CHRISTINA NUNES
meridius@superig.com.br
Rio de Janeiro,
RJ (Brasil)
Servindo com
Chico Xavier
Eis o meu lindo
"sonho"
de hoje.
Aconteceu naquele
estado
intermediário de
quase retorno ao
corpo físico, e,
embora sem
nutrir quaisquer
pretensões de
privilégios
pessoais, estou
convicta de que,
em se tratando
da
alma simplíssima e
amorosa do nosso
Chico, nada do
que vou narrar
seria anormal,
podendo
acontecer com
quaisquer
pessoas que por
esta ou aquela
razão se
sintonizem na
faixa
adequada na qual
o querido mestre
de Uberaba
vibra.
Via-me num lugar
com muitas
pessoas num ir e
vir
contínuo. Lembrava
um parque, onde
aconteciam vários
eventos
de natureza
desconhecida.
Andava por ali,
só que,
em atentando ao
que se dizia em
volta, comecei a
abrigar as
emoções da
revolta e da
irritação. Pois
passava rente a
uma mulher que,
acompanhando um
homem de idade
mediana –
escritor, pelo
que pude
depreender do
que ela dizia a
ele, –
comentava, com
declarada
ironia:
– Imagine... As
pessoas
acreditam
naquele "anjinho"
(em
tom pejorativo),
e que ele recebe
livros seus,
mesmo depois de
cem anos da sua
morte!...
Ouvi aquilo sem
entender muito
bem, mas
qualquer coisa
no ambiente me
fez sentir que
aquela mulher se
referia aos
livros
espíritas,
sendo o homem
que a
acompanhava um
escritor
desencarnado.
Tive vontade de
revidar com um
protesto
qualquer.
Afinal, mesmo em
estado de
"sonho",
recordava
meu próprio
trabalho
mediúnico,
convicta de que
nada do que a
mulher dizia
fazia sentido.
Mas os dois se
afastaram
rápido; não pude
ouvir a resposta
dele ao
comentário, e
continuei minha
caminhada
naquele lugar
peculiar metida
no estado de
espírito ingrato
que a atitude da
mulher
zombeteira me
evocara. O local
amplo lembrava
uma longa e
larga alameda
repleta de povo
em movimento, e,
mais à frente,
em meio ao ir e
vir intenso das
pessoas, um
homenzinho
franzino, de
estatura
mediana, de
repente me
arrancou
imperativamente
daquelas emoções
deprimentes para
me atrair a
atenção.
Só depois
compreenderia,
em
reconhecendo-o
plenamente, que
aquilo fora
intencional.
– Ei, venha cá!
Precisaria que
me ajudasse
aqui!...
Estranhamente
não o
reconheci para
além de leve
sensação de
familiaridade
- até porque ele
já me indicava a
que me chamava:
mostrava-me,
sobre uma
mesinha, um
livro de aspecto
antigo aberto,
com uma
dedicatória na
primeira página,
que, por alguma
contingência, se
via incompleta.
Apontando, ele
me dizia:
– Pode me ajudar
a concluir?...
Embora
estranhando,
deduzi que o
homem me rogava
aquilo por
talvez sofrer da
vista, ou algo
assim. Notava
que o espaço
onde espremia a
dedicatória era
insuficiente
para o que
pretendia dizer,
e ele me
apontava,
ditando o que eu
deveria
escrever. Como
parecia haver
urgência, tomei
da caneta,
influenciada
pela forte
simpatia que de
início
experimentava
para com o
inusitado
personagem.
Dispus-me logo
a tentar fazer
como me
orientava,
embora
comentando do
pouco espaço
disponível para
o que me ditava,
até que, de
repente, e
grandemente
surpreendida, me
dei conta de
quem se tratava:
–
Chico
Xavier?!!...
Nem dispus de
tempo para
expressar o
grande encanto
que se
assenhoreou do
meu estado de
espírito,
transmutando-o
completamente da
ingrata
indisposição
anterior!
Entendi de
pronto que o
"anjinho"
a que a
mulher se
referira mais
atrás com tanto
descaso outro
não era que não
o querido mestre
de Uberaba, mas
este já se
aproximava com
mais uns dois ou
três livros,
aproveitando
minha disposição
para auxiliar, e
rogando que o
ajudasse a
arrematar outras
dedicatórias -
todas,
estranhamente,
incompletas!
Ele sentava ao
meu lado e ia me
orientando como,
o que e onde
escrever.
A partir
daquilo,
totalmente
esquecida da
atmosfera de
hostilidade que
dominava em
alguns no
percurso da
alameda para com
o que acontecia
– agora reparava
ser um evento
confraterno
qualquer, onde a
literatura
espírita se
achava em
relevância –,
atentava para
o trabalho
intenso em
volta. Pessoas
iam e vinham com
cestas de
alimentos e
salgadinhos a
serem servidos
aos
participantes.
Uma moça de
repente me
passava uma
daquelas cestas
pedindo que
levasse a uma
mesa grande. E
eu, agora entre
encantada e
entusiasmada do
que via, pensava
que deveria
ajudar no que
pudesse, não
apenas
completando as
dedicatórias.
Emocionadíssima
– estado de
espírito que me
dominava ainda
ao acordar –
lembro-me de que
comentava para
uma senhora por
perto que nunca
imaginaria a
distinção de ser
convidada pelo
Chico Xavier
para auxiliá-lo
no que quer que
fosse.
Queria fazer o
melhor. Mas
notava: quem
trabalhava não
parava para ler
nenhum dos
muitos livros
disponíveis, o
que, ao que
percebia, só
quem fazia eram
os visitantes.
Lembro que
sentia fome; mas
logo vinha o
Chico com mais
dedicatórias a
serem
completadas –
parecia haver
uma ênfase a que
eu fizesse isso,
embora me
empenhasse
também a ajudar
com as cestas de
alimentos.
Se me
interrompia,
com a atenção
desviada para
algum livro ou
curiosidade do
evento, logo me
sentia compelida
a continuar o
serviço –
afinal, grande
era o entusiasmo
em todos. E
havia uma
maquininha –
notei a certa
altura – na qual
quem
trabalhava consultava
para verificar
como se dava o
seu desempenho,
se de modo
satisfatório ou
não. O meu não
estava bom. E
procurava
ignorar a fome
para me dedicar
mais –
desprezando a
certa altura um
salgadinho
grande, de
aspecto
desagradável,
que um homem de
modos pouco
cativantes me
oferecia, com um
exótico recheio
de serpente
frita.
E novamente
sentava-se o
Chico ao meu
lado com mais
livros, me
orientando sobre
como eu deveria
completar as
dedicatórias.
Simples, toda
vida! Amoroso!
Confraterno!
Sinto até agora
os efeitos
daquela
reconfortante
aura de Luz!
Chico me
arrancara das
emoções ingratas
do revide contra
a incompreensão
para me convocar
a servir. Fácil
o entendimento:
isto diz
respeito também
ao meu próprio
serviço na
literatura
espírita!
Ignorar
eventuais
incompreensões e
o alimento
da vaidade,
para apenas
persistir no
serviço de
benefício ao
próximo! Grata!