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Crônicas e Artigos

Ano 4 - N° 184 - 14 de Novembro de 2010

FERNANDA LEITE BIÃO
fernandabiao9@hotmail.com
Belo Horizonte, Minas Gerais (Brasil)


Nosso Lar: vida além da vida, recomeço, uma nova vida
 

 

Voo e descoberta

Pássaro voa
Sem destino certo
Enfrenta o calor do sol
A chuva fina
O vento leve e forte
Encontra amigos e amigas
Diferentes e iguais
Encontra inimigos e inimigas
Fruto e colheita
Tem medo, sente frio e sede
Tem alegrias, flores e jardins
Preso, pode estar
Solto quer estar
Busca o caminho
Não sabe onde encontrar
Percebe uma luz
Imagina que vem de fora
Persegue-a
Distante cada vez mais se encontra
Para e observa
Descobre que...
... a luz vem de si!
[1]


A história de vida do Espírito André Luiz apresentada nas páginas do romance espírita Nosso Lar tem a mágica que provoca a viagem a um universo distante e, ao mesmo tempo, tão próximo ao de todos nós.

Rompendo com a sua condição de encarnado, André Luiz passa a viver sem o corpo físico, inicialmente em ambientes sombrios, sofrendo várias condições conflituosas, envolvido por sofrimentos psíquicos e pela falta de conhecimento sobre a continuidade da vida, mesmo após a morte biológica.

Longa estadia, experiências vividas e a luz que surge com a transformação se assenhoreiam, então, de sua alma, viabilizando sua mudança para o ambiente extrafísico sadio da colônia-educandário Nosso Lar.

Quantos de nós, mesmo encarnados, não visitamos os vales escuros de nós mesmos? Presos, como pássaros engaiolados em nossa própria ignorância, procurando encontrar e construir um Nosso Lar como templo sagrado do nosso coração e da nossa razão.

Nós nos identificamos, assim, com a história narrada nas páginas do livro Nosso Lar. História que também é nossa. Desejos que também são nossos. Uma vontade de voar e de se (re)encontrar com nossa essência divina.

Diante dessa inspiração, do relato do nosso irmão André Luiz, que possamos viajar, de forma reflexiva, na história de vida desse Espírito amigo, em diálogo com a nossa própria história de alma milenar e na condição de ente, na atualidade, encarnado, imerso na dinâmica (e a enfrentar os desafios) da vida terrena contemporânea. 

Grande parte da humanidade almeja um cantinho, um templo que possa chamar de casa, de lar. Um lugar acolhedor, personalizado, no qual as potencialidades possam ser desenvolvidas, os amores e os conflitos possam ser vividos e as diferenças respeitadas. Enfim, um educandário da alma.

André Luiz, ao transpor as cortinas da sombra em que se encontrava e adentrar o recinto de Nosso Lar, inaugurou nova etapa de sua trilha evolutiva, reeducando-se.

A (re)educação do ser caminha de mãos dadas com a evolução, passando pela reciclagem de nossos padrões de pensamentos, emoções, sentimentos e formas de se expressar, bem como pela reconstrução do modo como olhamos as vicissitudes da jornada evolutiva e reagimos a elas.

“É indispensável criar pensamentos novos e disciplinar os lábios”[2], alerta a André Luiz o Espírito Clarêncio (que o trouxera a Nosso Lar e fora seu principal interlocutor nos primeiros dias naquela colônia), o qual observa:  

Somente conseguiremos equilíbrio abrindo o coração ao Sol da Divindade. Classificar o esforço necessário de imposição esmagadora, enxergar padecimentos onde há luta edificante, sói identificar indesejável cegueira d’alma. Quanto mais utilize o verbo por dilatar considerações dolorosas, no circuito da personalidade, mais duros se tornarão os laços que o prendem a lembranças mesquinhas.[3] (grifo nosso.) 

 Partindo das experiências do passado, olhando o presente e nos projetando no futuro, assim caminhamos.

Quantos de nós, também presos nas sombras do nosso passado, nas experiências torturantes do não conhecimento do amor e dos sentimentos que nos credenciam ao crescimento, deixamos de voltar o olhar para nós e de buscar a comunhão com a nossa própria verdade e a coragem de enxergar nossos defeitos e dificuldades e nossas virtudes já inscritas na alma?

