Amor
e educação
“Encarnando, com o
objetivo de se
aperfeiçoar, o Espírito,
durante a infância, é
mais acessível às
impressões que recebe,
capazes de lhe
auxiliarem o
adiantamento, para o que
devem contribuir os
incumbidos de educá-lo.”
(O Livro dos Espíritos,
questão 383.)
Kauan hoje tem 6 anos.
Desde a mais tenra
idade, ao começar a
caminhar, tinha uma
grande agitação. A mãe
não dava conta dele, uma
ansiedade! Quando
começou a ir para a
escolinha aos três anos,
muitas dificuldades
tinha essa mãe com ele,
devido à inquietude.
Observávamos nele, no
pouco contato, duas
belas virtudes: uma
inteligência muito
grande, falava um
português corretíssimo,
difícil de ver numa
criança da idade dele e
até mais velhas, da
faixa social dele.
O mais comum,
infelizmente,
verificamos, são
crianças de até dez anos
frequentando escolas
públicas, na faixa
social do Kauan, já na
sétima série do ensino
fundamental, falando
“nós vai”, “nós foi”,
etc., com uma
dificuldade enorme de se
expressar, e os pais têm
que falar por elas. O
Kauan não; ele falava
por si, num português
que nos encantava.
Outra virtude do Kauan
era o afeto. Muito
carinhoso onde nos
visse, vinha correndo
com os braços abertos
nos abraçar. Víamos seu
carinho com a mãe. No
meio da agitação ele
sempre vinha correndo e
a abraçava ternamente,
acariciando-lhe o rosto.
Começou o “pré", nem
cinco anos tinha, e veio
a mãe aflita porque os
professores queriam que
o menino fosse para a
neuropediatria, para
tomar medicação, a
famosa ritalina que,
infelizmente, está sendo
dada como água para as
crianças dessa geração,
mais da metade,
provavelmente, sem
necessidade.
A mãe disse que a
professora não
aguentava, porque ele
terminava a tarefa muito
rápido e aí ficava
“perturbando” a aula.
Isso mostrava a
inteligência da criança.
Tolhê-la? Que
despreparo! Pedimos à
mãe que conversasse com
a professora – em vez de
remédio, que ela
aumentasse a quantidade
de atividades dele, já
que ele acabava primeiro
do que os outros. A
professora assim o fez.
Pedimos à mãe que
conversasse com o Kauan
durante o sono,
orientando-o,
dizendo-lhe que ele
conseguia ficar
tranquilo, sereno,
sempre. A mãe tinha até
medo de ter outro filho,
mas essa mãe foi sendo
vitoriosa, amando esse
menino e insistindo na
educação, na disciplina.
Hoje tem 6 anos o Kauan,
tão grande e inteligente
que esquecemos que tem 6
anos, parece ter dez.
Nós dizemos a ele:
“Kauan, você é muito
inteligente!” e ele
responde imediatamente:
“Sou, sim.”
Agora, finalmente, ele
tem um irmãozinho, com
cerca de quatro meses.
Cuida tanto do irmão,
parece o pai do menino!
É bom a mãe trazê-los
juntos, o carinho dele
com o irmão... Hoje,
tranquilíssimo, sem
agitação nenhuma.
A mãe esteve com eles
esses dias conosco e ela
comentou quanto o Kauan
ficou tranquilo após o
nascimento do irmão.
Aproveitamos o ensejo em
que a reencarnação está
sendo muito comentada
este ano na mídia, no
cinema, nas novelas
etc., devido ao
centenário de Chico
Xavier, e dissemos à
mãe: “Vai ver que o
Mateus (o bebê), antes
de reencarnar, ficava
junto com o Kauan,
espiritualmente,
brincando e o deixando
agitado. Agora
reencarnou, e o Kauan
sossegou!”
“Sabe que a senhora tem
razão!”, disse a mãe.
“Ele, agora que o Mateus
nasceu, esse amiguinho
sumiu, nunca mais ele
falou do amiguinho
imaginário, mas quando o
Mateus acorda ele já
procura o Kauan com os
olhos e fica muito calmo
quando ouve a voz do
irmão.”
Ao vermos o carinho e o
cuidado de Kauan com o
Mateus, nós lhe
dissemos: “Você cuida
muito bem do seu
irmãozinho, muito bem!”
E ele, com 6 anos,
responde: “Cuido com a
minha vida – dou minha
vida por ele, se
precisar!”
Que beleza, como diria o
nosso amigo, o “gigante
deitado”, Jerônimo
Mendonça: “Que beleza!”
