FERNANDA LEITE
BIÃO
fernandabiao9@hotmail.com
Belo Horizonte,
Minas Gerais
(Brasil)
Nosso Lar: vida
além da vida,
recomeço, uma
nova vida
Voo e descoberta
Pássaro voa
Sem destino
certo
Enfrenta o calor
do sol
A chuva fina
O vento leve e
forte
Encontra amigos
e amigas
Diferentes e
iguais
Encontra
inimigos e
inimigas
Fruto e colheita
Tem medo, sente
frio e sede
Tem alegrias,
flores e jardins
Preso, pode
estar
Solto quer estar
Busca o caminho
Não sabe onde
encontrar
Percebe uma luz
Imagina que vem
de fora
Persegue-a
Distante cada
vez mais se
encontra
Para e observa
Descobre que...
... a luz vem de
si!
A história de
vida do Espírito
André Luiz
apresentada nas
páginas do
romance espírita
Nosso Lar
tem a mágica que
provoca a viagem
a um universo
distante e, ao
mesmo tempo, tão
próximo ao de
todos nós.
Rompendo com a
sua condição de
encarnado, André
Luiz passa a
viver sem o
corpo físico,
inicialmente em
ambientes
sombrios,
sofrendo várias
condições
conflituosas,
envolvido por
sofrimentos
psíquicos e pela
falta de
conhecimento
sobre a
continuidade da
vida, mesmo após
a morte
biológica.
Longa estadia,
experiências
vividas e a luz
que surge com a
transformação se
assenhoreiam,
então, de sua
alma,
viabilizando sua
mudança para o
ambiente
extrafísico
sadio da
colônia-educandário
Nosso Lar.
Quantos de nós,
mesmo
encarnados, não
visitamos os
vales escuros de
nós mesmos?
Presos, como
pássaros
engaiolados em
nossa própria
ignorância,
procurando
encontrar e
construir um
Nosso Lar como
templo sagrado
do nosso coração
e da nossa
razão.
Nós nos
identificamos,
assim, com a
história narrada
nas páginas do
livro Nosso
Lar.
História que
também é nossa.
Desejos que
também são
nossos. Uma
vontade de voar
e de se (re)encontrar
com nossa
essência divina.
Diante dessa
inspiração, do
relato do nosso
irmão André
Luiz, que
possamos viajar,
de forma
reflexiva, na
história de vida
desse Espírito
amigo, em
diálogo com a
nossa própria
história de alma
milenar e na
condição de
ente, na
atualidade,
encarnado,
imerso na
dinâmica (e a
enfrentar os
desafios) da
vida terrena
contemporânea.
Grande parte da
humanidade
almeja um
cantinho, um
templo que possa
chamar de casa,
de lar. Um lugar
acolhedor,
personalizado,
no qual as
potencialidades
possam ser
desenvolvidas,
os amores e os
conflitos possam
ser vividos e as
diferenças
respeitadas.
Enfim, um
educandário da
alma.
André Luiz, ao
transpor as
cortinas da
sombra em que se
encontrava e
adentrar o
recinto de Nosso
Lar, inaugurou
nova etapa de
sua trilha
evolutiva,
reeducando-se.
A (re)educação
do ser
caminha de mãos
dadas com a
evolução,
passando pela
reciclagem
de nossos
padrões de
pensamentos,
emoções,
sentimentos e
formas de se
expressar, bem
como pela
reconstrução
do modo como
olhamos as
vicissitudes da
jornada
evolutiva e
reagimos a elas.
“É indispensável
criar
pensamentos
novos e
disciplinar os
lábios”,
alerta a André
Luiz o Espírito
Clarêncio (que o
trouxera a
Nosso Lar e
fora seu
principal
interlocutor nos
primeiros dias
naquela
colônia), o qual
observa:
Somente
conseguiremos
equilíbrio
abrindo o
coração ao
Sol da
Divindade.
Classificar o
esforço
necessário
de imposição
esmagadora,
enxergar
padecimentos
onde há luta
edificante,
sói identificar
indesejável
cegueira
d’alma.
Quanto mais
utilize o verbo
por dilatar
considerações
dolorosas, no
circuito da
personalidade,
mais duros
se tornarão os
laços que o
prendem a
lembranças
mesquinhas.
