram de
um encontro realizado
com ele em Bordeaux,
Kardec destacou a
seriedade com que nas
mencionadas cidades os
confrades encaravam o
Espiritismo. As
consequências morais da
doutrina, o alívio do
sofrimento do próximo e
os conselhos de parte
dos instrutores e
familiares desencarnados
constituíam então o
objetivo exclusivo e
preferido das reuniões
espíritas, o que muito
sensibilizou o
Codificador. Em seguida,
referindo-se aos
numerosos exemplos de
transformação moral
operada pela doutrina,
ele disse que, em que
pese o valor da fé, a
crença sem a prática é
letra morta. Foi com
alegria que ele contou,
então, haver encontrado
em sua viagem um bom
número de espíritas de
coração, que poderiam
ser considerados
completos, se fosse dado
ao homem ser completo no
que quer que fosse.
(Obra citada, pp. 197 a
200.)
Texto para leitura
91. Carta vinda de
Marmande, escrita pelo
Sr. Dombre em 12 de maio
de 1867, relata vários
exemplos de curas de
enfermos e obsidiados
obtidas por meio de
passes e da imposição de
mãos. A experiência
demonstrou que a
faculdade de curar ou
aliviar o semelhante não
é privilégio exclusivo
de ninguém e que para
isto bastam apenas boa
vontade e confiança em
Deus, além de uma boa
saúde, que é condição
indispensável. (Págs.
178 a 180.)
92. Os casos de cura
relatados pelo Sr.
Dombre nada apresentavam
de novidade, mas
provavam que muito se
pode obter pela
perseverança e pela
dedicação, com o que não
falta jamais a
assistência dos bons
Espíritos, que só
abandonam os que deixam
o bom caminho. Segundo
Kardec, o fato mais
característico
assinalado na carta era
o da interferência dos
parentes e amigos dos
doentes nas curas, uma
ideia nova cuja
importância não
escaparia a ninguém,
porque sua propagação
não deixaria de ter
resultados
consideráveis. (Pág.
181.)
93. A
Revue noticia o
surgimento de uma nova
sociedade espírita em
Bordeaux, fundada em
junho de 1866. Duas
reuniões semanais eram
realizadas pela nova
entidade. Às
quintas-feiras, a
sessão, de natureza
particular, era
consagrada aos Espíritos
obsessores e ao
tratamento das doenças
por eles causadas. Aos
sábados, a reunião era
aberta com uma palestra
sobre um assunto
espírita e encerrada por
um ligeiro resumo, feito
pelo presidente, que
podia retificar
eventuais erros
cometidos pelo
palestrante. Depois de
algum tempo, a Sociedade
decidiu fazer outra
sessão semanal, aos
domingos, às duas da
tarde, para o
desenvolvimento de novos
médiuns, quando se
faziam exercícios de
escrita, tiptologia e
magnetismo com grande
sucesso. (Págs. 181 a
184.)
94. Ao comentar o
assunto, Kardec fez
questão de aplaudir o
programa da Sociedade de
Bordeaux e felicitá-la
por seu devotamento e
pela inteligente direção
de seus trabalhos.
Reportando-se às
palestras realizadas aos
sábados, o Codificador
destacou a sua utilidade
e afirmou que trabalhos
assim provocam um estudo
mais completo e mais
sério dos princípios da
doutrina, facilitando
assim a sua compreensão.
“É o primeiro passo, diz
Kardec, para
conferências regulares,
que não podem deixar de
ter lugar mais cedo ou
mais tarde e que,
vulgarizando a doutrina,
contribuirão
poderosamente para
modificar a opinião
pública, falseada pela
crítica malévola ou
ignorante daquilo que
ela é.” (Pág. 185.)
95. Morto a 20 de abril
de 1867 em Sétif,
Argélia, o Sr. Quinemant
comunicou-se no dia 16
de maio seguinte em
Paris, ocasião em que se
declarou feliz por haver
confirmado, na vida
post-mortem, os seus
mais íntimos
pensamentos. Convencido
na Terra, pelo
raciocínio, de que a
doutrina espírita iria
desenvolver-se muito e
exercer influência sobre
as gerações futuras,
Quinemant disse então em
sua mensagem: “Hoje
tenho mais convicção:
tenho certeza”. No fim
da comunicação, depois
de explicar a causa da
enfermidade que o
vitimou, Quinemant
referiu-se ao trabalho
dos pioneiros, lembrando
que os primeiros que
semeiam raramente colhem
frutos, pois geralmente
estão preparando o
terreno para os que vêm
depois. Ninguém pense,
porém, que esse trabalho
seja inútil, porque
nenhuma das sementes que
se planta fica perdida;
todas germinarão e
frutificarão quando
chegar o momento.
(Págs. 186 a 189.)