Sem desmerecer ninguém,
a “escolhinha” queria
“tranquilizar”essa
criança com ritalina!...
Estamos vendo isso todo
dia. Mães chegando com
os filhos dizendo que
são agitados, que
precisam de “calmante”,
que a escola pede, que
eles não aguentam, que
as crianças não obedecem
e vemos o contrário do
que dizem, as crianças
sentadas tranquilas,
fazendo tudo o que nós
pedimos, colaborando em
tudo conosco,
atendendo-nos em tudo...
Há que pensar! Temos um
atendimento excelente na
área da psicologia
infantil em nossa cidade
pelo sistema do CAPS
(Centro de Atendimento
de Psicologia da
Infância). Eles começam
a atender as crianças a
partir dos quatro anos.
Mas agitação,
“hiperatividade”, só a
partir de sete anos,
pois a criança é
naturalmente agitada,
tem muita energia até os
sete. Temos visto pais
chegando querendo tratar
as crianças de dois,
três, quatro, cinco anos
com “calmantes”, sem
necessidade. É questão
de paciência, educação,
amor, limites...
O Kauan era mesmo uma
criança agitada, mas a
mãe nos ouviu e ele hoje
está muito bem, sem
nunca ter tomado
medicação.
Temos conversado com as
psicólogas que avaliam
as crianças. A maioria
dos casos é falta de
limites, falta de
disciplina, falta de
amor. Problemas com a
família e a escola e não
com a criança.
Para ilustrar um pouco
mais, esta semana também
atendemos outra criança
para a qual a avó queria
um neuropediatra para
dar remédio porque não
parava (Coitados dos
neuropediatras!). Um
menino de quatro anos!
O menino “quietinho”,
“bonzinho”, nos
atendendo em tudo! E a
avó dizendo que estava
irritado, agressivo,
nervoso, desobediente...
Mas o que aconteceu,
“por trás desse
sofrimento”? O pai
abandonou, a mãe é
ausente, está por conta
da avó – a mãe mora
junto, mas trabalha fora
o tempo todo e, quando
tem tempo livre, sai com
as amigas e não dá afeto
ao menino – e a mãe, sem
maturidade espiritual,
já tem 29 anos de idade
física! O menino ainda
viu o tio ser preso pela
polícia...
Há motivos para estar
agitado, nervoso. Há que
amar, há que educar,
amor tudo resolve. O
menino estava uma paz,
nada de hiperatividade e
querem remédio, que é
mais cômodo do que agir
educando.
Como diz Santo
Agostinho, em “O
Evangelho segundo o
Espiritismo”, “... Ó
espíritas! Compreendei
hoje o grande papel da
humanidade; compreendei
que quando produzis um
corpo a alma que nele se
encarna vem do espaço
para progredir; sabei
vossos deveres e colocai
todo o vosso amor em
aproximar essa alma de
Deus; é a missão que vos
está confiada e da qual
recebereis a recompensa
se a cumprirdes
fielmente. Vossos
cuidados, a educação que
lhe derdes, ajudarão seu
aperfeiçoamento e seu
bem-estar futuro. Pensai
que a cada pai e a cada
mãe Deus perguntará:
‘Que fizeste do filho
confiado à vossa
guarda?’... Desde o
berço, a criança
manifesta os instintos
bons ou maus que traz da
sua existência anterior;
é a estudá-los que é
preciso se aplicar,
todos os males tem seu
princípio no egoísmo e
no orgulho; espreitai,
pois, os menores sinais
que revelem os germens
desses vícios, e
empenhai-vos em
combatê-los sem esperar
que lancem raízes
profundas; fazei como o
bom jardineiro, que
arranca os maus brotos à
medida que os vê
despontar sobre a
árvore...”
Vamos amar muito as
nossas crianças, vamos
educá-las desde o berço
como nos é pedido e
muitos males serão
evitados. Remédio, só
quando realmente
necessário!
Eduquemos para termos
uma geração futura
melhor, com afetividade,
honra, caráter nobre, o
homem de bem do
evangelho.
Não confundir instrução
com educação!
Instrução sem amor,
inteligência sem amor,
pode gerar destruição.
O amor está sempre à
frente. Educação é
possível em quem não tem
instrução, vem da
família, a família
precisa conscientizar-se
do que disse Santo
Agostinho e cuidar de
suas crianças, os
Espíritos que reencarnam
na terra, muito
inteligentes atualmente,
muito necessitados de
aprender a amar e vencer
o orgulho, desenvolvendo
a humildade.
Amor e educação – uma
medicação necessária
para todos.