LEANDRO COSME
OLIVEIRA COUTO
leandro.cosme@gmail.com
Belo Horizonte,
Minas Gerais
(Brasil)
Nova Era
“A ciência de
Deus é a
Caridade.”
- Malba Tahan,
no livro
“O
homem que
calculava”.
A condição de
nosso planeta
vai melhorar e
isto já está em
processo. Alguns
estudiosos,
dentre vários
campos do
conhecimento
humano,
reuniram-se para
esboçar o que
achavam serem
princípios de
atitudes mais
espiritualizadas
e os compilaram
num documento
chamado
Combinados.
Antes, animada
confraternização
ocorria.
O biólogo e a paleontóloga,
atentos,
escutavam a
afirmativa
ponderada do
historiador:
― A Vida evolui
sobre o tempo,
como galhos
frutíferos na
árvore dos
séculos.
A socióloga
falava ao
pedagogo e à
psicóloga:
― Somos crianças
espirituais!
Esta é a melhor
categoria de
análise que
encontro para as
sociedades de
nosso globo.
Imediatamente
próximos, o
astrônomo e o
geólogo, que
mantinham
tranquila
conversação
sobre o tempo
ser a dimensão
espacial da
eternidade,
exprimiram com
suave sorriso o
deleite que
sentiram com a
resposta do
pedagogo:
― Realmente,
nosso planeta
Terra é um
Mundo-Escola e
seu endereço é o
Sistema Solar.
O economista
expunha seu
raciocínio ao
interessado
estatístico:
―
O capitalismo
egoísta
conquista espaço
através do
consumismo
quando muitas
pessoas
negligenciam o
próprio cuidado
mental e
emocional.
Vigiemos estes
universos que
trazemos em nós,
que compõem o
nosso verdadeiro
capital!
O jornalista dizia ao matemático:
― Felicidade
compartilhada
socialmente é
felicidade
multiplicada.
A afirmativa
estimulou no
“homem que
calculava” um
acréscimo
amigável:
― E isto é
exato!
A engenheira elétrica apresentava sua opinião ao inventor e ao
arquiteto:
― É a ocasião de
inventarmos uma
lâmpada que
funcione para
sempre dentro de
nós mesmos.
E o agrônomo
compartilhava
com o
administrador o
princípio que o
orientava:
― Colhemos o que
semeamos, como
causa e efeito.
Semeiam-se bons
afetos,
colhem-se bons
afetos.
Ao que o
administrador
buscava
desenvolver:
― Então, nesta
linha de
pensamento, ao
agir com
educação
sugerimos para
nós educação.
Correto?
Não muito distante, o físico permutava opinião com o psicanalista
amigo:
― Embora em
nosso plano
físico não seja
imediatamente
nítido e
palpável, nós
permanecemos
articulados às
nossas próprias
criações
mentais, de modo
que o pensamento
se faz matéria.
O diálogo entre
o teólogo e o
músico seguia
animado. Dizia o
primeiro:
― Muitos são os
caminhos que
levam a Deus.
Ao que o segundo
expôs sua
opinião:
― Muitos são os
caminhos e
várias são as
referências. No
entanto, Jesus
se destaca como
o melhor
diapasão que a
humanidade
recebeu.
― Inolvidável
referência
intelectual e
moral,
realmente.
O Cristo revela
a vida como um
conjunto de
nobres
preocupações da
alma, a fim de
que marchemos
para Deus pelo
raciocínio e
pelo coração em
caminhos retos.
Do diálogo entre a médica e o enfermeiro surgiu o seguinte
comentário, não
sendo possível
precisar a
autoria:
― Jesus é o
médico. No
máximo, somos
enfermos
cuidando de
outros enfermos.
A professora
formada em
Letras dizia
enfática ao
companheiro
biblioteconomista,
extraindo-lhe
sincero sorriso:
―
Deus escreve
certo por linhas
certas e sua
caligrafia é a
mais linda que
eu já li! Ele
pinga todos os
“i”s da escr“i”ta
da v“i”da.
E em prosa vibrante, o jovem ator cênico se dirigia a uma poetiza
esboçando certo
drama:
― Em certas
ocasiões de
nossa
existência, a
vida se afigura
a arte de fazer
das tripas o
coração.
Ao que ela
respondeu:
― Em certas
ocasiões sim, em
outras não.
E depois de
breve pausa como
se trabalhasse
bem as palavras
que ia proferir,
disse: ― Mas
sempre o Amor
fará da vida a
arte do
encontro, mesmo
que sejamos
cheios de
desencontros.
Um escritor, amigo da poetiza, completou-a com simplicidade,
esclarecendo ao
jovem ator:
―
A vida é o
contexto do
encontro de cada
autor com sua
obra. E do
Criador com a
criação: há
Alguém nos
esperando...
O filósofo, que observava a pouca distância esta conversação e, em
geral, não
gostava de ser
superficial no
conhecimento dos
fatos e das
coisas, escutava
os colegas com
dignidade e alma
de menino.
Concluiu haver
um Encontro
Marcado e
ponderou
parecer-lhe que
o livre-arbítrio
consistia
essencialmente
em quando e como
aceitar Deus.
Seu campo de visão alcançava também o jurista em diálogo empolgado
com o cientista
contábil:
― Nossa
consciência é o
verdadeiro
tribunal divino,
por isso a
justiça
indefectível nos
acompanha em
toda parte ―
afiançou o
jurista.
― Tudo vê, tudo
ouve e tudo sabe
― validou o
contabilista.
Por fim, o personagem “amigo da sabedoria” meditou, ao sobrevoar
com o olhar o
conclave
científico no
recinto, uma
opinião própria
que já trazia
consigo de mais
tempo. Eram
muito evidentes
os indícios da
existência de
uma inteligência
que se manifesta
no cosmos, na
realidade e na
vida.
A cooperação, a
bondade, a
precisão, a
ordem e a
organização que
se explicitam em
todas as coisas
são tão grandes
que chegam a
constituir
evidências
ontológicas da
existência de
algo suprafísico.
E disse a si
mesmo com tom
sereno na voz:
― No universo
inteiro, tudo
fala de Deus.
Leandro Cosme Oliveira Couto, membro da Mocidade
Espírita da
Associação
Espírita Célia
Xavier, de Belo
Horizonte (MG),
é Correspondente
desta revista na
capital mineira.