(grifo nosso.)
Partindo das
experiências do
passado, olhando
o presente e nos
projetando no
futuro, assim
caminhamos.
Quantos de nós,
também presos
nas sombras do
nosso passado,
nas experiências
torturantes do
não
conhecimento
do amor e dos
sentimentos que
nos
credenciam ao
crescimento,
deixamos de
voltar o olhar
para nós e de
buscar a
comunhão com a
nossa própria
verdade e a
coragem de
enxergar nossos
defeitos e
dificuldades e
nossas virtudes
já inscritas na
alma?
Imagine-se
atravessando
hoje os portões
da vida física.
Pense na bagagem
existencial que
levará, na
túnica moral que
vestirá, nos
valores e amores
que trará em seu
coração.
O trabalho de
esclarecimento e
de expansão da
consciência pode
começar agora,
como nos
aconselha André
Luiz, ao final
do Capítulo 1 de
Nosso Lar,
com estas
palavras:
Oh! amigos da
Terra! quantos
de vós podereis
evitar o caminho
da amargura com
o preparo dos
campos
interiores do
coração?
Acendei vossas
luzes antes de
atravessar a
grande sombra.
Buscai a
verdade, antes
que a verdade
vos surpreenda.
Suai agora
para não
chorardes depois.
(grifo nosso.)
O empenho e o
apelo do nosso
irmão André
Luiz, em seus
escritos e
testemunhos, é
para que
possamos atinar
com uma
existência
para além
dos muros do
corpo físico e
perceber que a
eternidade nos
convida a
prosseguir com a
nossa jornada,
em meio a sendas
espinhosas e
floridas, ante a
incessante
possibilidade e,
muitas vezes,
inadiável
necessidade de
recomeçar.
Sabemos que um
dos nossos
grandes desafios
é o de trilhar,
na condição de
Espírito imortal
e alma eterna,
os íngremes
percursos da
nossa mãe Terra,
com a vestimenta
rudimentar e
limitante do
nosso corpo
físico.
Aspecto marcante
da obra reside
na ocasião em
que Clarêncio
ressalta a André
Luiz que, a
despeito deste,
graças à
generosidade dos
pais, ter sido
poupado, em sua
última
reencarnação, de
custear seus
próprios
estudos, de não
ter enfrentado
as dificuldades
de um médico que
inicia carreira
sem recursos
financeiros e de
ter sido
agraciado com
rápida ascensão
profissional, as
“facilidades
conquistadas”
resultaram em
“morte prematura
do corpo
[físico]”,
ao se permitir
“numerosos
abusos”
(inclusive
descuidos que
redundaram em
“excessos de
alimentação e
bebidas
alcoólicas”,
bem como na
“perda de
energias
essenciais”
oriunda do
desenvolvimento
da sífilis),
afastado dos
“princípios da
fraternidade e
da temperança”,
mediante a
“ausência de
autodomínio”
e o descaso “no
trato com os
seus
semelhantes”,
a ponto da
“longa tarefa
que lhe foi
confiada pelos
Maiores da
Espiritualidade
Superior”
ter sido
“reduzida a
meras tentativas
de trabalho que
não se
consumou".
Uma vez
reencarnados e
relembrados do
modo de existir
neste plano da
vida,
reinseridos na
convivência
entre as pessoas
que aqui também
se encontram
estagiando por
intermédio do
corpo carnal,
somos induzidos
a incorporar
comportamentos e
condicionamentos,
ora saudáveis e
importantes, ora
adoecedores e
desnecessários,
presentes e
vigorosos na
sociedade
terrena.
Embora seja
imprescindível,
por razões de
sobrevivência e
atuação no
círculo humano,
adaptarmo-nos ao
contexto em que
ora vivemos,
estejamos
atentos para
evitar que nos
percamos nas
ilusões da
matéria e
nas fugas da
realidade,
tendo em mente,
como
advertência, as
desventuras de
André Luiz –
lembrança de
desditas nossas
do passado
remoto ou
recente –, a fim
de recordar a
nós mesmos que,
a par das
necessidades
físicas e de
sobrevivência, a
alma – nossa
essência e
princípio
inteligente –
reclama por
cuidados
especiais que,
de maneira
frequente, em
face da agitação
do cotidiano,
adiamos ou
esquecemos.