O vício dourado e o
vício
em farrapos
O ser humano – e, consequentemente, a
sociedade em que vive –
ainda se arrasta pelas
fieiras dos vícios, das
injustiças e das
corrupções. Lamenta as
desgraças que caem sobre
a sua cabeça, sem
perceber que elas são
apenas o reflexo da
própria conduta
imprevidente,
menosprezando, nas
inúmeras reencarnações,
as leis morais do
Cristo.
Não há felicidade quando
ainda predomina o
egoísmo e o orgulho. Sem
benevolência e
cooperação não é
possível a construção de
uma sociedade justa e
pacífica. Por orgulho, o
homem ainda se acha
superior a outro homem,
querendo suplantá-lo a
qualquer custo; por
egoísmo procura fazer da
riqueza o objetivo de
vida, menosprezando a
condição do próximo.
As portas da sociedade
se abrem para o rico
cheio de vícios e se
fecham para o indivíduo
carente de proteção e
amparo. A pessoa ainda é
medida pelo peso de seu
ouro e não pelas
virtudes que possui.
Na sociedade, quando o
indivíduo é possuidor do
vício dourado,
representado pelos
corruptos poderosos e
pelos afortunados de má
índole, o aplauso e a
aceitação são costumes
comuns, e seus nomes são
manchetes nos jornais.
Se apresenta o vício
em farrapos, aquele
que não tem poder nem
fortuna, é combatido e
execrado como pária
abominável. Por exemplo,
para o afortunado, beber
é um ato social e
elegante; para o
miserável se transforma
em 'encher a cara', ou
em ser alcoolista. O
vício é o mesmo, as
consequências também; é
o tratamento dispensado
que difere para um ou
para outro.
É possível encontrar
diferenças nos vícios
quando praticados por
pessoas de condições
sociais diferentes?
O vício é sempre vício,
independente de ser o
dourado ou em andrajos e
deve ser combatido pela
sociedade de forma
serena e equilibrada,
procurando sempre
aniquilar o mal e não o
malfeitor.
O esclarecimento das
consequências físicas,
morais e espirituais das
atitudes equivocadas é
uma forma justa de
reconduzir o indivíduo
vicioso ao caminho do
bem sem equívocos.
Quando o ser humano
despertar para a
realidade de que a sua
infelicidade é resultado
direto de suas viciações
e imperfeições,
utilizará de todas as
suas forças para
eliminá-lo de seu mundo
íntimo, contribuindo
também para a
erradicação do mal no
seio da sociedade.
Em 1862, Adolpho, bispo
de Argel, Espírito,
emite importante alerta:
“Pobre raça humana
cujo egoísmo corrompeu
todas as sendas, toma
novamente a coragem,
apesar de tudo. Em sua
misericórdia infinita,
Deus te envia poderoso
remédio para os teus
males, um inesperado
socorro à tua miséria.
Abre os olhos à luz:
aqui estão as almas dos
que já não vivem na
Terra e que te vêm
chamar ao cumprimento
dos deveres reais. Eles
te dirão, com a
autoridade da
experiência, quanto as
vaidades e as grandezas
de tua passageira
existência são
mesquinhas a par da
eternidade. Dir-te-ão
que, lá, o maior é
aquele que haja sido o
mais humilde entre os
pequenos deste mundo,
que aquele que mais amou
os seus irmãos será
também o mais amado no
céu; que os poderosos da
Terra, se abusaram de
sua autoridade,
ver-se-ão reduzidos a
obedecer aos seus
servos; que, finalmente,
a humildade e a
caridade, irmãs que
andam sempre de mãos
dadas, são os meios mais
eficazes de se obter
graças diante do
eterno”. - KARDEC,
Allan. O Evangelho
segundo o Espiritismo.
127. Rio de Janeiro:
FEB, 2007. cap. VII.
item 12.