Imagine-se atravessando hoje os portões da vida física. Pense na bagagem existencial que levará, na túnica moral que vestirá, nos valores e amores que trará em seu coração.

O trabalho de esclarecimento e de expansão da consciência pode começar agora, como nos aconselha André Luiz, ao final do Capítulo 1 de Nosso Lar, com estas palavras: 

Oh! amigos da Terra! quantos de vós podereis evitar o caminho da amargura com o preparo dos campos interiores do coração? Acendei vossas luzes antes de atravessar a grande sombra. Buscai a verdade, antes que a verdade vos surpreenda. Suai agora para não chorardes depois.[4] (grifo nosso.) 

O empenho e o apelo do nosso irmão André Luiz, em seus escritos e testemunhos, é para que possamos atinar com uma existência para além dos muros do corpo físico e perceber que a eternidade nos convida a prosseguir com a nossa jornada, em meio a sendas espinhosas e floridas, ante a incessante possibilidade e, muitas vezes, inadiável necessidade de recomeçar.

Sabemos que um dos nossos grandes desafios é o de trilhar, na condição de Espírito imortal e alma eterna, os íngremes percursos da nossa mãe Terra, com a vestimenta rudimentar e limitante do nosso corpo físico.

Aspecto marcante da obra reside na ocasião em que Clarêncio ressalta a André Luiz que, a despeito deste, graças à generosidade dos pais, ter sido poupado, em sua última reencarnação, de custear seus próprios estudos, de não ter enfrentado as dificuldades de um médico que inicia carreira sem recursos financeiros e de ter sido agraciado com rápida ascensão profissional, as “facilidades conquistadas”[5] resultaram em “morte prematura do corpo [físico]”[6], ao se permitir “numerosos abusos”[7] (inclusive descuidos que redundaram em “excessos de alimentação e bebidas alcoólicas”[8], bem como na “perda de energias essenciais”[9] oriunda do desenvolvimento da sífilis), afastado dos “princípios da fraternidade e da temperança”[10], mediante a “ausência de autodomínio”[11] e o descaso “no trato com os seus semelhantes”[12], a ponto da “longa tarefa que lhe foi confiada pelos Maiores da Espiritualidade Superior”[13] ter sido “reduzida a meras tentativas de trabalho que não se consumou".[14]

Uma vez reencarnados e relembrados do modo de existir neste plano da vida, reinseridos na convivência entre as pessoas que aqui também se encontram estagiando por intermédio do corpo carnal, somos induzidos a incorporar comportamentos e condicionamentos, ora saudáveis e importantes, ora adoecedores e desnecessários, presentes e vigorosos na sociedade terrena.

Embora seja imprescindível, por razões de sobrevivência e atuação no círculo humano, adaptarmo-nos ao contexto em que ora vivemos, estejamos atentos para evitar que nos percamos nas ilusões da matéria e nas fugas da realidade, tendo em mente, como advertência, as desventuras de André Luiz – lembrança de desditas nossas do passado remoto ou recente –, a fim de recordar a nós mesmos que, a par das necessidades físicas e de sobrevivência, a alma – nossa essência e princípio inteligente – reclama por cuidados especiais que, de maneira frequente, em face da agitação do cotidiano, adiamos ou esquecemos. 


 

[1] Poema da autora.

[2] XAVIER, Francisco Cândido. Nosso Lar: obra ditada pelo Espírito André Luiz. 54. ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2003, p. 45. (Série André Luiz, Coleção A Vida no Mundo Espiritual.)

[3] Ibid., loc. cit.

[4] Ibid., p. 18.

[5] Ibid., p. 92-93.

[6] Ibid., p. 93.

[7] Ibid., loc. cit.

[8] Ibid., p. 33-34.

[9] Ibid., p. 34.

[10] Ibid., p. 33.

[11] Ibid., loc. cit.

[12] Ibid., loc. cit.

[13] Ibid., loc. cit.

[14] Ibid., loc. cit.


 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita