ANGÉLICA
REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
|
Socialismo e Espiritismo
Léon Denis
(Parte
1)
Damos início à apresentação
do
estudo do clássico
Socialismo e Espiritismo,
de Léon Denis, com base
na tradução
de
Wallace Leal V.
Rodrigues, publicada
pela Casa Editora O
Clarim.
Questões preliminares
A. Que opinião tinha
Karl Marx sobre o
espiritualismo? |
Marx considerava o
espiritualismo uma
irrealidade e o
responsabilizava pelo
apoio aos regimes
reacionários e
conservadores, ignorando
a essência
revolucionária do
Cristianismo e não
percebendo que os erros
cometidos estavam na sua
distorção e não na sua
essência original.
(Socialismo e
Espiritismo, pág. 26.)
B. É certo afirmar que a questão social é, antes de tudo, uma
questão moral?
Segundo Léon Denis, sim. Além de declarar enfaticamente essa
opinião, Denis escreveu:
“Nós subscrevemos
voluntariamente as
reivindicações legítimas
da classe operária
reclamando para o
trabalhador a sua parte
de influência e de
bem-estar, seu direito
aos benefícios
industriais, e seu lugar
ao Sol, porém reprovamos
os meios violentos e
revolucionários que
seriam um perigo para a
sociedade ocidental,
depois de ter arruinado
a sociedade russa”.
(Obra citada, pág. 32.)
C. Nascer no seio dos humildes e da classe laboriosa é um bem ou um
mal?
Sem dúvida, é um bem. O fato é destacado neste livro, em que Léon
Denis fala sobre as
vantagens que as
reencarnações entre os
humildes e a livre
aceitação da lei do
trabalho proporcionam a
todas as pessoas. É que
o trabalho é um
preservativo soberano
contra as armadilhas da
paixão, uma espécie de
banho moral, um sinônimo
de alegria, de paz, de
felicidade, quando é
realizado com
inteligência e
obstinação. Na luta
constante contra as
necessidades, no esforço
cotidiano para se sair
do aperto das
necessidades, pouco a
pouco a vontade se
afirma, o julgamento se
consolida, as mais belas
qualidades desabrocham.
Eis por que as maiores
almas que passaram pela
Terra – o Cristo, Joana
d’Arc e tantos outros
nobres Espíritos –
renasceram em condições
obscuras, para servir de
exemplo à Humanidade.
(Obra citada, pp. 36 e 37.)
Texto para leitura
1. Em seu prefácio, o
saudoso confrade,
jornalista e político
Dr. Freitas Nobre lembra
que Léon Denis, filho de
operário, já aos 12 anos
de idade trabalhava
descolando folhas de
cobre na Casa da Moeda
de Bordeaux. Essa origem
operária ajudou a marcar
o sentido social de sua
vida. Com raízes
operárias e ele próprio
trabalhando de dia para
garantir os estudos de
noite, pôde mais tarde
dedicar-se ao movimento
cooperativista e ao
ensino a pessoas
carentes. Não lhe foi,
portanto, difícil
compreender, conforme
expõe nesta obra, que
Socialismo e Espiritismo
estão unidos por laços
estreitos, visto que um
oferece ao outro o que
lhe falta. (Pág. 12)
2. Freitas Nobre
adverte, no entanto, que
o conceito materialista
da história não se
conjuga com a doutrina
espírita e, nesse
aspecto, as posições são
inconciliáveis. Marx,
observa Freitas Nobre,
considerava o
espiritualismo uma
irrealidade e o
responsabilizava pelo
apoio aos regimes
reacionários e
conservadores, ignorando
a essência
revolucionária do
Cristianismo e não
percebendo que os erros
estavam na sua distorção
e não na sua essência
original. (Pág. 26)
3. No capítulo de
abertura do livro, Léon
Denis diz que, antes de
tudo, importa bem
definir os termos que
emprega. “Para nós – diz
ele –, o Socialismo é o
estudo, a pesquisa e a
aplicação de leis e
meios susceptíveis de
melhorar a situação
material, intelectual e
moral da Humanidade.” E
avisa: “Nessas condições
são numerosas as
nuanças, as variedades
de opiniões, de
sistemas, desde o
Socialismo Cristão até o
Comunismo, e todo o
homem cuidadoso com a
sorte de seus
semelhantes pode se
dizer socialista,
quaisquer que sejam,
aliás, suas
predileções”. (Pág.
