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Crônicas e Artigos

Ano 4 - N° 182 - 31 de Outubro de 2010

GEBALDO JOSÉ DE SOUSA 
gebaldojose@uol.com.br
Goiânia, Goiás (Brasil)
 

Filosofia espírita


“Em todos os tempos a filosofia é ligada à procura da alma, de sua natureza, de suas faculdades, de sua origem e de seu destino. Inúmeras teorias foram erigidas a respeito e a questão sempre ficou indecisa. Por quê?
Aparentemente porque nenhuma encontrou o do problema e não o resolveu de maneira satisfatória para a todos convencer.

Por sua vez o Espiritismo vem dar a sua. Apoia-se na psicologia experimental; estuda a alma, não só durante a vida, mas após a morte; observa-a em estado de isolamento; ele a agir em liberdade, ao passo que a filosofia ordinária a em união com o corpo, submetida aos entraves da matéria, razão por que muitas vezes confunde causa e efeito. Esforça-se por demonstrar a existência e os atributos da alma por fórmulas abstratas, ininteligíveis para as massas. O Espiritismo lhe provas palpáveis e, por assim dizer, a faz tocar com o dedo e a ver. Exprime-se em termos claros, ao alcance de todos.”  -  Allan Kardec, Revista Espírita de 1864 (Edicel, p. 137.)

A Filosofia (do grego: philo + shofia) é definida comoamor à sabedoria’.

Para William James, filósofo norte-americano, a filosofia é ‘uma tentativa geralmente obstinada de pensar com clareza’.

A Filosofia nasceu — provavelmente, em todas as civilizações quando o homem tomou consciência de sua existência e do mundo à sua volta e começou a questionar a causa de tudo: de si mesmo e do universo material.

Sua origem, não necessariamente com este nome, perde-se na memória dos tempos.

Mas é na Grécia (Século IV a.C.) que se manifesta em contornos mais nítidos, com os pré-socráticos, embora sejam fragmentários os poucos registros que deles nos chegaram.

Quem somos? Por que vivemos?

De onde vem o mundo? Como foi ele criado?

Como surgiu o Universo, a Terra e a vida?

vida após a morte?

Como devemos viver?

São perguntas para as quais os filósofos de todas as épocas buscam respostas. Os filósofos, portanto, procuram conhecer a Verdade.

Sobre o tema, J. Herculano Pires (“Introdução à Filosofia Espírita”) comenta:

“A História da Filosofia é um continuum, que nasce da primeira indagação do homem sobre a Natureza e depois sobre a vida e sobre ele mesmo.          (...)

O Espiritismo é uma doutrina sobre o mundo, dá-nos a sua interpretação e nos mostra como nos devemos conduzir nele. (...)

Para a Filosofia Espírita o sobrenatural, segundo a concepção vigente até nossos dias, é apenas ‘o natural ainda não conhecido’, pois tudo quanto existe pertence à Natureza (...)”

Na mesma obra, refere-se a “(...) ensaio de Gonzales Soriano, desafiadoramente intitulado El Espiritismo es la Filosofia.”

O erudito Prof. Ney Lobo (Filosofa Espírita da Educação – E suas consequências pedagógicas e administrativas, Vol. 1, p. 45), lamenta não dispor do texto do ensaio e corrobora essa magnífica concepção, quando afirma:

“(...) o Espiritismo é a mais universal de todas as filosofias. uma se lhe equipara em cosmovisão: a de PLATÃO, que, mesmo assim, não a iguala em profundidade e extensão”.

Ainda J. Herculano Pires (O Infinito e o Finito, Ed. Correio Fraterno) registra:

“A Filosofia Espírita nos oferece (...), com base nos resultados da investigação da Ciência Espírita, uma visão geral do Universo e de suas leis. (...) Sua visão do Universo não se prende à Matéria, mas vai até o Espírito, que considera como causa de tudo o que percebemos no plano material. Englobando na sua interpretação cosmológica a Ciência Espírita, e tendo como consequência a Religião Espírita, a Filosofia Espírita encerra em si mesma toda a doutrina. É por isso que ‘O Livro dos Espíritos’, obra fundamental da doutrina, não é propriamente um livro científico ou religioso, mas um tratado filosófico”.

Porque ultrapassa o plano físico; remonta ao plano espiritual; concebe a realidade nos dois planos da vida, demonstrando a interdependência de ambos, concordamos plenamente com a afirmação de Gonzales Soriano de que o Espiritismo é a Filosofia.

Apenas ela apresenta respostas racionais a questões fundamentais para o ser humano, tais como:

Quem somos?

Que éramos antes de nascer?

Que seremos, após a morte?

Por que estamos no mundo?

Qual a causa dos sofrimentos humanos? Por que uns sofrem mais que outros?

Por que uns são inteligentes e saudáveis e outros enfermos, aleijados, cegos?  

Por que ricos e pobres?

Allan Kardec, em “O Livro dos Espíritos, Conclusão, Cap. V, § 4, salienta a importância da Filosofia Espírita:

“(...) que me explica o que NENHUMA OUTRA me havia explicado. Nela encontro, por meio unicamente do raciocínio, uma solução racional para os problemas que no mais alto grau interessam ao meu futuro. Ela me calma, firmeza, confiança; livra-me do tormento da incerteza”.

Já no § 5, do mesmo capítulo, assinala:

“Quereis, vós que o atacais (o Espiritismo), um meio de combatê-lo com êxito? Aqui o tendes. Substituí-o por alguma coisa melhor; indicai solução MAIS FILOSÓFICA para todas as questões que ele resolveu; dai ao homem OUTRA CERTEZA que o faça mais feliz (...)”.

E, finalmente, no § 1º do Cap. VI, argumenta o Codificador:

“Falsíssima ideia formaria do Espiritismo quem julgasse que a sua força lhe vem da prática das manifestações materiais (...). Sua força está na sua filosofia, no apelo que dirige à razão, ao bom senso”.




 


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