96. Outro passamento
sentido pelos
espiritistas da França
foi o do Sr. Conde de
Ourches, um dos
primeiros a se ocupar
das manifestações
espíritas em Paris,
desde o momento em que
chegaram notícias do que
havia ocorrido na
América. O conde,
voltado exclusivamente
para a parte fenomênica
do Espiritismo, não
acompanhou o
desenvolvimento da
doutrina na sua nova
face científica e
filosófica, pela qual
nutria pouca simpatia. O
falecimento do pioneiro
ocorreu a 5 de maio de
1867, quando contava ele
80 anos de idade.
(Págs. 189 e 190.)
97. A
Revue transcreve
uma longa comunicação
assinada pelo Espírito
do Sr. Quinemant, na
qual ele tece
considerações em torno
do magnetismo e do
Espiritismo. Depois de
lembrar que a doença
material é um efeito e,
enquanto persistir a
causa, produzirá esta
novos efeitos mórbidos,
o que inviabiliza a
cura, o comunicante
descreve a íntima
relação que existe entre
o Espiritismo, a
mediunidade e o
magnetismo – que,
desenvolvido pelo
Espiritismo, “é a chave
da abóbada da saúde
moral e material da
humanidade futura”.
(Págs. 190 a 193.)
98. O número de junho de
1867 encerra-se com
quatro notas: I) O
jornal Union Spirite,
de Bordeaux, passaria a
partir de junho a ter
periodicidade mensal, em
face de uma série de
dificuldades que seu
diretor, Sr. A. Bez,
tornou públicas. II) Um
novo jornal –
Progresso Espiritualista
– surgira em Paris
em abril de 1867,
sucedendo ao antigo
Avenir. III) Foi lançada
em Paris uma brochura
intitulada Pesquisas
sobre a causa do
ateísmo, escrita por
uma católica em resposta
ao Monsenhor Dupanloup,
na qual a autora afirma
que o Espiritismo é o
mais poderoso remédio
contra a incredulidade e
o ateísmo. IV) Dado a
lume o livro O
romance do futuro,
obra escrita por E.
Bonnemère, cuja leitura
Kardec recomenda aos
leitores da Revue.
(Págs. 193 a 196.)
99. A
Revue de julho de
1867 se inicia com um
relato sobre o encontro
espírita de que Kardec
participou em Bordeaux
no dia de Pentecostes e
que reuniu mais de cem
confrades de localidades
diversas. Na rápida
excursão, Kardec foi
também a Tours e Orléans,
cidades que ficavam no
trajeto entre Paris e
Bordeaux, onde ele
esteve por poucos
instantes.(Págs. 197
a 199.)
100. Um fato destacado
por Kardec na reportagem
foi a seriedade com que
nas mencionadas cidades
os confrades encaravam o
Espiritismo. As
consequências morais da
doutrina, o alívio do
sofrimento do próximo e
os conselhos de parte
dos instrutores e
familiares desencarnados
constituíam então o
objetivo exclusivo e
preferido das reuniões
espíritas, o que muito
sensibilizou o
Codificador.(Pág.
199.)
101. Diz Kardec que
mesmo no campo e entre
as pessoas mais simples
um poderoso médium de
efeitos físicos seria
menos apreciado que um
bom médium escrevente
dando, por comunicações
raciocinadas, a
consolação e a
esperança. (Pág.
199.)
102. Referindo-se aos
numerosos exemplos de
transformação moral
operada pela doutrina,
Kardec observa que, em
que pese o valor da fé –
porque crer já é alguma
coisa, é um pé posto no
bom caminho –, a
crença sem a prática é
letra morta. Foi com
alegria que ele disse,
então, haver encontrado
em sua viagem um bom
número de espíritas de
coração, que poderiam
ser considerados
completos, se fosse dado
ao homem ser completo no
que quer que fosse.
(Pág. 200.)
103. Para Kardec,
referidos confrades
podiam ser olhados como
os tipos da geração
futura transformada, e
existiam de ambos os
sexos e de todas as
idades e condições. “São
fáceis de reconhecer –
diz Kardec –; há em todo
o seu ser um reflexo de
franqueza e de
sinceridade, que impõe a
confiança; desde logo
sente-se que não há
nenhuma segunda intenção
dissimulada sob palavras
douradas e cumprimentos
hipócritas.” “Em torno
deles, e mesmo na
mediocridade, sabem
fazer reinar a calma e o
contentamento.” (Pág.
200.)
104. Em um artigo sobre
a ação dos médiuns
curadores em face da
lei, Kardec assinala o
preconceito de que eram
cercados na França os
indivíduos que se
dispunham a curar os
enfermos valendo-se de
faculdades especiais,
como se deu com o
Príncipe de Hohenlohe, o
cura d’ Ars e mesmo com
Jesus Cristo. (Págs.
200 a 202.)
(Continua no próximo
número.)