31)
4. Depois de dizer com
toda a clareza que a
questão social é, acima
de tudo, uma questão
moral, Léon Denis
afirma: “Nós
subscrevemos
voluntariamente as
reivindicações legítimas
da classe operária
reclamando para o
trabalhador a sua parte
de influência e de
bem-estar, seu direito
aos benefícios
industriais, e seu lugar
ao Sol, porém reprovamos
os meios violentos e
revolucionários que
seriam um perigo para a
sociedade ocidental,
depois de ter arruinado
a sociedade russa”.
(Pág. 32)
5. Observa Denis que o
que caracterizava
atualmente o estado de
espírito do Socialismo,
à exceção de algumas
raras unidades, era o
conhecimento
insuficiente e muito
rudimentar das leis
universais. Sem
observação delas, toda
obra humana está
condenada por
antecipação à
impotência, à
esterilidade, quando não
culmina em desordem e
caos. (Pág. 32)
6. Depois da 1a
Grande Guerra, ocorrida
de 1914 a 1918, o nível
intelectual e moral
sensivelmente abaixou,
as paixões se
desencadearam, os
apetites e a avidez se
tornaram mais ásperos e
mais ardentes. É que sua
melhor parte de homens
se foi. (Pág. 33)
7. A grande lei da
evolução, que rege todos
os seres, deve servir
também de base a toda a
organização social. O
essencial seria, pois,
fazer conhecer ao homem,
antes de mais nada, de
onde ele vem, para onde
ele vai, ou seja, qual a
finalidade real da vida
e a sua destinação.
Somente então surgirá em
toda a claridade, e em
todas as consequências
sociais, essa
solidariedade que liga
os seres em todos os
graus de sua ascensão.
(Pág. 34)
8. Depois das doutrinas
do passado, que não nos
trouxeram senão a
obscuridade, a
incerteza, o Espiritismo
projeta uma viva
claridade sobre o
caminho a percorrer e
nos mostra a ordem, a
justiça, a harmonia que
reinam no Universo. Que
o socialista se torne
razoável e adote essa
grande doutrina, essa
ciência vasta e
profunda, que esclarece
todos os problemas e nos
fornece provas
experimentais da
sobrevivência, e o
Socialismo poderá
tornar-se uma das
alavancas que levará a
Humanidade para destinos
melhores. (Pág. 35)
9. De origem operária,
depois da Guerra de 1870
entre a França e a
Alemanha, Léon Denis
compreendeu que era
preciso trabalhar com
ardor para a educação do
povo. Com este fim e o
auxílio de alguns
cidadãos devotados, ele
havia fundado, em sua
região, a “Liga do
Ensino”, da qual se
tornou secretário geral.
Bibliotecas populares
foram criadas e se
iniciaram por toda a
parte séries de
conferências, fatos que
ele menciona para
mostrar que seu contato
com as classes
trabalhadoras vinha de
muito tempo. (Pág.
36)
10. Agora que a idade
lhe branqueara os
cabelos, Denis diz
apreciar mais altamente
as vantagens que as
reencarnações entre os
humildes e a livre
aceitação da lei do
trabalho proporcionam a
todas as pessoas. É que
o trabalho é um
preservativo soberano
contra as armadilhas da
paixão, uma espécie de
banho moral, um sinônimo
de alegria, de paz, de
felicidade, quando é
realizado com
inteligência e
obstinação. (Págs. 36
e 37)
11. Ele compreendia
melhor por que a lei da
evolução leva imensa
maioria de seres a
renascer no seio de
classe laboriosa para aí
desenvolver sadias
energias, fortalecer o
caráter, tornar o homem
verdadeiramente digno
deste nome. Na luta
constante contra as
necessidades, no esforço
cotidiano para se sair
do aperto das
necessidades, pouco a
pouco a vontade se
afirma, o julgamento se
consolida, as mais belas
qualidades desabrocham.
Eis por que as maiores
almas que passaram pela
Terra – o Cristo, Joana
d’Arc e tantos outros
nobres Espíritos –
renasceram em condições
obscuras, para servir de
exemplo à Humanidade.
(Pág. 37)
12. Léon Denis diz que
desde a infância, em
meio às dificuldades que
teve de vencer, foi
sempre sustentado pelo
“lado de lá”, ou seja,
por seus guias
espirituais, que no
entanto só se revelaram
mais tarde. Ele possuía
então a faculdade
mediúnica da psicografia
e obtinha comunicações
de forma bastante
literária. Essa
faculdade desapareceu
depois, subitamente,
quando se tornou
conferencista. “Meus
protetores do espaço –
revela Denis – me
explicaram que haviam
adaptado seus recursos
fluídicos às minhas
facilidades oratórias,
aos meios de
improvisação como sendo
mais eficazes para a
difusão do Espiritismo.”
(Págs. 37 e 38)
(Continua no próximo
número.)