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Clássicos do Espiritismo
Ano 4 - N° 186 - 28 de Novembro de 2010
ANGÉLICA REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 


Socialismo e Espiritismo

Léon Denis

(Parte 3)

Continuamos a apresentar o estudo do clássico Socialismo e Espiritismo, de Léon Denis, com base na tradução de Wallace Leal V. Rodrigues, publicada pela Casa Editora O Clarim.

Questões preliminares

A. As lições trazidas pela Grande Guerra trouxeram os frutos que se esperavam?

Em janeiro de 1924, após o encerramento da Grande Guerra, diz Léon Denis que os Espíritos lhe disseram que as lições da Guerra não trouxeram os frutos que se poderiam esperar. Passado o perigo, a matéria caiu mais pesadamente sobre o Espírito e superexcitou os apetites e a avidez. Como deter esse transbordamento de paixões que arrastava a todos para o abismo? Suprimindo o meio que as desencadeia: o dinheiro. Daí a crise financeira que acometia o mundo naqueles anos longínquos. Todos seriam atingidos do ponto de vista social ou financeiro, porque, de acordo com uma lei imanente e superior, todo capital adquirido sem escrúpulo, sem trabalho, será volatilizado. Ruínas sem número e a queda de muitos e grandes estabelecimentos seriam inevitáveis. (Socialismo e Espiritismo, pág. 58.) 

B. Que é preciso à sociedade terrestre para progredir?

Ela deve renunciar ao materialismo e apoiar-se sobre esta noção mais alta das existências sucessivas do ser e de uma vida universal regida por leis de equidade e de harmonia. Nessas leis encontrar-se-á o remédio que supre os nossos males e a solução dos graves problemas da hora presente e do futuro. É preciso ver na matéria o que ela realmente é: um meio de ascensão e não uma finalidade. Aprendamos a conhecer e a nos comunicar com este universo invisível no qual se desenrolam nossos destinos sem limites. Aprendamos a pôr nossas vibrações e nossos pensamentos em harmonia com o mundo dos Espíritos, no qual seremos chamados a viver nossa verdadeira vida. (Obra citada, pp. 60 e 61.)

C. Que frutos nos proporcionou a moral dita positiva?

Os conflitos bélicos e a mentalidade das gerações moldadas conforme a moral da escola laica, eis os frutos que disso saíram. A moral é uma das expressões da lei eterna, divina, de evolução e progresso, lei da qual ela é inseparável, pois nela encontra seu apoio e sua sanção. É por isso que a moral dita positiva, separada da noção da imortalidade e da ideia de Deus, é sempre fria, não impressiona nenhum Espírito, nenhum coração, e permanece estéril. (Obra citada, pág. 64.)

Texto para leitura  

25. A sanção torna-se desse modo precisa. Cada um de nossos atos recai sobre nós e seu conjunto constitui a trama de nosso destino. A justiça e a solidariedade encontram aí sua plena e inteira aplicação. Os ensinamentos dos Espíritos exercem sobre aqueles que os recebem uma impressão profunda, pois que emanam, as mais das vezes, de seres que conhecemos e amamos na Terra, os quais descrevem suas sensações na vida espiritual, suas situações boas ou más, segundo os seus méritos e o seu grau evolutivo. (Pág. 53)   

26. Esses ensinamentos proporcionam a todos nós uma compreensão mais nítida das grandes leis de justiça e de harmonia que regem o Universo e, por isso, oferecem maior coragem na prova, maior resolução no cumprimento do dever. Cria-se então uma atmosfera de fraternal confiança que torna mais fácil a solução de numerosos problemas sociais que o egoísmo, a ignorância e o ódio haviam até aqui tornado insolúveis. (Pág. 54) 

27. Em realidade poder-se-ia dizer que o Espiritismo é um Socialismo etéreo baseado sobre as regras absolutas da justiça e sobre as leis da consciência e da razão. Seus princípios são imutáveis e mostram à Humanidade o caminho do dever pelo qual ela se proporcionará a verdadeira luz e a plenitude de suas liberdades e de seus direitos. Os espíritas sabem que a obra divina representa o trabalho da justiça, a sabedoria e a beleza. Tudo age, progride e sobe, desde o átomo até Deus. As leis da evolução são soberanas, mas na Terra essa evolução não pode ser senão lenta e gradual. (Pág. 56)   

28. É essa lei sublime que estabelece conexão com a noção do direito e do dever, a de todo o indivíduo participar na ordem social na razão do seu grau evolutivo. Uns trabalham na ordem imediata para assegurar os direitos de uma vida transitória, outros para uma finalidade mais vasta na ordem futura, para preparar a evolução coletiva. Se todos os homens estivessem penetrados do esplendor dessas leis, compreenderiam a finalidade que perseguem através dos tempos e se associariam de todo o seu coração, de toda a sua alma, à obra universal da beleza e da harmonia, pois saberiam que, trabalhando para o todo, trabalhariam para si mesmos. Não se veriam então tantos ódios, resistências, revoltas e outros males. (Pág. 57)   

