Além-túmulo
Emílio Kemp Larbeck
A alma foge à cadeia...
O corpo é cela,
Cova e grilhão de que me
desenfurno.
Mas reconheço, humilde e
taciturno:
Inda estou preso ao chão
que me afivela...
O firmamento exibe a
imensa umbela...
Descanso o olhar nos
raios de Saturno...
Milhões de sóis
brilhando, ao céu
noturno,
São glórias de que a
vida se constela...
O espaço, nos recôncavos
profundos,
Eleva, aformoseia,
ascende e prova
A luz de que Deus guarda
os dons supremos.
Mas, oh mistério! Em
meio a tantos mundos,
Dá-nos a morte apenas
veste nova
Para ingressar nos
mundos que trazemos!
Emílio Kemp Larbeck
nasceu em Niterói-RJ em
1873 e faleceu em Porto
Alegre-RS em 9 de
outubro de 1955. Depois
de realizar seus estudos
primários e secundários
em Niterói, diplomou-se
pela Faculdade de
Medicina do Paraná.
Jornalista, poeta,
romancista e
comediógrafo, exerceu
importantes cargos
técnicos e
administrativos em Porto
Alegre. Assumiu a
direção, em 1913, do
tradicional Correio
do Povo, dessa mesma
cidade. No Rio de
Janeiro, foi redator de
alguns jornais e
colaborou nas revistas
simbolistas. Membro da
extinta Academia de
Letras do Rio Grande do
Sul e da Academia
Fluminense de Letras. O
soneto acima integra o
livro Antologia dos
Imortais, obra
psicografada pelos
médiuns Francisco
Cândido Xavier e Waldo
Vieira.
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