GEBALDO JOSÉ DE
SOUSA
gebaldojose@uol.com.br
Goiânia, Goiás
(Brasil)
Filosofia
espírita
“Em todos os tempos
a
filosofia
é
ligada
à
procura
da
alma,
de
sua
natureza, de
suas faculdades, de sua
origem e de
seu
destino.
Inúmeras teorias foram erigidas a respeito e a
questão
sempre ficou
indecisa.
Por quê?
Aparentemente
porque nenhuma encontrou o nó do problema
e
não
o resolveu de
maneira satisfatória para a todos convencer.
Por
sua vez
o
Espiritismo
vem dar a sua. Apoia-se na psicologia experimental; estuda a alma, não só durante a vida, mas após a morte;
observa-a em
estado de
isolamento;
ele
a vê agir em liberdade, ao
passo
que
a
filosofia
ordinária
só a vê
em união com o
corpo,
submetida aos
entraves
da matéria,
razão
por que
muitas vezes
confunde causa e
efeito.
Esforça-se
por
demonstrar
a
existência
e os
atributos
da alma por
fórmulas
abstratas,
ininteligíveis
para as massas.
O
Espiritismo
lhe
dá
provas
palpáveis
e,
por
assim
dizer, a faz tocar com o dedo e a ver.
Exprime-se
em
termos
claros, ao alcance
de
todos.”
-
Allan Kardec,
Revista
Espírita de 1864
(Edicel, p.
137.)
A
Filosofia (do
grego:
philo + shofia)
é
definida como ‘amor à sabedoria’.
Para William
James, filósofo
norte-americano,
a
filosofia
é ‘uma
tentativa
geralmente
obstinada
de
pensar
com
clareza’.
A
Filosofia nasceu — provavelmente, em todas as civilizações
—
quando
o
homem
tomou
consciência
de sua existência
e do
mundo
à
sua
volta e começou a
questionar
a
causa
de
tudo:
de
si
mesmo
e do
universo
material.
Sua
origem, não
necessariamente
com
este
nome, perde-se na
memória
dos
tempos.
Mas é na Grécia
(Século
IV a.C.) que se manifesta
em contornos
mais nítidos,
com os pré-socráticos, embora sejam fragmentários
os
poucos
registros
que deles nos
chegaram.
Quem somos?
Por
que
vivemos?
De
onde vem o mundo?
Como foi ele
criado?
Como
surgiu o
Universo,
a Terra e a vida?
Há
vida após a morte?
Como devemos
viver?
São
perguntas para
as
quais
os filósofos de
todas as épocas buscam respostas.
Os filósofos,
portanto,
procuram conhecer a Verdade.
Sobre o
tema,
J. Herculano Pires (“Introdução
à
Filosofia
Espírita”)
comenta:
“A
História da
Filosofia
é
um
continuum, que nasce da primeira
indagação do
homem
sobre a Natureza
e
depois
sobre
a
vida
e
sobre
ele mesmo.
(...)
O
Espiritismo é uma
doutrina
sobre o mundo,
dá-nos a
sua
interpretação
e
nos
mostra
como nos
devemos
conduzir
nele. (...)
Para a
Filosofia
Espírita
o
sobrenatural,
segundo
a
concepção
vigente
até
nossos dias,
é
apenas
‘o
natural
ainda não
conhecido’, pois
tudo quanto
existe
pertence
à
Natureza
(...)”
Na
mesma obra,
refere-se a
“(...)
ensaio
de Gonzales
Soriano,
desafiadoramente
intitulado El Espiritismo es la Filosofia.”
O
erudito
Prof. Ney
Lobo
(Filosofa
Espírita
da
Educação
– E
suas
consequências
pedagógicas e
administrativas,
Vol. 1, p. 45), lamenta não dispor do texto do ensaio e corrobora essa
magnífica
concepção, quando
afirma:
“(...) o
Espiritismo
é a
mais
universal de todas as
filosofias.
Só uma se lhe
equipara
em
cosmovisão: a de
PLATÃO, que, mesmo assim, não a
iguala
em
profundidade
e extensão”.
Ainda J.
Herculano
Pires
(O Infinito e o Finito,
Ed.
Correio
Fraterno)
registra:
“A
Filosofia Espírita
nos oferece (...),
com
base nos
resultados da
investigação
da
Ciência
Espírita,
uma
visão
geral
do
Universo
e de
suas
leis. (...) Sua
visão
do
Universo
não
se prende à
Matéria, mas vai até o Espírito, que
considera
como
causa
de
tudo
o
que
percebemos no
plano
material.
Englobando na
sua
interpretação
cosmológica a
Ciência
Espírita,
e tendo
como
consequência a Religião Espírita, a Filosofia Espírita encerra em si mesma toda a doutrina.
É
por
isso
que ‘O Livro
dos
Espíritos’,
obra
fundamental da
doutrina,
não é propriamente
um
livro científico
ou religioso,
mas um
tratado filosófico”.
Porque
ultrapassa o
plano
físico;
remonta ao plano
espiritual; concebe a
realidade
nos dois planos da vida,
demonstrando a
interdependência
de ambos, concordamos plenamente
com a afirmação de Gonzales Soriano de que o Espiritismo
é a
Filosofia.
Apenas
ela apresenta
respostas
racionais a
questões
fundamentais para
o
ser
humano,
tais como:
Quem somos?
Que éramos
antes
de
nascer?
Que seremos,
após a
morte?
Por
que estamos no
mundo?
Qual a
causa
dos sofrimentos
humanos?
Por que
uns sofrem
mais
que
outros?
Por
que uns são
inteligentes e
saudáveis
e
outros
enfermos,
aleijados, cegos?
Por
que
ricos
e
pobres?
Allan Kardec, em “O Livro dos
Espíritos,
Conclusão,
Cap. V, § 4,
salienta a
importância
da Filosofia Espírita:
“(...)
que me
explica o
que
NENHUMA OUTRA me havia
explicado. Nela
encontro, por meio
unicamente do
raciocínio,
uma solução racional
para os problemas
que no mais
alto grau
interessam ao
meu
futuro.
Ela me
dá
calma,
firmeza,
confiança; livra-me do
tormento
da incerteza”.
Já no § 5, do
mesmo
capítulo,
assinala:
“Quereis,
vós que
o atacais (o
Espiritismo), um meio de
combatê-lo com
êxito?
Aqui o tendes.
Substituí-o
por
alguma
coisa
melhor; indicai solução
MAIS FILOSÓFICA para
todas as
questões
que
ele resolveu; dai ao homem OUTRA CERTEZA que o faça mais
feliz (...)”.
E,
finalmente, no § 1º do Cap. VI, argumenta o Codificador:
“Falsíssima
ideia formaria
do
Espiritismo quem julgasse que
a
sua
força
lhe vem da prática
das
manifestações
materiais
(...).
Sua
força
está na
sua
filosofia,
no
apelo
que
dirige à
razão,
ao bom senso”.