29. Em janeiro de 1924, após o encerramento da Grande Guerra, diz Léon Denis que os Espíritos lhe disseram que as lições da Guerra não trouxeram os frutos que se poderiam esperar. Passado o perigo, a matéria caiu mais pesadamente sobre o Espírito e superexcitou os apetites e a avidez. Como deter esse transbordamento de paixões que arrastava a todos para o abismo? Suprimindo o meio que as desencadeia: o dinheiro. Daí a crise financeira que acometia o mundo naqueles anos longínquos. Todos seriam atingidos do ponto de vista social ou financeiro, porque, de acordo com uma lei imanente e superior, todo capital adquirido sem escrúpulo, sem trabalho, será volatilizado. Ruínas sem número e a queda de muitos e grandes estabelecimentos seriam inevitáveis. (N.R.: A predição feita pelos Espíritos cumpriu-se em todos os seus pontos. A inflação corroeu a economia alemã e europeia. A crise de 29 levou os Estados Unidos à bancarrota. Como a sociedade insistiu em sua dureza de propósitos, a 2a Guerra Mundial acabou chegando mais cedo do que se pensava.) (Pág. 58)   

30. Do ponto de vista espiritual, é preciso regenerar a massa através do trabalho e de uma orientação nova, pois é pelo trabalho que se podem criar os objetos necessários às mudanças que são as fontes vitais da existência. Há ainda o medo, que é o início da sabedoria. Importava, pois, que cada um se voltasse para si mesmo. Uma nação sem ideal, sem um fim elevado, é logo reduzida a pó. Da mesma forma que, para contemplar um quadro, é preciso um certo recuo da parte do observador, para julgar a civilização é preciso considerá-la do alto. Sob suas faces brilhantes via-se então aparecer o longo cortejo de seus erros, de seus defeitos, de suas misérias morais, e sua maior falta foi ter dado um espaço muito grande às coisas da matéria, passageira e perecível, em detrimento do espírito, cuja vida é imortal e infinita. Resulta daí uma contradição com a lei suprema de evolução e, desta contradição, decorre um estado social, uma situação perturbada, falseada, por vezes dolorosa. (Págs. 59 e 60)   

31. Rendamos ao espírito sua supremacia e vejamos na matéria o que ela realmente é: um meio de ascensão e não uma finalidade. Aprendamos a conhecer e a nos comunicar com este universo invisível no qual se desenrolam nossos destinos sem limites. Aprendamos a pôr nossas vibrações e nossos pensamentos em harmonia com o mundo dos Espíritos, no qual seremos chamados a viver nossa verdadeira vida. (Pág. 60)   

32.  A sociedade terrestre, para prosseguir esta evolução, deve renunciar ao materialismo, que é insuficiente, e apoiar-se, doravante, sobre esta noção mais alta das existências sucessivas do ser e de uma vida universal regida por leis de equidade e de harmonia. Nessas leis encontrar-se-á o remédio que supre os nossos males e a solução dos graves problemas da hora presente e do futuro. (Pág. 61)   

33. A sabedoria antiga já recomendava: “Conhece-te a ti mesmo!” Mas o que o homem conhece de menos é ele mesmo, e dessa ignorância decorre a maior parte de seus erros, de suas faltas, de seus males. É que o homem moderno não se interessa senão por seu envoltório material, ou seja, o que há de menos essencial em nós. (Pág. 62)   

34. O homem ouve raramente as vozes que falam nele, distraído que está, na maioria das vezes, pelas preocupações exteriores. Ora, abafadas as vozes da consciência, afogadas as fontes de inspiração sob a onda montante dos interesses e das paixões materiais, o ensinamento dos Espíritos vem restabelecer a lei moral e chamar a todos às regras da vida aqui embaixo e no Além. (Pág. 63)   

35. Por esse ensinamento a justiça surge-nos como uma norma do Universo, não como a justiça humana, defeituosa sempre, mas a justiça divina, infalível, temperada pela misericórdia. Nada de penas eternas, mas a possibilidade para todos os culpados da reparação, da reabilitação pela expiação, pela dor. (Pág. 63) 

36. O Espiritismo, bem compreendido, bem praticado, torna-se assim para os corações sofredores, para as almas desoladas, uma fonte imensa de força moral e de consolações. A moral é uma das expressões da lei eterna, divina, de evolução e progresso, lei da qual ela é inseparável, pois nela encontra seu apoio e sua sanção. É por isso que a moral dita positiva, separada da noção da imortalidade e da ideia de Deus, é sempre fria. Não impressiona nenhum coração, nenhum Espírito e permanece estéril. É a semente atirada sobre a rocha. Foi a moral da escola laica durante trinta anos e dela podemos constatar os frutos ásperos na mentalidade das gerações que dela saíram. (Pág. 64)  (Continua no próximo número.)



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita